31. Ante ao Caos

1.3K 124 29
                                    


Naquela noite, o céu se transformava em um manto negro e denso, antecipando a iminente chegada da noite. Estrondos distantes ecoavam pelo ar, prenunciando algo sinistro. Um impacto violento arrancou Jane de sua letargia, como se ela tivesse sido lançada repentinamente de um pesadelo para a realidade.

Seu coração batia desenfreado, como após uma maratona épica. Suas mãos tremiam descontroladamente, o rosto encharcado de suor. A escuridão do quarto a envolveu em completo pânico, tudo parecendo incrivelmente real.

Ela tentou controlar a respiração, mas cada suspiro era um esforço doloroso. Os olhos de Jane, arregalados e cheios de temor, varriam o quarto em busca de qualquer sinal de perigo. A luz fraca do abajur lançava sombras grotescas nas paredes, intensificando a sensação de opressão.

O som do vento lá fora aumentava, sacudindo as árvores e fazendo os galhos arranhar as janelas. Jane sentiu um arrepio percorrer sua espinha, enquanto a escuridão parecia se fechar ao seu redor como um manto gelado.

Ela tentou chamar por socorro, mas as palavras pareciam se prender em sua garganta seca. Um nó se formou em seu estômago, um misto de medo e angústia que parecia sufocá-la lentamente. Cada pequeno ruído no silêncio da noite fazia seu corpo inteiro tremer.

De repente, um raio de luz da lua, filtrando-se pelas cortinas entreabertas, iluminou fracamente o canto do quarto. Jane respirou fundo, tentando encontrar alguma calma naquela atmosfera carregada de terror.

Um segundo impacto, menos violento que o primeiro, fez Jane estremecer. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela lutou para não ceder ao desespero que a consumia.

Com um esforço supremo, Jane finalmente conseguiu mover-se. Ela se levantou, as pernas trêmulas, e deu alguns passos hesitantes em direção à janela. O ar lá fora era gélido, e o vento uivava como um lamento inconsolável.

Em meio ao caos de suas emoções, Jane percebeu uma voz distante chamando seu nome. Era como se alguém estivesse tentando alcançá-la através da escuridão opressiva que a cercava.

— Pai! — berrou desesperadamente.

Hans foi tomado por um susto ao ouvir o grito angustiado de Jane. Num instante, a envolveu num abraço apertado, buscando acalmá-la naquela situação assustadora.

— Acalme-se, foi apenas um pesadelo — consolou Hans.

— Eu o vi... — gaguejou Jane ainda em pânico. — Ele está morto, tenho certeza. Meu Deus! Por quê? Não pode ser real. — choramingou.

— Foi apenas um pesadelo, não se atormente por causa disso. Acalme-se...

Ela se desvencilhou dos braços de Hans e, com um olhar penetrante à luz da vela, fixou os olhos nele.

— Não foi só um pesadelo, Hans. Eu o vi morto na floresta. Ele está morto, sinto isso — choramingou, cobrindo o rosto.

— Vou buscar água para que possa se acalmar — disse Hans, levantando-se da cama.

Cada passo que Hans dava no corredor era marcado por uma sensação de incerteza. Nos últimos meses, o exército enfrentava reveses, e muitos soldados alemães sucumbiram nos campos de batalha. Com agilidade, Hans desceu os degraus e abriu o armário onde Adeline guardava os copos. Encheu um copo com água fresca e, com cuidado, adicionou duas colheres de açúcar. Com uma mistura habilidosa, mexeu e retornou ao quarto.

Decidiu iluminar o ambiente e, para sua surpresa, encontrou o quarto vazio. Inclinando o rosto em direção à biblioteca, notou uma delicada fenda de luz escapando pela porta entreaberta. Sua curiosidade despertou e dirigiu-se cautelosamente até o cômodo da sabedoria.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora