37.Começo do Fim

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A exaustiva jornada até a base em Glasow pesava nos ombros de Hans. Cada quilômetro parecia um desafio insuperável. Ao chegar lá, foi recebido por uma cena inusitada: soldados descontraídos, sentados em barris do lado de fora, riam e conversavam como se estivessem em um piquenique, não em um campo de batalha iminente.

O motorista parou o veículo diante do imponente prédio da base. Com determinação, Hans ajustou seu quepe, abriu a porta e alisou seu uniforme meticulosamente, preparando-se para os desafios que o aguardavam.

Ele inspirou profundamente o ar gelado da manhã metódica de quarta-feira, contrastando com o calor intenso que sentia em seu corpo. Durante todo o trajeto de quase dois dias inteiros, Hans não conseguiu sequer cochilar. Sua dor de cabeça latejava intensamente, e ele massageou as têmporas na tentativa de aliviar o tormento.

Passando pelos guardas imponentes da base, Hans adentrou um corredor onde encontraria os demais comandantes para seguir em direção à fronteira com a Polônia. Com passos cautelosos, subiu os degraus da escadaria estreita, podendo ouvir nitidamente sua própria respiração.

No topo, virou à esquerda e avistou um soldado do lado de fora da sala, que parecia alheio a tudo enquanto fumava.

Hans cumprimentou-o com um "Heil Hitler" e permaneceu alguns passos à frente do desconhecido. O soldado respondeu à saudação e ergueu-se, revelando sua imponente estatura. Hans não trocou mais nenhuma palavra com o estranho, apenas se afastou e bateu duas vezes na porta para chamar a atenção dos presentes na sala.

O Oberstleutnant Joseph Klaus estava confortavelmente sentado atrás de uma enorme mesa de cedro. Na sala, seis homens estavam reunidos: dois Leutnant, um Gefreiter, um Hauptmann, dois Oberfeldwebel e o Oberstleutnant da base, Joseph Klaus, um líder excepcional e incrivelmente inteligente.

― Entre, Hauptmann Furtzmann. Junte-se a nós, precisamos de novas ideias para derrotar esses malditos vermelhos ― disse o general, visivelmente entusiasmado.

Ao adentrar a sala, Hans sentiu-se compelido a seguir o protocolo e cumprimentar um por um dos presentes. Sua surpresa foi imensa ao avistar Edmund Dierk, descontraído e apoiado na prateleira próxima à janela. A alegria tomou conta deles ao se abraçarem, transmitindo a sensação de um encontro com um rosto conhecido e extremamente confiável.

― Acredito que não haverá mais ninguém chegando! ― falou Petrus, um dos tenentes.

― É melhor continuarmos então as manobras que devem ser atribuídas ao campo de Estetino, na Polônia, são urgentes ― comentou o homem sentado na poltrona da esquerda, o Hauptmann Hadrian, conhecido por sua rigidez com os subordinados.

O Oberstleutnant concordou com um aceno e, antes de proferir qualquer palavra, acomodou-se confortavelmente na luxuosa cadeira de couro italiano. Seus olhos percorreram a sala, encontrando o olhar de cada pessoa ali presente.

Com o avanço imparável do Exército Vermelho era um triunfo diário, mesmo diante das dificuldades impostas pelo clima cruel do lado alemão, que obstruía a visão das áreas nazistas.

Vidas preciosas de soldados de ambos os lados haviam sido perdidas e os exércitos sofriam com baixas enormes. Os civis, por sua vez, viam suas casas saqueadas e frequentemente destruídas pelos bombardeios aéreos. A violência crescia a cada dia e o fim parecia inevitável.

Os soviéticos eram conhecidos por sua crueldade e sede de sangue, deixando um rastro de destruição por onde passavam, cometendo atrocidades contra as mulheres que encontravam.

A humanidade parecia ter atingido o seu limite máximo de crueldade. Petrus segurava seu quepe entre as mãos, fixando os olhos no general, expressando sua indignação por ser designado a uma posição na retaguarda, na fronteira. No entanto, decidiu manter-se em silêncio, pelo menos assim estaria fora do alvo. Já o tenente Ismar Heike, com os homens sob o comando de Hans, seria a base de apoio tão necessária.

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