40. Escuridão da Floresta

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O estalo sinistro dos galhos ecoou pelo ar, como se a própria floresta gemesse em agonia. As aves, perturbadas, alçaram voo em disparada, espalhando-se em todas as direções.

Hans segurou firme uma pequena tora já apodrecida, suas mãos calejadas envolvendo-a com determinação. Apesar da dor pulsante, que latejava em seu ombro como uma batida incessante, ele não permitiria que isso o detivesse.

Com a mente focada apenas em uma coisa "escapar dali", Hans sabia que precisava encontrar abrigo o mais rápido possível, antes que a escuridão da noite se tornasse sua maior inimiga. Enquanto se esforçava para continuar, seus pés começaram a reclamar, sentindo cada pedra afiada escondida sob as folhas úmidas. Mas nada disso o deteria.

Sua respiração ficava mais intensa a cada passo dado, até que ele se acomodou em um tronco caído de uma árvore. Suas mãos estavam imundas de lama, e seu uniforme, em farrapos.

Olhando para os céus envoltos por uma densa camada cinza que bloqueava o brilho do sol, Hans sentiu as pequenas gotículas de chuva caírem incessantemente. Ele havia prometido a si mesmo escapar daquele lugar maldito. Fechou os olhos, desejando ardentemente sair vivo daquele inferno para reencontrar sua amada, mas a dor em seu ombro perturbava sua paz.

Sozinho, rodeado pelos inimigos, ele praguejava, lutando para manter sua sanidade intacta.

Empunhando sua Karabiner firmemente contra o peito, ele não hesitaria em disparar contra qualquer coisa que se movesse por trás daquelas árvores. No entanto, ele se recusava a definhar ali. Subitamente, ouviu o grasnar de um corvo; ao abrir os olhos, o som de galhos quebrando ecoou em seus ouvidos. Rapidamente, ele se colocou em alerta, escondendo-se atrás do tronco envelhecido de uma árvore.

Observava atentamente pelos pequenos vãos, rezando enquanto ajustava a mira da arma. Suas mãos tremiam devido à dor latejante em seu ombro, mas ele conseguia controlar sua respiração agitada. Gotículas de suor escorriam por seu rosto, todo sujo de lama.

Para sua surpresa, deparou-se com um soldado alemão. Uma onda de alívio percorreu suas veias, mas ao tentar se mover, sentiu uma picada aguda em seu ombro, fazendo-o gemer de dor.

Diante de seus olhos, encontrava-se o soldado que tanto lhe despertava sentimentos de repulsa: Artner Bächtold. Com uma aguçada percepção, Hans observou atentamente o ambiente, buscando identificar a origem daquele gemido intrigante. Com a arma devidamente apontada, prestes a liberar sua capacidade ofensiva, sua voz ecoou em alto:

― Quem está aí? Vamos, aparece maldito! Sua arma estava pronta para ser disparada.

Hans levantou a ponta de sua arma com um gesto audacioso e fez um sinal para o soldado. Este, seguindo as ordens, disparou um tiro que passou a poucos centímetros da cabeça de Hans, fazendo-o se jogar no chão com um misto de dor e adrenalina.

A intensidade do impacto aumentou a dor em seu ombro, fazendo-o perceber que estava em uma situação de perigo extremo.

― Sou alemão, imbecil! — berrou Hans, misturando dor e raiva.

Contornando o tronco podre de proporções gigantescas, Artner se aproximou cautelosamente. Ele não poderia imaginar a surpresa que o aguardava do outro lado. Hans Furtzmann estava deitado sobre sua própria arma, exibindo um sorriso diabólico.

Ao virar o rosto, Hans sentiu um embrulho no estômago. Sabia que Artner fazia parte de um dos pelotões que esperava por reforços, mas encontrá-lo ali era, no mínimo, estranho. Artner, ao contrário, parecia estar em ótima forma.

― Então é você. Que ironia, não acha? — perguntou Artner, ostentando um sorriso mordaz e aumentando o desconforto de Hans. — Mas ouvi falar que você estava no pelotão de auxílio, estamos do mesmo lado na batalha, todavia não somos tão amigos quanto deveríamos. Veja onde está agora, Hauptmann Furtzmann — ironizou.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora