25. O Regresso

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Os primeiros flocos de neve começaram a cair, transformando a paisagem em um cenário mágico. Jane, com seus longos cabelos loiros, dedicava-se a escová-los com devoção, perdida em seus pensamentos. Seus olhos verdes permaneciam fixos no espelho oval da penteadeira até que uma brisa gélida acariciou seu pescoço, trazendo-a de volta à realidade.

Surpresa, ela se ergueu e dirigiu-se à janela, franzindo o cenho ao notar que a havia fechado. Enquanto isso, as notícias não eram nada animadoras: Hans ainda não havia retornado; seu tio Albrecht permanecia internado, correndo risco de vida; e, para piorar, seu tio Anton havia abandonado covardemente Andrea, grávida de sete meses, e o pequeno Stephan.

Com o olhar fixo na escuridão lá fora, Jane encostou-se na janela, sentindo como se aquele silêncio corroesse sua alma, assim como a ferrugem corrói o ferro.

Stephan, tão jovem e inocente, não merecia passar por tudo aquilo. Por um breve instante, algo se quebrou dentro dela. Seus olhos se encheram de lágrimas, seus lábios se curvaram em tristeza. Ficou ali, encurvada sobre a janela, perdida em pensamentos.

Foi então que decidiu se afastar de seus irmãos, percebendo que algo estava errado.

— Covarde! — bradou espontaneamente contra o vento, como se seu tio Anton pudesse escutá-la. ― Santa mãe de Deus, pobre Stephan.

Jane se calou, permitindo que o silêncio se estendesse, cheio de incertezas. O céu estava desprovido de estrelas, sombrio e intrigante. Respirou profundamente, segurando o pingente em forma de cruz que recebera de seu pai, recitando uma oração silenciosa em sua mente em busca de amparo e proteção.

Com um gesto suave, fechou a janela, mantendo a escuridão do lado de fora. Voltou para a cama, que a aguardava com sua maciez acolhedora. Ao deitar-se, Jane fitou o teto, perdida em pensamentos e preocupações. O sono teimava em não chegar, e ela se revirou inquieta na cama.

Enquanto isso, os ventos lá fora ganhavam velocidade, assobiando pelas frestas de madeira da janela. Era como se a própria natureza ecoasse as inquietações e incertezas de Jane naquele momento.

A algumas quadras da residência dos Furtzmann, os ventos fortes sussurravam misteriosamente, abafando o som distante de um veículo. Edmundo Dierk, com seu olhar perspicaz, dominava o volante com maestria, enquanto Hans, envolto em uma aura de mistério, apreciava o último trago de seu cigarro.

— Não leve em consideração as ameaças de Lars — argumentou Edmund, virando-se para encará-lo nos olhos. — Sabe que em tempo de guerra os homens ficam ainda mais impetuosos.

— Engana-se, meu caro, esse Lars Decker é um homem do qual não devemos duvidar das crueldades. Conheço bem seu histórico e, de tudo que li, nada me agradou, especialmente ao saber que tem aqueles dois soldados como capachos.

Edmund soltou uma risada debochada, incapaz de conter seu sarcasmo. Os dois homens prosseguiam com o veículo, adentrando a noite fria e nevada daquela pequena cidade. Hans sentia o nervosismo se apoderar de seu corpo, sabendo que a responsabilidade pesava sobre seus ombros. Edmund, por sua vez, tentava tranquilizá-lo com palavras confiantes, embora em seu íntimo não tivesse certeza do que os aguardava naquele caminho incerto.

A guerra estava prestes a se intensificar, e eles teriam que enfrentar desafios e perigos de proporções épicas. Restava-lhes confiar na coragem e determinação para proteger tudo aquilo que amavam.

— Está falando de Oswald e Götze? Francamente, Hans, não vejo perigo nesses homens, pois cão que tanto late não morde. No entanto, é importante não subestimá-los — respondeu Edmund, tentando finalizar aquela conversa desagradável.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora