Inevitavelmente, a verdade

278 35 24
                                    

Me sento na beirada da cama pequena e macia, logo em seguida ele se senta ao meu lado.

- Sua mãe não era um anjo como parecia, ela era igualzinha a você.
Bill dá um pequeno sorriso e eu enxugo as lágrimas que ainda descem.

É muito estranho ouvir Bill falar assim da minha mãe, mas tento me atentar a todas as palavras ditas.
- A primeira vez que a vi foi quando executamos o roubo de uma relíquia. Mas chegando lá, Luna já estava.

- Alejandro ficou distraindo os seguranças, no caso, lutando com eles.
Meu pai sempre gostou de uma boa briga, ele pode até não ser meu pai biológico, mas sempre vou ama-lo como um.

- Eu e sua mãe lutamos por aquele valioso objeto, mas no fim, ela conseguiu pegá-lo. E quando foi embora, saiu desfilando.

Dou um pequeno sorriso ao imaginar minha mãe desfilando, acho que eu e ela somos um pouco... Michele.

- Luna ligou a segurança, obrigando eu e Alejandro a irmos embora.
Antes que Bill prossiga o interrompo.
- Mas o que tem haver com eu ser sua... Filha... Com isso?

Filha. Bill não é meu pai, e não é "título" que vai mudar isso.

- Você vai me deixar falar ou não?
Concordo com a cabeça e o mesmo continua.

- No dia seguinte, Luna apareceu na toca, entregou a relíquia, eu e Alejandro não entendemos nada. Ela apenas disse que queria entrar para a máfia.

Ela apenas disse?...

- Vocês não haviam me contado, que já eram amigos antes dela entrar?
Bill abaixa a cabeça, e depois de respirar fundo olha em meus olhos.
- Como você já sabe... Não te contamos muita coisa.

Sei, eu realmente sei.

- Sua mãe era muito misteriosa, e era isso que mais me encantava nela. Nós já havíamos... ficado... Como vocês dizem.
Não consigo aguentar e faço uma rápida careta. Não precisa ser tão específico.

- Estava me apaixonando por ela, e acho que ela por mim. Mas um dia sua mãe voltou para a toca muito estranha... Eu e o Alejandro descobrimos uma coisa sobre ela.

Bill olha para os lados, a janela e a porta, porém, não tem coragem para falar, o que me deixa mais intrigada.

- Eu não posso te contar agora...
Tento falar, mas ele intervém
- Amanhã, eu te prometo, filha. Eu vou te contar.

Assinto com a cabeça na esperança que isso seja verdade.
- Ok... Boa noite...
Seus olhos esperavam que eu dissesse pai, mas se eu falasse mentiria, ele não é isso para mim.

Bill se levanta da cama e pega alguns lençóis, os colocando no chão e depois se deitando.

A cama é muito pequena e eu estou acabada, então me deito sem questionar.

Acho que minha mãe era mais parecida comigo do que eu lembrava. Mas por que tantos segredos?...

Fecho meus olhos e tento dormir.

Quando os abro novamente já é de manhã, olho para o chão onde Bill estava deitado, mas não o encontro.

Dou um pulo da cama, ignorando o travesseiro melado de sangue com o meu "machucado".

Ele me deixou sozinha mais uma vez.

Saio do quarto e olho rapidamente a casa.
Encontro Nancy na cozinha e vou até ela.
- Você viu Bill? O homem que veio comigo até aqui.
Ela faz que não com a cabeça e me faz uma pergunta com um sorriso.
- O seu namorado?

Eca! Eca! Ecaaaa!

- NÃO!... Desculpe, onde ele está?
A mulher franze a testa com minha euforia, e me faz outra pergunta, que dessa vez não tenho resposta.
- Ele não está no quarto?

Bill realmente fugiu.

Por que eu sempre tenho que confiar nas pessoas erradas?...

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora