21. Alabastro

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Em meio a um silêncio carregado, Hans acompanhou o anfitrião até o escritório particular. Cada passo ecoava no corredor, adicionando uma atmosfera solene ao ambiente. Ao abrir a porta, viu os demais oficiais: Marek Schneider, Adam Credze e o genro de Schmidt, o jovem e promissor oficial Thomas Hermann. A luz fraca conferia um tom sombrio à reunião, destacando as expressões sérias dos presentes.

Hans cumprimentou cada um deles, seus olhos curiosos percorrendo seus rostos. Dois eram estranhos para ele, o que ocasionou um leve franzir de sobrancelhas enquanto tentava desvendar quem eram.

— Este é Hans Furtzmann — Hanke apresentou o jovem oficial aos dois homens próximos à lareira. Virando-se para Hans, disse: — Este é Theodor Manfred, um velho amigo de Berlim; e este é Tobias Horsten, um primo distante. Os demais você já conhece. Podemos dar continuidade à nossa reunião.

Hans ficou impressionado com a estatura de Theodor, que ultrapassava a dele. Tobias, por outro lado, era um pouco mais baixo.

— Primeiro, nossa reunião é como um conselho para tomar decisões contra oficiais duplos, como Bastian Wendelstein — disse Hanke, olhando para Hans, que ainda não entendia o motivo de estar ali. Hanke coçou o queixo e soltou o ar. — Não apoiamos esta guerra, mas não somos traidores do Reich. Apenas desempenhamos nossos papéis. Bastian ouviu informações indevidas e ameaçou nos delatar para a alta cúpula.

Um silêncio pairou sobre a sala, mas a voz rouca e estridente de Theodor irrompeu, capturando a atenção de todos.

— Já falei para deixar isso comigo. Posso calar a boca desse verme sem deixar vestígios.

— E despertar atenção indesejada dos superiores? Não posso deixar que faça isso, ou estaremos encrencados — respondeu Hanke prontamente.

Theodor insistiu:

— Tenho soldados à minha disposição que podem executar isso sem deixar rastro. Deixem-me varrer essa sujeira para debaixo do tapete, como sempre faço.

Hanke balançou a cabeça em negação e se aproximou da mesa onde repousava a garrafa de uísque. Com um movimento firme, agarrou-a e despejou uma generosa quantidade no copo de Theodor. Em seguida, ofereceu a bebida a Hans, que recusou com um aceno.

— Sem rodeios, meus caros — disse Tobias, ajeitando-se no divã — Creio que o novato está perdido com toda essa informação, espantado com a forma como tratam do que fazer com a vida desse oficial linguarudo. Enfim, formamos um grupo de extermínio aqui em Horb para limpar nossa base dos vermes que se disfarçam atrás de uma farda.

Hans sentiu um aperto na garganta, como se estivesse engolindo pedras. Uma enxurrada de perguntas invadiu sua mente, cercando-o como lobos famintos.

— Localizamos os traidores, ou supostos traidores, antes que os oficiais da SS e os exterminamos sem piedade, como mandam nossas regras — acrescentou Thomas.

— Eles não deveriam ser entregues a uma corte de julgamento antes de qualquer atitude? — perguntou Hans, confuso.

— Não. Nesse jogo, somos nós quem decidimos quem viverá e quem se tornará comida dos vermes — respondeu Marek antes de tomar um gole de uísque.

Adam Credze interveio:

— Sabemos que você tem acesso às fichas dos suspeitos. Precisamos de alguns nomes e de discrição ao lidar com essas informações.

Hans ficou perplexo, tentando assimilar as informações. Ele sabia que os grupos de extermínio não eram bem vistos, mas isso não impedia sua existência.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora