28. Última Ceia

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A mansão de Hanke Schmidt estava repleta de convidados naquela noite gelada de Natal, todos elegantemente vestidos, imersos em conversas animadas e brindes. Oficiais de alto escalão de Berlim marcaram presença, incluindo o renomado general Burgh Hald, recém-retornado de Paris. Todos buscavam bajular o general em busca de privilégios e proteção.

Bertilda conversava animadamente com duas mulheres próximas à imensa lareira, Hans e Jane subiram os degraus e se depararam com uma cena inusitada. Edite, visivelmente embriagada, estava ao lado de seu marido, Marek Schneider. Jane tentou disfarçar para evitar que Edite a visse, mas já era tarde demais.

Com um largo sorriso e os braços abertos, Edite se aproximou, trazendo consigo uma aura de imprevisibilidade.

— Hans, preciso ter uma conversa em particular com Adam, — sussurrou Hans próximo ao ouvido de Jane, sem esperar por uma resposta. Ele simplesmente desapareceu entre os convidados, deixando-a sozinha. Jane suspirou fundo e forçou um sorriso ao se deparar com Edite, que se aproximou dela com dificuldade, exalando um forte odor de álcool.

— Você está deslumbrante, disse Edite, enquanto Jane lutava para manter a compostura.

Enquanto isso, do outro lado da sala, Bertilda presenciava a cena com olhos atentos. Em um piscar de olhos, ela pediu desculpas às duas mulheres com quem conversava animadamente e se aproximou com passos ágeis de Edite e Jane, que ainda estavam próximas à majestosa escadaria, quase petrificadas.

— Meu Deus, Edite. Você já está completamente bêbada? questionou Bertilda, preocupada.

— Não me atormente, Bertilda Schmidt. Já basta o estúpido do meu marido, resmungou Edite.

— Por favor, controle seu vocabulário, minha cara. Lembre-se de que estamos cercadas por oficiais importantes e esta é noite de Natal, disse Bertilda, forçando um sorriso.

Edite girou rapidamente, varrendo os convidados imersos em suas conversas animadas antes de fixar seus olhos em Bertilda.

— Um bando de bajuladores do famigerado Hald. E eu não me importo com o fato de ser Natal; estamos em plena guerra, tanto faz o que eles pensam de mim. Na verdade, eu gostaria que todos eles morressem.

Bertilda soltou um suspiro, percebendo que era crucial levar Edite para um lugar mais discreto onde suas palavras mordazes não pudessem ser ouvidas por todos ao redor. Ela lançou um olhar rápido para Jane, visivelmente constrangida.

— Você está preocupada, minha querida Jane? Eu não causarei um escândalo. Além disso, você precisa ficar de olho em seu marido, pois a filha encrenqueira do famigerado está aqui também, debochou Edite, deixando Jane constrangida.

— Edite Schneider! repreendeu Bertilda, firmemente.

— Não estou inventando histórias. Aquela mulher ruiva é muito atirada. Acredita que ela ficou se insinuando para o meu marido? Se ela soubesse que o Schneider nem consegue mais cumprir suas obrigações na cama, ela não se arriscaria... Ridículo! Mas se eu pegar ela rindo do meu marido, eu juro que arranco aquele nariz grande dela.

Jane ouvia as palavras maldosas de Edite Schneider sobre Amelie Hald.

— Por favor, Edite, pare com essa cena antes que alguém ouça e algo ruim aconteça, repreendeu novamente Bertilda, apertando o braço da mulher.

Edite soltou uma risada alta e ergueu os ombros com desdém. Um olhar de absoluto desprezo surgiu em seus olhos antes que as palavras escapassem de sua boca:

— Eu não tenho medo das ameaças que o meu marido covarde possa me fazer, porque eu tenho ele nas minhas mãos.

— Meu Deus, mulher, pare de falar assim, disse Bertilda.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora