39. Os Pesadelos

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Jane foi tomada por um susto avassalador, fazendo o livro que lia escorregar de suas mãos, deslizando silenciosamente até o chão. Um aperto doloroso comprimiu seu peito, como se alguém espremesse seu coração, enquanto a ausência de ar tingia sua face de palidez.

Por sorte, o pequeno Stephan brincava com seu caminhão de madeira a poucos passos de onde Jane estava.

Ao ver Jane tossindo incontrolavelmente, Stephan correu apressadamente para chamar a tia Charlotte, que estava no quarto, concentrada em seus bordados delicados. Sem hesitar, Stephan adentrou o aposento.

— Céus! — exclamou Charlotte, dando um salto ao deparar-se com o jovem parado à porta, o rosto ruborizado. Abandonando o bordado, aproximou-se curiosa. — Pequeno, o que aconteceu para te deixar tão assustado? Parece que viu um fantasma!

Stephan, tomado por uma agitação intensa, movimentava freneticamente os braços, apontando com urgência para a escadaria à frente.

— Respire — insistiu Charlotte, acenando para acalmá-lo. Quando viu que ele estava menos agitado, prosseguiu: — Agora me diga o que aconteceu.

Com uma urgência incontrolável, Charlotte se levantou abruptamente. Seus passos transformaram-se em uma corrida apressada em direção à escadaria. A voz de Adeline ecoava em sua mente, indicando que Jane estaria na cozinha, preparando o tão esperado jantar. A ansiedade tomava conta de Charlotte enquanto atravessava a sala de visitas em velocidade impressionante.

Jane encontrava-se ali, encolhida sobre os joelhos, perdida em um mar de lágrimas. O desespero em seu rosto era tangível, suas mãos tremiam como folhas ao vento, e sua testa queimava ao toque de Charlotte.

Sem hesitar, Charlotte aproximou-se de Jane, oferecendo apoio. Sabia que aquele momento exigia mais do que palavras; demandava uma presença reconfortante.

— Meu Deus! O que aconteceu? — indagou, ajoelhando-se diante da jovem.

Adeline surgiu na porta, balançando uma toalha nas mãos. Jane estava fervendo. Charlotte fez um gesto para que a empregada se aproximasse e as ajudasse a levar Jane para o quarto. Juntas, seguraram Jane pelos braços e a ergueram, como se estivesse em estado febril, o que não era nada bom considerando sua condição.

Ao passarem pelo hall, Charlotte pediu a Stephan que fosse até o quintal, onde o motorista estava, e ordenasse que ele fosse até a casa do médico, localizada a três quarteirões de distância. Com cautela, as três mulheres subiram os degraus, garantindo que nenhuma delas perdesse o equilíbrio.

Adeline abriu a porta e a empurrou delicadamente com a ponta do pé, revelando um quarto aconchegante. Colocaram Jane sobre a cama, certificando-se de que ficasse confortável. Em seguida, Charlotte desabotoou habilmente o vestido de Jane, permitindo que o calor excessivo se dissipasse.

Instruída por Charlotte, Adeline foi buscar algumas toalhas molhadas enquanto abria a janela para permitir a entrada de ar fresco. Com agilidade, ela pegou mais toalhas e uma bacia cheia de água fria. Subindo os degraus com destreza, ela adentrou o quarto.

Charlotte, sem perder tempo, contornou a cama e rapidamente umedeceu uma das toalhas, torcendo-a para eliminar o excesso de água. Com cuidado, colocou a toalha fresca sobre a testa de Jane. As duas mulheres se esforçavam para acalmar a jovem, mas a febre continuava a subir.

Os sons de batidas na porta ecoaram pelo corredor, despertando a curiosidade de ambas. Finalmente, o médico havia chegado. Não era um médico qualquer; era o Dr. Harold Braunera, uma figura icônica em Augsburg. Para Charlotte, ele não era apenas um médico, mas também um velho amigo, com quem compartilhava momentos marcantes. Sua presença trazia uma mistura de alívio.

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