29. Alfinete de Prata

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Uma semana se passara desde os últimos eventos, e a sala de reuniões estava carregada de tensão. Hanke Schmidt, um oficial de alta patente, repousava em sua cadeira, os olhos perspicazes varrendo a sala enquanto avaliava cada oficial ao redor da mesa.

Todos ali estavam presentes para debater estratégias e planejar os próximos movimentos no campo de batalha. O silêncio predominava, interrompido apenas pelo sussurro de vozes graves e pela ocasional batida de canetas sobre papéis.

A atmosfera era de expectativa quando o segundo-tenente Bastian Wendelstein adentrou na sala. Seu olhar determinado e confiante contrastava com a seriedade dos presentes. Ao avistar seu tio Hanke, ali presente com ar de autoridade, Bastian sentiu um misto de alívio e tensão, ciente de que algo importante estava por vir.

Hanke ergueu uma sobrancelha ao ver Bastian entrar, demonstrando certo desconforto. Todos os olhares se voltaram para o jovem oficial, curiosos para descobrir qual seria sua missão. A aura de mistério que permeava a sala era palpável, e o silêncio só era quebrado pelo som abafado dos passos de Bastian ao se aproximar da mesa.

— Por favor, sente-se, segundo-tenente Wendelstein — ordenou Schmidt, apontando para a cadeira em sua frente.

Ao entrar na sala, Bastian lançou um olhar perspicaz aos cavalheiros ali presentes. A cena era intrigante, com homens bem-vestidos e posturas elegantes. Um alívio instantâneo inundou seu ser ao avistar seu tio encostado ali, com ar de conhecimento superior, ao lado da imponente prateleira de livros.

— Espero que seja algo de extrema importância, pois estou retornando de minha missão em Berlim e recebi ordens diretas para tratar de assuntos urgentes — disse Bastian com tom de superioridade.

— Com certeza é algo muito importante — respondeu Hanke, os dentes cerrados. — Estamos reunidos para repassar as coordenadas urgentes que chegaram de Munique.

— Estou todo ouvidos, comandante — respondeu o jovem oficial, sem muita vontade.

— Esta manhã, recebi um telefonema informando que precisam de soldados na Normandia para contra-atacar os inimigos que avançam com toda a força pela costa...

— E presumo que meu pelotão tenha sido indicado? — interrompeu Bastian.

Um sorriso amargo se esboçou no rosto de Hanke, enquanto Bastian observava com expectativa. O experiente comandante sempre tinha uma estratégia na manga, e desta vez não seria diferente. Ele estava prestes a enviar Bastian para a linha de frente, onde o perigo espreitava em cada esquina e as linhas inimigas ameaçavam a todo momento. Era uma aposta arriscada, mas Hanke estava determinado a enfrentá-la.

— Foi minha única opção, pois você está sob muitos olhares; e, para preservar sua vida e honra, decidi enviá-lo para um campo de batalha distante.

— Me jogando aos lobos, presumo! — interrompeu Bastian novamente.

— Não me interrompa novamente. Estamos entendidos? — disparou Hanke um olhar mordaz para o rapaz. — Está pensando em desobedecer uma das minhas ordens diretas, segundo-tenente Wendelstein?

— Longe de mim ter esse pensamento, senhor — respondeu de forma zombeteira.

O rosto de John Wilfried se contorceu ainda mais, revelando uma expressão de profunda perturbação. O que diabos Hanke Schmidt estava planejando? Enviar seu sobrinho favorito para o covil dos lobos famintos era uma decisão desesperadora. Num instante, John se libertou da parede e marchou determinado em direção ao centro da sala.

— Você não me consultou antes de tomar essa decisão, Schmidt — disparou, encarando Hanke.

— Esta base está sob meu comando, sargento Wilfried, ou se esqueceu de que também está sob minhas ordens? — respondeu imediatamente.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora