14. O Jantar

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Jane estava confortavelmente acomodada numa poltrona macia na sala de visitas. Seus dedos seguravam firme as páginas de um livro encadernado, enquanto seus olhos se perdiam na trama envolvente que se desdobrava diante dela. A lareira no canto crepitava suavemente, espalhando ondas de calor pela sala e criando uma aura acolhedora à sua volta.

No entanto, a paz foi interrompida por batidas firmes na porta, trazendo-a de volta à realidade com um sobressalto suave.

Com um suspiro resignado, Jane fechou o livro delicadamente e autorizou a entrada no aposento. Sua curiosidade ansiava por descobrir quem ousara interromper seu momento de tranquilidade e imersão na leitura.

― Você tem visitas ― anunciou Adeline, parada no umbral da porta, com uma expressão séria.

Com um leve franzir de sobrancelhas indicando surpresa, Jane se ergueu da poltrona e fez seu caminho até a porta, cada passo carregado de curiosidade sobre quem poderia estar batendo naquela hora. Ao abrir a porta, deparou-se com o pequeno Engler, todo vestido e segurando seu caminhão de madeira ao lado da mãe.

A expressão adorável e inesperada do menino, juntamente com seu brinquedo artesanal, provocou uma risada espontânea nos lábios de Jane, iluminando seu rosto com alegria.

― Jane! ― exclamou Engler, abrindo os braços em sinal de felicidade ao ver a irmã.

Jane estendeu os braços num gesto acolhedor, desejosa de abraçá-lo e compartilhar um momento de ternura. Com suavidade, ela recuou ligeiramente e depositou um beijo afetuoso em sua bochecha, transmitindo todo o carinho que sentia por ele.

― Estava com saudades de você ― disse, inclinando a cabeça para o lado e sorrindo.

Engler torceu o rosto, fazendo uma careta para escapar dos abraços apertados de sua irmã. Um sorriso travesso iluminou os lábios dela quando se afastou, liberando Engler.

No entanto, seus olhos curiosos logo se fixaram na mãe, que permanecia imóvel, com uma expressão fechada. Decidida a dissipar a tensão no ar, Jane se aproximou da mãe com passos cuidadosos.

― Onde está o papai? ― perguntou, fitando Rose com curiosidade.

Rose despiu-se elegantemente do casaco, entregando-o com graciosidade a Adeline. Retirou o chapéu com um gesto teatral e, com um olhar de desdém, observou atentamente o hall de entrada da casa. Em seguida, dirigiu seus olhos para a filha, mantendo uma expressão de superioridade.

― Foi até a base no campo de concentração de Horb ― informou com pouca vontade. ― Não vai me mostrar sua nova casa, querida?

Adeline permaneceu estática, seus olhos fixos na visitante que estava a poucos passos à sua frente. Um silêncio pesado pairava no ar enquanto as duas trocavam olhares, revelando o desconforto evidente da jovem ao receber sua mãe. Era claro que a intimidade entre elas não as unia.

― Claro! ― Jane respondeu brevemente e fez sinal para que Rose a seguisse.

A jovem conduziu Rose pelos cômodos do andar inferior, começando pela sala de visitas. Subiram os degraus com passos lentos, atravessando o corredor adornado por portas fechadas. Os quartos, dispostos estrategicamente, revelavam uma atmosfera serena e acolhedora.

Rose, com um passo cauteloso e uma expressão curiosa, aproximou-se lentamente da janela que iluminava o corredor. A luz suave do exterior atravessava o vidro e dançava delicadamente em seu cabelo, criando uma aura de tranquilidade.

Com um movimento gracioso, ela se virou em direção à filha, os olhos brilhando com curiosidade e talvez um toque de admiração pela beleza dos aposentos.

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