41. Apenas Respire

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Após horas de sofrimento excruciante, a pequena clareira no coração da floresta mergulhou em um silêncio sufocante. A cada respiração de Hans, o peso da dor era como um fardo insuportável; seu braço queimava como uma brasa ardente, cada pulsação acelerada ecoando como um tambor em seus ouvidos.

Com esforço doloroso, ele ergueu a cabeça e deparou-se com um homem prostrado no chão, contorcendo-se em agonia intensa. Ao lado, Edmund gemia incessantemente, seus lamentos ecoando no ar denso e carregado da clareira.

A situação era desoladora, mas a determinação de Hans em enfrentar o desafio à sua frente era tão incandescente quanto o fogo voraz que consumia seu membro ferido, uma chama de vontade em meio à escuridão desesperadora daquela situação.

— Edmund — chamou Hans em desespero —, aguente firme, sairemos deste lugar infernal.

Ao se aproximar de Edmund, Hans sentiu seu coração apertar. O pobre soldado agonizava no chão gelado da floresta. Determinado, Hans pressionou a área do ferimento, lutando para conter o sangramento.

Mesmo em meio à dor, Edmund forçou um sorriso de gratidão. Seus dentes brancos, agora manchados de vermelho, testemunhavam a coragem e a bondade de Hans.

— Hauptmann! — exclamou Edmund, segurando a mão de Hans. — Foi uma honra lutar com o senhor.

— Foi uma honra tê-lo ao meu lado, meu caro — respondeu Hans.

Edmund exibiu um sorriso tímido, desviou o olhar e seu corpo foi tomado por tosses violentas, o sangue misturando-se com o ar.

— Agora deve partir antes que mais daqueles malditos vermelhos cheguem. Não sairei deste lugar, sinto minhas forças começarem a deixar meu corpo — disse Edmund com esforço.

— Não posso abandoná-lo — respondeu Hans, preocupado.

— Deve seguir, meu amigo. Estou condenado à morte e não tardará para que ela venha ceifar meu último suspiro. Vá, deve partir. Não há chances para mim — insistiu Edmund, olhando nos olhos de Hans.

Diante do desespero transbordante na voz de Edmund, os olhos de Hans se encheram de lágrimas. Edmund havia salvado sua vida dias atrás, mas agora Hans se via impotente para retribuir. A pressão da mão de Edmund enfraqueceu.

Virando o rosto para o céu cinzento, um sorriso curvou os lábios de Edmund, e ele soltou um último suspiro.

Hans ficou sem ar, balançou a cabeça devagar e fechou os olhos do companheiro. O som de um tiro ecoou pelo campo, e Hans se arrastou para trás de uma árvore. Ele ouvia as conversas e percebia que os soldados vermelhos estavam ganhando território. Seus dedos coçavam próximo ao gatilho, mas algo o impedia de atirar.

Ao esticar o pescoço, avistou dois soldados soviéticos, exaustos como ele. Um deles verificou o corpo moribundo de Edmund, chutando-o no rosto e cuspindo em seu corpo em um gesto de desprezo. Os soldados ficaram parados, observando ao redor. Hans permanecia alerta, determinado a não se render.

Um dos soldados apontou para frente, e Hans percebeu que pareciam discordar. O soldado que chutou Edmund balançou a cabeça e começou a caminhar na direção que acreditava ser a correta. Hans sabia que o batalhão de ajuda estava a seis quilômetros ao norte.

Após tantas perdas para o exército soviético, o Reich estava sangrando, mas seu líder supremo continuava recrutando novos homens. A esperança de Hans se renovou; ele não desistiria de lutar. Encontraria uma maneira de sobreviver e reconquistar o território perdido.

Hans deslizava furtivamente pelas sombras, enquanto os estrondos dos canhões ressoavam ao longe. As condições climáticas adversas impediam os aviões aliados de sobrevoar a área, trazendo alívio momentâneo para os soldados alemães.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora