Roubada

329 44 11
                                    

Volto para toca infurecida. Quando abro a porta da sala de sempre, vejo que está acontecendo uma reunião sobre o roubo, afinal é amanhã.

Robin olha para mim, mas desvio o olhar. Sei que ele sabe, mas ele não sabe o que eu sei.

-— Se algo der errado, vamos evitar o máximo de mortes possíveis, apenas tiros no pé ou no braço.
Diz Bill e todos concordamos.

Recapitulamos o plano, e algumas pessoas ficaram aliviadas por eu estar inclusa, já que concluí o roubo sozinha. Outras odiaram, por causa do ato ter sido divulgado.

Quando a reunião acaba, Bill e Robin vêem até de mim.
— Robin me contou que vocês treinaram, leve uma arma.
Bill manda, e faço a respiração mais profunda que já fiz na vida.

Já iria levar de todo jeito, e não tenho paciência alguma para conversar com os dois.

Minha vontade é de colocá-los contra a parede e interroga-los, falar tudo o que tenho para dizer. Porém, apenas dou de costas, o ignorando.

Saio da toca e caminho da casa de meus pais, e como sempre, noto algo estranho.

A porta está entre aberta, mas quando saí a fechei por completo.

Alguém entrou aqui.

Fico com a mão na minha coxa, que é onde deixei a arma. É melhor tê-la de fácil acesso, pois não sei se a pessoa ainda está aqui, ou se já foi.

Quando olho a casa parece que tudo está igual, quem entrou tentou deixar tudo do mesmo jeito, porém, falhou em sua missão.

Um quadro está do lado errado da escrivaninha, eu o deixei no direito, e agora está no esquerdo.

O dinheiro!

Corro em direção ao quarto e viro com colchão com tudo, algumas cédulas voam e sorrio aliviada. Ainda está aqui.

Quem entrou aqui estava procurando algo, mas sabia exatamente onde estava, pois não olhou de baixo da cama, e nem em algumas gavetas.

Procuro qualquer coisa que possa ter desaparecido. Olho até de baixo da mesa, porém, só encontro teias de aranha.

Abro uma gaveta e finalmente noto algo, uma arma que meu pai guardava não está mais aqui.

Fecho os olhos e me lembro do... Do dia... que morreram...

Eu estava "brincando de esconde-esconde", pelo menos foi o que minha mãe havia me dito.

No meio do tiroteio entrei no guarda-roupa, como ele é totalmente fechado, não tem por onde ver, nem ouvir.

A única coisa que eu escutava eram os tiros, tanto os de fora, quanto os de dentro do quarto.

Minha mãe havia trancado a porta do guarda-roupa, então só saí quando Bill chegou para me procurar, os corpos mortos e gelados ainda estavam no chão, vi eles sem vida em minha frente...

Isso é uma coisa que jamais irei esquecer, mas faço esforço para lembrar de cada detalhe, os quadros, as roupas de cama, bijuterias, tudo.

Ao lembrar, percebo que não só a arma que estava aqui dias atrás, havia sumido.

Um quadro com a foto deles não está aqui desde que cheguei, mas estava lá quando morreram.

Alguém está escondendo provas ou pistas, e essa pessoa sabe que estou procurando.

A arma e o quadro eram importantes de algum modo.

Eu poderia ter descoberto a verdade com eles? Nunca saberei, mas tenho a certeza, que estou mais perto do que nunca.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora