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Hans observava atentamente os prisioneiros trabalhando na pedreira, destroçando as rochas com suas picaretas em uma coreografia ritmada. O vento gelado soprava, trazendo consigo pequenos flocos de neve que dançavam pelo ar. Com a exaustão estampada em seu rosto, Hans colocou o cigarro entre os lábios e deu uma longa tragada. A insônia corroía seus ossos há quase três noites, privando-o até mesmo do descanso mais básico.
Soltando a fumaça, ele se apoiou no corrimão de ferro enquanto coçava o queixo, tentando se manter acordado. Por sorte, a pequena dose de cafeína que ingerira minutos antes começava a fazer efeito, trazendo um pouco de alívio.
Subitamente, o som de passos ressoando contra as pedras fez Hans parar no lugar. Ele aproveitou a última tragada em seu cigarro e virou o rosto, curioso para descobrir quem se aproximava. No entanto, para sua desgraça, era Lars. Com seu olhar gélido e sua postura intimidadora, era o último encontro que Hans desejava ter naquele instante.
A mente de Hans se esforçava para inventar qualquer desculpa mirabolante que o livrasse de ter que interagir com Lars, mas ele sabia que seria em vão. O destino parecia brincar com ele, trazendo de volta pessoas que só traziam desconforto e insegurança. Com um suspiro resignado, Hans se preparou para encarar mais um encontro indesejado.
— Vejo que veio conferir a mão de obra do nosso campo — cumprimentou Lars com um sorriso no rosto, demonstrando seu interesse. — Mas me diga, o que o traz aqui hoje?
Hans, com um olhar desviado e um certo desconcerto, respondeu:
— Na verdade, estou apenas tentando distrair um pouco a minha cabeça.
Com interesse palpável, Lars focou seus olhos penetrantes em Hans e formulou a pergunta:
— Estará sentindo falta do seu lar? Hanke Schmidt me informou que você se casou recentemente.
Curioso e ansioso por desvendar os segredos que cercavam a vida de Hans, Lars estava ávido por mais informações.
Hans respondeu com determinação inabalável:
— Um soldado jamais pode ceder aos caprichos da nostalgia pelo lar, pois ele entregou sua existência à proteção de sua nação e à preservação de seu legado. E, sim, acabei de me casar!
Lars assentiu com a cabeça, completamente impressionado com a resposta de seu companheiro.
— Palavras sábias, meu caro. Mas todo homem sábio sabe controlar esses meros sentimentos. Você se casou com a única filha de Leutnant August Fritz Schroeder, um grande homem na frente de batalha, e deve conhecer a fama, não tão aclamada, de seu irmão mais jovem, Anton, que está sob muitos olhares nada satisfeitos. — comentou Lars, demonstrando estar bem informado sobre os acontecimentos familiares de Hans.
Hans ficou surpreso com a quantidade de informações que Lars possuía sobre sua esposa e sua família.
— Presumo que sua jovem esposa deva ser realmente especial para você se submeter a esconder o amado tio dela de seus superiores. — concluiu Lars, fazendo uma sutil referência à situação delicada que Hans estava enfrentando.
Hans mergulhou em um profundo silêncio, como se o tempo tivesse parado. As palavras de Lars ecoavam em sua mente, fazendo-o refletir sobre a complexidade de sua situação. Sabia, sem sombra de dúvidas, que sua amada esposa era uma preciosidade que valia a pena proteger a todo custo. No entanto, sentia o peso imenso da responsabilidade que recaía sobre seus ombros, o dever de salvaguardar o tio de Jane, mesmo que isso implicasse em ocultar a verdade dos seus superiores. Era como estar em uma encruzilhada, onde cada caminho a seguir poderia ter consequências imprevisíveis.
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Pássaros no Inverno
RomansaDurante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista e o mundo são envoltos em uma tormenta de trevas, sofrimento e fúria. Em meio ao caos, a vida de Jane Anne Schoreder sofre uma reviravolta surpreendente e todos os seus sonhos desmoronam. Jamais p...