22. Rota Perigosa

2.7K 195 73
                                    


A jornada até Mauthausen-Gusen foi uma provação de três dias e meio para Hans. O complexo de campos de concentração, erguido pelos soldados do Führer na Áustria, estava a cerca de 20 km de Linz. Cada quilômetro percorrido aumentava a agonia de Hans, que se contorcia no banco desconfortável do veículo militar. A dor intensa em seu pescoço parecia interminável.

Edmundo Dierk, um jovem cabo da SS de Berlim, mal conseguia conter a empolgação. Após sete meses de treinamento, finalmente teria a oportunidade de colocar suas habilidades em prática. Ao seu lado, Dominik Georg Horst, um suboficial da SS de Hamburgo, exibia confiança e destreza.

Os três foram designados para uma reunião crucial sobre investigações para desmascarar espiões infiltrados. A ausência do comandante do campo, SS-Standartenführer Franz Ziereis, não impediu que informações cruciais fossem compartilhadas com o segundo no comando, Sturmbannführer Lars.

À medida que se aproximavam, Hans avistou a imponente porta de entrada do campo, adornada com o símbolo nazista. Guardas firmes e vigilantes seguravam suas armas de forma ameaçadora. Prisioneiros trabalhavam em condições desumanas nas pedreiras e fábricas de armamento, compondo um cenário de sofrimento.

Dominik estacionou o veículo antes do portão de entrada. Um soldado, com uma expressão fechada e hostil, aproximou-se e saudou:

— Heil Hitler!

— Heil Hitler — respondeu Dominik.

Hans seguiu o anfitrião até o escritório reservado, em silêncio. Ao girar a maçaneta e abrir a porta, deparou-se com outros oficiais: Marek Schneider, Adam Credze e Thomas Hermann. A fraca iluminação conferia um tom sombrio à reunião, destacando as expressões sérias dos presentes.

Dominik acomodou-se no assento e apresentou-se:

— Sou Dominik Horst, suboficial da base de Hamburgo. Fomos designados para a reunião com o Sturmbannführer Lars.

O soldado fez um gesto para outro soldado abrir caminho. O lugar era colossal e o inverno conferia à base uma atmosfera ainda mais sombria. Hans ajustou seu uniforme e tomou a dianteira, dirigindo-se ao grupo de soldados. Assim que se aproximou, as risadas cessaram e todos se puseram em posição de saudação.

— Heil Hitler! — saudou Hans.

— Heil Hitler! — responderam em uníssono.

Hans perguntou:

— Onde encontro Sturmbannführer Lars?

Um soldado respondeu:

— Terceira porta à esquerda, senhor.

Hans avançou com passos decididos até o centro da base. Bateu duas vezes na porta e esperou. Uma voz rouca deu permissão para entrar. Hans abriu a porta e encontrou o SS-Sturmbannführer Lars, acompanhado de dois oficiais. Lars levantou-se e cumprimentou-os.

— Recebi a informação do SS-Oberst-Gruppenführer Mark Heydrich sobre essa visita. Vocês têm uma ficha detalhada sobre os espiões?

— As informações são confidenciais — respondeu Hans, indicando que os outros dois oficiais não podiam ouvir.

Lars balançou a cabeça, sorrindo sarcasticamente.

— Oswald e Götze são de minha total confiança. Estou ansioso para revelar os nomes dos suspeitos. Estou com dor de cabeça e meus dedos coçam para apertar o gatilho.

Hans insistiu:

— Melhor vermos os nomes na lista.

Lars pegou a folha que Hans segurava. O ambiente ficou silencioso enquanto ele lia o documento. Finalmente, ele abaixou a folha e olhou para Hans.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora