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Pov Dahyun




— Opa. – Falei me sentando no mesmo banco que Sana. – O que houve?

— Briguei com meu pai. – Me olhou. – E com você?

— Dá pra ver que aconteceu alguma coisa?

— É...

Minha cara realmente estava inchada pelo tanto que chorei pouco tempo atrás.

— Quem começa?

— O que?

— A falar o que rolou. – Me olhou. – Vai que ajuda.

— Pode começar, então.

Estávamos sentadas no banco da praça, o mesmo de outro dia, me sentei de frente para Sana e ela de frente pra mim.

Sana começou a contar o que aconteceu antes dela me ligar e eu só conseguia pensar que ela realmente não era nada do que eu imaginava. Apesar do nosso começo não ter sido dos mais legais, com o passar dos dias foi ficando interessante e eu percebi que sua vida não é perfeita e nem fácil.

Ela me contou sobre seus problemas, dores, dificuldades, medos. Foi realmente um desabafo, quase uma terapia.

Vez ou outra a mesma fazia alguma piadinha, talvez pra amenizar o clima, e eu acompanhava rindo. Quase não falei nada com o decorrer da história, jamais iria dar minha opinião sobre o pai dela, mesmo se eu fosse perguntada. Ainda é cedo pra chamá-lo de pau no cu do caralho, certo?

A praça era calma e vazia como costuma ser, e pelo horário quase não vi ninguém passando por ali. O clima estava frio novamente, mas nada que precisasse de casaco. Era bem confortável.

Conforme Sana falava sobre o acontecido, e quanto mais o tempo passava eu pensava que logo teria de contar o que rolou comigo também. Não é que eu não queira falar, só é difícil deixar as palavras saírem da minha boca.

— Sua vez. – Ela disse depois de um suspiro.

— Verdade, minha vez... – Respirei fundo. – Antes preciso dizer, por favor, não comenta sobre isso com ninguém, ok? – Minha expressão era de preocupação. – Não que seja segredo, mas é muito pessoal.

— Não vou contar.

"Os dias estão mais iguais que nunca. Nem consigo me lembrar a última vez que saí pra me divertir. Hoje faz um mês que meu pai perdeu o emprego e 3 semanas que voltamos pra Seongnam.

Está ensolarado lá fora, mas não consigo sentir nos olhos o clarão do Sol nem o calor na pele, afinal estou no quarto com meu pai e não posso sair daqui. Hoje faz 3 dias que ele passou mal.

Minha mãe saiu pra resolver algumas coisas, não sei quais, eles não me contam muita coisa ultimamente. Ela apenas me pediu para que eu não desgrudasse do meu pai em hipótese alguma.

— Dahyun, aumenta o volume, por favor. – Meu pai pediu com dificuldade na fala, mas ainda sorria, pois assistia um desenho animado. Ele ama desenhos animados.

— Precisa de mais alguma coisa? – Perguntei depois de fazer o que me pediu.

— Assiste comigo.

Puxei a cadeira pra perto da cama que ele estava e tentei assistir junto dele. Tentei. Minha mente não parava, me pergunto se a dele está tranquila, afinal é o que parece. Meu pai é o mais afetado com o que aconteceu, mas ao contrário de nós ele é o mais conformado e até parece sossegado com tudo. Sem raiva, angústia, medo.

Velha Roupa Colorida | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora