13. Sorrisos Vazios

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Dentro do carro, Hans mal conseguia conter sua ansiedade enquanto aguardava impacientemente a chegada de Jane. Seus dedos percorriam os cabelos impecavelmente penteados, e seus olhos permaneciam fixos na rua deserta, onde os ventos sopravam com fúria, como se tentassem varrer as memórias dolorosas que o assombravam.

Lentamente, ele se via mergulhado nas lembranças angustiantes do tempo em que fora enviado a uma cidade ao norte da Polônia, onde os sons dos disparos ecoavam interminavelmente numa noite que parecia estender-se até a eternidade.

O som da porta do carro se abrindo o trouxe de volta à realidade. Hans observou sua esposa com um olhar de relance e precisava admitir que ela estava deslumbrante. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente arranjados em um coque, realçando ainda mais a beleza de seu rosto.

Ele girou a chave na ignição, fazendo o motor despertar para a ação, e partiu velozmente pelo caminho mais curto, contornando uma curva sinuosa à esquerda e enfrentando corajosamente uma rua inclinada.

Jane permanecia calada, com o rosto voltado para a paisagem urbana, e ele notou com admiração que as mãos da jovem tremiam levemente enquanto repousavam sobre suas pernas.

Ao avistarem a majestosa fachada da residência dos Schmidt, ele estacionou habilmente em uma vaga próxima à esquina. Juntos, seguiram em passos lentos em direção à casa, onde a energia vibrante do ambiente parecia palpável.

Hans assumiu a liderança e pressionou a campainha, aguardando ansiosamente alguns minutos até que um dos empregados da residência abrisse a porta com gentileza. O rapaz magro de cabelos negros recebeu Hans e Jane com um sorriso acolhedor.

— Sejam bem-vindos à casa do Korvettenkapitän Schmidt — disse o rapaz, recebendo-os com cordialidade. Hans agradeceu e entregou seu elegante casaco, seguido por Jane.

Subiram as escadas e adentraram o salão no andar de cima da magnífica residência, onde uma cena fascinante se desdobrou diante de seus olhos. O ambiente estava repleto de pequenos grupos de homens e mulheres, cada um envolvido em animadas conversas e risos contagiantes. O som suave do vinil tocava na vitrola, enchendo o espaço com uma atmosfera de pura alegria e vivacidade.

— Mas vejam quem chegou! — anunciou Schmidt, estendendo os braços enquanto se aproximava de Hans e sua esposa.

— Nada de formalidades, meu jovem. Fico imensamente satisfeito em tê-los em minha casa — disse Schmidt com um largo sorriso, abraçando Hans como de costume nessas ocasiões. Em seguida, voltou-se para Jane, que o observava em silêncio. Estendendo a mão em sua direção, Schmidt depositou um beijo suave nas costas da mão da jovem.

— Que bela mulher temos aqui — disse Schmidt com admiração em sua voz, revelando um toque de formalidade. — Sou o Korvettenkapitän Hanke Schmidt.

Seus olhos penetrantes e observadores percorreram o rosto de Jane, capturando cada detalhe como se estivesse tentando decifrar algum mistério escondido.

― Sou Jane, muito prazer em conhecê-lo ― respondeu ela, exibindo um leve sorriso.

― Quando Hans me contou o quão bela você era, peço perdão, pois custei a acreditar. Mas agora vejo que ele apenas me disse a verdade ― disse Schmidt, encarando-a.

Jane sentiu um calor subir ao rosto, mas teve sorte, sua maquiagem suave ajudou a disfarçar essa pequena indiscrição. Enquanto Hans permanecia em silêncio, incapaz de encontrar palavras para expressar seus sentimentos, uma senhora de aparência encantadora se aproximou deles. Ela usava um deslumbrante vestido creme que se destacava contra seus cabelos castanhos, agora tingidos de branco, parecendo ter saído de um conto de fadas. Hanke sentiu um toque leve em seu ombro direito e se virou com um sorriso radiante para saudar sua amada esposa.

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