Pov Dahyun
Acordo depois de muito me virar na cama pelo barulho alto do celular indicando uma ligação, a 5ª ligação. Atendi irritada e não segurei o palavrão:
— Porra! Quem é? Eu 'tava dormindo, sabia?
— Dahyun, meu Deus! Você esqueceu, puta que pariu!
Era Chaeyoung. Seu tom de voz não estava nada amigável. Havia esquecido da festa surpresa de sua namorada, que por acaso eu tinha que pegar o bolo com ela e levar até sua casa.
— Desculpa, Chae, meu Deus. Eu 'tô indo agora mesmo. – Garanto, deixando claro meu tom de euforia. – Em 20 minutos chego, prometo.
Desligo a ligação e, como se algo me empurrasse com força para fora da cama, me levanto. Visto a primeira roupa que vejo pela frente: blusa de moletom larga, calça jeans, touca e um tênis qualquer e finalmente saio.
[...]
Dito e feito, 19 minutos se passaram e eu estava tocando a campainha da casa da minha melhor amiga para cumprir com o prometido.
— Finalmente! – Ela me olhou ansiosa e eu sorri me gabando pela "pontualidade". – Nunca mais me dê um susto desses. – Entramos em seu carro, que ela pediu para que eu dirigisse, e saímos em direção a confeitaria.
— Como conseguiu fazer com que atrasassem a Mina? Você comentou que ela é insuportável com pontualidade – Recebi um empurrão leve no braço como represália. – Ai! Disse da forma mais doce que pude.
— Pedi para que dissessem que a roupa dela estava feia. – Neguei com a cabeça e ri. – Eu sei, nunca funcionaria. Nayeon fingiu derramar um suco no vestido dela por acidente. – Me mostrou a foto do vestido ensopado, na verdade ela toda estava ensopada. – Depois ela me enviou essa foto com a legenda "missão cumprida, vê se vai rápido aí, vadia". – Gargalhamos e não demorou para que chegássemos na confeitaria. — Paga logo! – Gritou e eu mostrei o dedo do meio como resposta. – 'Tô nervosa, desculpa.
— Calma, Chae. Ela vai gostar, ela gosta de tudo que você faz. – Paguei e nos dirigimos ao carro outra vez. – Ah, e desculpa mesmo ter dormido, talvez você estivesse mais calma sem o meu atraso.
— Relaxa, tudo bem. Eu só estou nervosa porque... Você sabe, é primeiro aniversário dela que vou passar namorando com ela, é uma grande coisa!
— Eu sei, eu sei. – Ri nasal ao ver minha melhor amiga com os olhos brilhando em nervosismo pela garota que ama. – Mas agora se acalma, precisa parecer normal quando vê-la se não quiser estragar a surpresa. – Ela assentiu com a cabeça e ficamos em silêncio. Após alguns instantes, chegamos em sua casa, o que a fez apressadamente abrir a porta e sair num pulo. – Calma, Son Chaeyoung, porra! Eu nem tinha estacionado direito.
Virou me ignorando e abriu a porta deixando espaço para que eu entrasse. A casa era maior do que me lembrava, cheia de minimalismo e a paleta de cores não saía do branco e dourado com um pouco de marrom claro. Eu estava olhando para o teto e o enorme lustre quando fui interrompida pelo barulho da campainha.
— Eu abro, relaxa. – Gritei para que ela me ouvisse da cozinha, me dirigi até a porta e abri. – CARALHO! – Gritei de emoção e logo senti um impacto grande contra meu corpo. Era um abraço. Um abraço que há tempos não recebia, cheio de amor e saudade. Segurei as lágrimas e retribuí. – Que saudade, Jeongyeon, meu Deus!
— Eu também senti, Dubu. Muita. – Nos soltamos. – Você chegou hoje, né? Por quê não avisou? Eu iria te buscar, a gente já vai morar juntas mesmo, não ia ser problema.
— Cheguei hoje, sim. Estava no dormitório da faculdade agora há pouco. Passei o dia organizando as coisas por lá. Não avisei ninguém, só a Chaeyoung mesmo.
— Já sei quem é sua favorita. – Disse colocando a mão no peito em tom dramático, mas brincalhão. – Não acredito que foi no dormitório antes de mim. Isso é traição! Combinamos de ir todas juntas, menos a riquinha que vai ficar morando em casa mesmo. – Apontou para Chaeyoung que tinha acabado de entrar na sala. – Olha só quem apareceu.
Conversamos mais um pouco até que mais gente foi chegando. Passaram uns 15 minutos para que todos estivessem presentes. Chaeyoung então ligou para Nayeon avisando que estava saindo para pegar Mina na sua casa.
— Se organizem que em 5 minutos eu chego. – Dissemos um "sim" em coro e ela foi até a porta. – Ah, obrigada por virem.
A casa da namorada da coreana mais nova não era tão longe até onde eu sabia. Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, então não tinha certeza.
Estávamos todos ansiosos depois de eu avisar que elas estavam a caminho. Luzes apagadas, todos escondidos esperando, os minutos foram passando e escutamos o barulho da chave na fechadura. Estava na hora. Me ajeitei perto do interruptor esperando minha deixa para acender a luz. A porta abriu. Era agora.
— SURPRESA!
Gritamos em sincronia e o rosto da menina ao lado de minha amiga parecia que ia explodir de tão vermelho. Ela era um pouco mais alta que a Son, pele clara e cabelos bem escuros. Mais linda que nas fotos. Segurava forte a mão da menor pelo susto e pela timidez, acredito. Uns segundos depois e o "parabéns" começou. Busquei o bolo com as velas já devidamente acesas e ela, ao fim da música, as apagou.
A festa seguia normal. Um clima leve, nada agitado, afinal era uma comemoração rápida e numa quinta-feira. Troquei poucas palavras com Mina, compreensível, pois ela teve que dar atenção a muita gente hoje.
[...]
— Está mais calma? – Me aproximei de Chaeyoung e lhe entreguei um copo de refrigerante. – Deu tudo certo e ela amou, viu?
— Estou sim. Obrigada, Dubu. Mudando de assunto... Acho que ela gostou de você. – Disse se referindo a Mina. – Fico feliz por isso.
— Também gostei dela.
Jeongyeon se aproximou afoita quase derramando refri nas nossas roupas. – Dahyun. Você. Eu. Reunião. Ir. Agora. – A olhei sem entender nada, terminando de beber rapidamente. – Vamos!
— Espera, o que rolou? – Chaeyoung estava confusa tanto quanto eu. – Querem ajuda com algo?
— Também quero saber, Jeong.
— Reunião do buffet. Parece que apareceu uma grande festa e querem que a gente cubra. Estão chamando para acertar os detalhes.
— Certo. – Me despedi com rapidez das anfitriãs e me retirei junto de minha amiga apressada. – Onde vamos?
— É no próprio buffet. Como é um festão vão contratar um grande número de garçons, então não caberia todo mundo no escritório para receber as coordenadas. – Balancei a cabeça mostrando que entendi. – Você vai participar, certo?
— Sim, não posso recusar dinheiro nenhum. O emprego de garçonete que você me arrumou é ótimo, ainda não te agradeci o suficiente por isso.
— Não precisa agradecer. Só se concentra no trabalho e na faculdade, ok?
Não respondi.
Eu sabia o que ela queria dizer com aquilo, mas preferi não aprofundar o assunto. Não conseguiria deixar minha raiva por aquela família de lado. Graças a eles eu tenho que estudar fora e trabalhar para sustentar meus pais.
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Velha Roupa Colorida | SaiDa
Hayran KurguDizem que amor e ódio andam de mãos dadas; Dahyun, uma menina com sonhos e muita sede de justiça cruza o caminho de Sana, filha do homem que ela mais odeia. Será possível deixar de lado o rancor e a raiva afim de não estragar o único fio de esperanç...