18. Parasitas

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Hans estava imerso em seu trabalho, cercado por uma montanha de documentos confidenciais entregues por Schmidt. As páginas amareladas exalavam o aroma peculiar do papel antigo, enquanto os registros das investigações sobre oficiais suspeitos de traição e espionagem aguardavam sua atenção. Cada linha continha segredos que exigiam análise minuciosa.

Enquanto se concentrava, batidas persistentes na porta desviaram sua atenção. O som reverberava pelo escritório, criando uma interrupção incômoda. Com um resmungo mental, ele abandonou a caneta sobre a mesa, ajustando-se na cadeira com uma expressão de leve irritação. Sua curiosidade foi despertada; ansioso para descobrir quem ousava interrompê-lo naquele momento crucial.

— Entre — disse Hans, sem vontade.

A porta se abriu abruptamente, revelando a figura imponente de um oficial alto, cuja presença preenchia o escritório com uma aura de autoridade. Vestia uma farda cinza impecável, adornada com medalhas reluzentes, testemunhas de sua coragem e posto como SS-Oberst-Gruppenführer.

Hans, num reflexo ágil e respeitoso, ergueu-se imediatamente e executou uma saudação impecável, demonstrando deferência.

— Deve ser o Hauptmann Furtzmann? — A voz do oficial era firme, sem sotaque, enquanto ele encarava Hans como se lesse seus pensamentos.

— Sim, senhor.

— Sou Mark Heydrich. Recebi informações de seu superior, Korvettenkapitän Hanke Schmidt, de que você possui respostas de meu interesse.

— Sim, mas creio que seria melhor sentar-se — respondeu Hans, indicando a cadeira à frente de sua mesa.

O oficial acenou com a cabeça em aprovação, arrastando a cadeira com um rangido pelo chão de madeira. A postura de Heydrich era imponente. Hans já ouvira inúmeras narrativas sobre as atrocidades atribuídas a Mark Heydrich contra os soldados inimigos. Rumores diziam que ele possuía olhos penetrantes, capazes de encarar a própria morte sem vacilo. Para acrescentar à sua aura sombria, uma cicatriz marcava o lado esquerdo de seu rosto, testemunho de batalhas travadas.

— Não tenho tempo a perder aqui. Passe-me as informações, pois não admitirei traidores em minha brigada — rosnou Heydrich, estreitando os olhos para Hans.

Com habilidade, Hans abriu a primeira gaveta do criado-mudo, posicionado sob a vasta mesa de trabalho. Uma aura de mistério pairava no ar enquanto ele retirava os documentos meticulosamente guardados, revelando uma foto intrigante do oficial duplo. Com um sorriso sutil, Hans ofereceu a foto a Mark, cujo rosto expressava uma mistura de curiosidade e fascínio.

— Oficial da SS de Hamburgo, Jorg Eicke é, na verdade, um espião russo chamado Yuri Andrusha — informou Hans, enquanto o SS-Oberst-Gruppenführer analisava as fotos.

— Maldito verme! — Mark socou a mesa com tanta violência que a sacudiu, seus olhos transbordando fúria. — Sei como exterminar esses tipos de vermes. — Levantou-se bruscamente da cadeira, derrubando-a no chão. — Me informe os demais nomes, pois terei o prazer de fuzilar um por um.

Hans assentiu, segurando uma pilha de documentos entregues pelos investigadores da SS, que se infiltravam disfarçadamente como cidadãos comuns nas principais cidades da Alemanha nazista. Um a um, Mark pegou os documentos e começou a examinar os nomes. A fúria dentro dele era palpável e parecia crescer a cada página. Aqueles espiões e delatores não tinham ideia do que estavam prestes a enfrentar.

— Me diga, primeiro, Hauptmann Furtzmann, o que faria com esses traidores? — Mark parou de examinar os documentos e ergueu seus olhos até os de Hans.

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