19. Cianeto

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Assim que Schmidt saiu, Hans se aproximou da janela, sentindo o peso da culpa sobre seus ombros. Ao invés de se deixar abater, ele voltou-se para sua tarefa com determinação, mergulhando nos documentos como se enfrentasse um desafio emocionante.

Horas pareciam voar enquanto ele se dedicava àquela tarefa. O som do ponteiro do relógio ecoava no ambiente, sinalizando o rápido passar do tempo. Tic-Tac! Hans decidiu transformar esse som em sua trilha sonora pessoal, como se estivesse numa corrida contra o tempo.

A cada tic-tac, sentia a adrenalina pulsar em suas veias, impulsionando-o. Determinado a não deixar que o ocorrido interferisse em suas responsabilidades, Hans continuou, mesmo com uma imensa dor de cabeça.

Finalmente, pegou o último documento e começou a folheá-lo cuidadosamente, descrevendo os detalhes solicitados na última página: nome do suspeito de traição, idade e a cidade onde operava. Colocou o documento sobre a pilha, levantou-se e esticou o corpo. Seu estômago roncou alto, enquanto a dor de cabeça persistia.

Antes de sair da sala, pegou seu casaco e apagou as luzes. Com passos rápidos, atravessou o corredor, retirou um maço de cigarros do bolso e acendeu um. Após saborear o momento, guardou o isqueiro. Então, aproximou-se de Norman Weil, o soldado encarregado das entregas de correspondências na base. Norman permaneceu em posição de respeito diante de seu superior.

— Norman, os relatórios estão sobre minha mesa. Preciso que os leve hoje para Hamburgo, entregando-os a SS-Oberst-Gruppenführer Mark. Antes, o Korvettenkapitän Schmidt fará algumas análises. Após seu aval, leve os documentos ao supervisor em Berlim.

Norman respondeu prontamente:

— Sim, senhor.

Hans virou-se e dirigiu-se ao seu carro, observando os flocos de neve dançarem no ar frio daquela noite gelada, indicando temperaturas baixas iminentes. Seus passos ecoavam pelas ruas vazias, enquanto uma enxurrada de pensamentos invadia sua mente. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos e seguiu por uma rua íngreme.

Chegando em casa, Hans estacionou o veículo e, ansioso, abriu a porta com cautela, verificando se a rua estava deserta. Com um sorriso, avançou em direção à entrada principal, usando a chave correta para destravar a porta e entrar.

Um empurrão suave o levou ao ambiente familiar, onde se sentia em casa novamente. Hans dispôs seu casaco com carinho no cabideiro, como se abraçasse um velho amigo, e fez o mesmo com seu quepe, seguindo uma rotina organizada.

Um aroma irresistível invadia o hall de entrada, despertando seu apetite. Hans sentou-se à mesa elegantemente posta, prontamente pronto para satisfazer sua fome voraz.

Minutos depois, Hans dirigiu-se apressadamente ao seu escritório, passando a maior parte da noite imerso em suas preocupações. O sono havia desaparecido, segurando firmemente um copo de uísque pela metade.

A situação angustiante o pressionava, levando-o a dar o último gole no uísque antes de se dirigir à porta. Ao entrar em seu quarto, deparou-se com Jane encostada na janela. Tentou mover-se sorrateiramente, mas seus pés acabaram fazendo um barulho estrondoso, resultado do excesso de uísque. Jane virou-se, encarando-o furiosamente, fazendo o rosto de Hans ruborizar. Ele dirigiu-se calmamente à cama e sentou-se na beirada.

— Por que não me disse que ainda sentia algo por aquela mulher? — questionou Jane, indignada.

— Não é o momento para discutir — resmungou Hans, começando a despir-se.

— Está escondendo algo? Talvez devesse passar a noite com aquela mulher, em vez de evitar a conversa.

Hans interrompeu o ato de desabotoar sua camisa e virou o rosto, curioso com as palavras de Jane.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora