ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀ

Déjà vu

Qual é a verdade?... Todas as hipóteses são improváveis, impossíveis, mas ao mesmo explicaria tudo, as mentiras de Bill, as meias verdades, e talvez até o falso coma.

Depois de tanta correria finalmente chego ao esconderijo. O cansaço tenta me consumir, me fazendo parar para respirar e verificar meu braço.

Sendo que o tempo está contra mim. Sempre esteve.

Entro no lugar que meu pai já comandou, procurado em cada lugar possível, quartos, salas, cozinhas, até banheiros, e nada.

Não posso ter me enganado, já joguei fora tempo demais, ajudando todos eles, enquanto a única coisa que eu quero é a verdade. A simples e pura verdade.

Percebo minha respiração cada vez mais ofegante, então me sento no chão para tentar me acalmar.

Bill vive mentindo para mim, mas é para meu bem, certo? Robin me enganou, mas foi para me proteger, não é? Não! É impossível transformar isso em algo bom.

Me levanto com um pulo quando escuto vozes. Bill e...

Keven?

Ele não havia morrido?
Keven está vivo?!

Escuto os passos ainda mais perto, então abro a porta de um cômodo ao lado, e entro sem nem saber onde estou.

- Vem, entra!
Então quem roubou a arma da minha casa foi Keven? Achava que tinha sido Poul...

Ele deve ser só um pouco mais velho que eu, com certeza nunca conheceu meus pais, mas Bill sim...

Escuto a porta sendo aberta, e procuro um lugar para me esconder.

Tem uma cama, um guarda-roupa, e uma mesa, pelo visto estou em um quarto, mas como não tenho tempo para pensar, decido entrar no mais perto, o guarda roupa.

Fecho a porta do guarda-roupa rápido, tudo fica escuro, e meu coração bate mais forte, com as lembranças mais dolorosas da minha vida.

- Papai, o que tá acontecendo?
Pergunto com o Teddy, meu ursinho em mãos.

- Calma minha princesa, vai ficar tudo bem.
Meu papai diz gentilmente, tentando me acalmar dos barulhos estranhos...

Minha mãe se aproxima e se agacha para falar comigo.

- Que tal brincar de esconde-esconde? Na cama não vale, porque a cama é uma nuvem, e alguém pode te ver de cima, e de baixo dela...

Mamãe está com medo? Como ela quer que não me assunto, se está assustada?

Meu pai também se agacha, e me dá um beijo na testa.

- Para o guarda-roupa! Não é de nós que você tem que se esconder, então só saía quando mandarmos. Nós te amamos muito, minha princesa.

- Muito mesmo.
Minha mamãe completa, me dando um beijo em minha testa, ela passa a mão no seu rosto, para não chorar em minha frente.

Escuto um barulho alto perto de nós, então corro para o guarda-roupa.

Se eu soubesse, que aquela era a última vez que eu ia ouvi-los dizer que me amavam, não teria corrido, teria respondido, até se custasse a minha própria vida...

- Todos estão ocupados com o tiroteio, ninguém vai nós ouvir.
A voz de Bill me traz de uma realidade dolorosa, para outra.

- Eu fiz o que você pediu. Mas agora, cadê o meu dinheiro?
A voz de Keven repercute pelo quarto, e não sai tão abafada por causa de está falando alto.
- Acho que eu vou ter que te pagar de outro jeito.

Um barulho alto me fez fechar os olhos, um tiro.

Bill matou Keven, para esconder sei lá o que seja.

De uma coisa é certa, Bill tem segredos sobre meus pais.

Mas que mais me assuta é a possibilidade...

Dele ter os matado.