O beco

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Acordo e abro os olhos lentamente.

Não, o dia anterior não foi um sonho, se fosse eu não estaria tão exausta e nervosa.

Me levanto e me espreguiço, tomo um banho e visto uma roupa qualquer.

Acho que a primeira vez em muito tempo que não visto vermelho, tenho que comprar mais roupas dessa cor, na verdade qualquer roupa, já que ainda uso as da minha mãe.

Quando saio do quarto espero ouvir um interrogatório, já que ontem eles não me perguntaram nada.

Eu sei que eles ouviram, mas isso não faz o jeito de Bill.

Olho para a mesa da cozinha, e encontro pães, ovos, várias outras coisas, e até...

Bolo??

Fico encantada com o cheiro da comida, mas mudo o meu olhar para a pia vejo Nancy.

Será que aconteceu mais alguma coisa ontem que eu não sei?

Analiso a casa para realmente saber se estou na minha, então encontro o retrato da minha mãe e respiro aliviada.

Volto a olhar novamente para a pia, e Bill está ajudando Nancy???

Tusso falso e alto. Será que eles não percebem que eu estou aqui também??

Os dois tomam um susto e se viram para mim.
— Bom dia.
Apenas digo ao me sentar na mesa. A mãe de Cardan vem até mim e me analisa.
— Você está bem? Cardan chegou um pouco machucado ontem e vim ver como você está.

Olho para ela, que está como sempre com seu sorriso simpático. Reviro os olhos e ignoro começando a comer.

Como eu estou? Ou como Bill está?

Tento segurar o riso, percebendo o meu visivelmente ciúme, mas me controlo, pois Bill me olhava nervoso.

Tomamos café e Nancy foi embora. 2 estranhos minutos depois dela ir, Bill começa suas perguntas.
— Que tosse falsa foi aquela?
Ignoro e pego a minha arma, daqui a pouco vou me encontrar com Robin.

Porém, mesmo assim Bill continua.
— Vi que você revirou os olhos também, tem alguma coisa contra a Cicy?

Cicy? Sério isso?

Pego também algumas facas e ando em direção a porta.

Olho para Bill e ele para mim, dou um sorriso amarelo e digo.
— Relaxa Bill, eu não sinto ciúmes da sua namorada.
Saio fechando a porta e riu um pouco de como estou.

Logo depois respiro fundo, e vou em direção ao beco.

Sinceramente não sei o que esperar, se isso for uma emboscada eu juro que mato ele...

Bem, eu não vou ter coragem de mata-lo, mas Bill mata.

Vejo o beco que ele conversava com os outros policiais e sinto um arrepio. Não estou com um bom pressentimento.

Entro no lugar um pouco estreito e escuro, por causa das casas que bloqueiam a luz, mas é como se fosse um túnel, no fim se vê a luz do sol.

Escuto um barulho vindo de uma lata de lixo e me assusto, no impulso pego a arma e aponto para o local.

Saí em meio as latas um gatinho cinzento, recém nascido, me agacho e dou carinho nele, que rosna.

Oww, deve estar perdido.

É mais alguém como eu, sozinho, perdido no mundo e sem os pais. Mas pelo menos agora tenho Bill, que é quase isso...

Ouço outro barulho vindo de uma pequena curva do beco, ainda com a arma em mãos aponto para lá.

— Calma.
Robin me pede, abaixando a arma com a mão. Suspiro aliviada e ele dá aquele sorriso.

— Quer parar?!
Peço a ele, que estranha.
— Com o que?

Reviro os olhos e respondo.
— Com isso!
Aponto para o seu sorriso, que se aumenta ainda mais. Tento ignorar e foco no real motivo de estarmos aqui.

— Robin Hood, como você já sabe, eu tenho um plano, não sei se você e seus amigos... Polícias, já sabem, mas aqui tem um terceira máfia.

O sorriso dele some e ele se encosta na parede.
— Outra máfia? Vocês e os Lorenzo já dão muito trabalho.

Um carro preto estaciona perto do beco, e observo enquanto falo.
— Eles existem á muito tempo e tomaram a toca.

Robin me interrompe visivelmente surpreso.
— O que? Então é por isso que o movimento lá está estranho, pessoas que eu nunca vi e nenhum sinal de você.

Franzo a testa e volto a olhar para Robin.
— Como você sabe disso? Por acaso você estava espionado? E me procurando?
Ele engole saliva e desencosta da parede.
— Sim eu "espionei", e sobre a segunda pergunta, também é sim.

Dou meio passo a diante confusa.
— Por que?
Ele volta a se encostar na parede e muda de assunto.
— Isso não vêm ao caso... Vamos continuar?

Encosto na parede em frente e continuo.
— Os Lorenzos não serão mais um problema, por enquanto...
Nunca parei para pensar no depois, será que eles vão voltar a nós atacar?

Afasto esses pensamentos, e prossigo.
— Temos um acordo com eles, vamos destruir a ScorKing e para não mata-los, decidimos chamar a polícia.

Robin semicerra os olhos, começando a entender.
— Supostamente é uma denuncia anônima, mas na verdade você irá nós ajudar.

Ele saí de perto da parede e fica a minha frente, estando apenas 15 centímetros longe.

— Por que eu devo ajudar vocês?
Vou para mais perto, tirando a metade da distância.
— Porque você destruirá uma máfia inteira, ganharia reconhecimento, a impressa saberia, e quem sabe, uma promoção?

Ele chega mais perto, tão perto que seu pé encosta no meu. Involuntariamente olho para seus lábios e ele sussurra.
— Era uma pergunta retórica, eu já ajudaria você.

Respiro devagar, pois agora compartilhamos o mesmo ar, ao contrário do meu coração, que acelera.

Robin chega ainda mais perto, quase eliminado os centímetros que nós separa, sinto seu nariz no meu e sua respiração ofegante em meu rosto.

Um arrepio percorre meu corpo ao sentir seu toque, mas não o impeço.

Assim que fecho meus olhos escuto o barulho de um motor ligando, e nós dois olhamos em direção do carro preto.

O que quase acabou de acontecer??

Percebo que o carro está mais perto do beco, então me afasto e o acuso.
— Você trouxe alguém? A polícia??

Ele faz que não com a cabeça e rebate.
— Não! Você trouxe?
Engulo em seco e nossos olhares se cruzam, pensando na mesma coisa.

ScorKing.

Saímos do beco, no lado oposto do carro. 5 segundo depois, o carro está lá.

— Corre!
Robin diz e corremos, enquanto o carro nós segue, mesmo quando viramos várias curvas.

Eles sabem!

A ScorKing sabe de tudo!

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora