ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀ

Um novo começo

O silêncio prevalece na sala, mas Jean mexe seus lábios calmamente, quebrando o silêncio no ambiente.
— Vamos começar com o fato que ninguém tem coragem de admitir, você dormiu por uma semana e 4 dias.

Engulo em seco e respiro fundo. Uma semana e quatro dias, tantas coisas poderiam ter sido feitas nesse tempo.

Foram feitas?

Ou foram paradas por minha ausência?

— Alguma mudança?
Jean franze rapidamente a testa, surpreso com a minha calma diante a tal revelação.

Há um mês atrás eu teria ficado apavorada, com medo do que poderia ter perdido, mas eu não sou mais aquela garotinha assustada de antes.

Agora sei a verdade, que tenho pai, pessoas em que posso confiar mesmo com o amanhã incerto.

O medo ainda me angustia, mas já sobrevivi coisas demais para morrer na praia.

— O homem do acidente foi preso, e ele era parte de um plano da ScorKing.
Jean diz e Robin pega alguns papéis em uma gaveta.

— E que plano seria esse?
Pergunto, observando cada movimento de Hood com os papéis.

— Matar o Lorenzo.
Robin diz e coloca um bilhete em minha mão, o abro e leio em voz alta.

— Já foi mais um.
Bill finalmente sai do transe e me explica.
— Eles querem matar os líderes.

Jean continua e acho um pouco fofo eles ficarem alternado as falas, mas o assunto quebra qualquer sorriso que poderia sair de meu rosto.

— Mataram Alejandro e Luna, tentaram matar Bill, mas você não estava lá, e só não tentam mata-lo de novo porque a toca já são deles. E agora sou um alvo, junto com você.

O que?

Eu não sou nenhuma líder ou algo do tipo.

Como se soubesse o que estou pensando, Robin responde.
— Você está interferindo no planos deles e agora está do lado dos Lorenzo.

Mas para atacarem o carro de Jean, tinham que saber sua identidade.

— Eles sabem quem Jean é...
Sussurro para mim mesma e Robin concorda. Logo em seguida o chefe diz.
— Somos um alvo Julie, então decidimos que é melhor você ser chamada de Michele.

Como se eu não tivesse escolha própria.

— Pois se chegar ao ouvido deles não tem importância, provavelmente desconfiariam, mas não te atacariam.
Completa e faço que sim com a cabeça.

— Ok.
A minha concordância faz Bill suspirar aliviado.
— Nesse tempo vocês os atacaram?

Todos ficam calados e me levanto da cadeira.
— Foi o que eu pensei, não dá mais para esperar, não importa se o plano está incompleto ou não, vamos atacar.

Bill abre a boca para discordar, mas o interrompo.
— Se demoramos mais Jean pode morrer! Eu posso morrer! Algum de vocês pode morrer! E eu não vou deixar mais nenhum cadáver entrar na lista da ScorKing.

Robin finalmente se impõe, colocando fotos em minha frente.
— Estudamos a rotina deles, toda segunda-feira uma carga de armas chegam em um caminhão, vamos atacar ao amanhecer.

Olho o que Hood colocou na mesa, e percebo que são fotográfias de vários ângulos de um caminhão escrito "Granja".

É meio estranho, mas um ótimo disfarce, continuo analisando enquanto Jean prossegue.
— Alguns dos nossos vão usar de cavalo de Tróia, enquanto outros usam o túnel.

Finalmente uma boa idéia.

— Quem são a equipe?
Bill sorri e começa a citar nomes, ele sempre gostou dessa parte. A maioria não conheço, então me atento aos conhecidos.
— Lucy, Will, Tyler, Julian e Carter.

Carter é aquele que me ajudou a chegar no apartamento de Lucy.

— E claro, nós.
Complementa e Jean pega a planta.
— Como você já sabe, faremos uma invasão, então entremos aqui.

Aponta em um canto do mapa.
— Depois seguiremos por aqui. E prosseguimos aqui.
Continua apontando para os círculo vermelhos.

Depois da atualização decidimos que faremos o início do plano inicial, mas algumas coisas serão mudadas.

Como hoje é sábado ainda temos tempo, amanhã vamos treinar um pouco a equipe e terá uma organização geral, definindo quem estará no caminhão de Tróia, e quem ficará nas sombras.

— Quando o plano estiver completo, a polícia assume.
Finaliza Jean, olhando para Robin. Sei que não confiam um no outro, acho que nem eu confio neles.

— Amanhã será um longo dia, descansem.
Lorenzo complementa, direcionando-se para mim.

Já descansei o suficiente.

Mas ao envés de descordar, apenas viro de costas, indo em direção a porta.

Acho que cada um já me conhece o suficiente, para saber o que eu vou, ou não fazer.

Começo a andar pela a fortaleza, analisando tudo que pode ser usado ao nosso favor, ou contra nós.

Eles nós odiaram por tanto tempo, uma aliança temporária não vai acabar com isso.

Entro em um corredor e encontro alguns quadros pendurados na parede, cada um contém uma pessoa.

Quem são eles?

Continuo andando pelo corredor, olhando os vários retratos, porém um me chama atenção.

Um homem de cabelo escuros e olhos verdes, se fossem azuis poderia até dizer que é Jean. Se parece muito com ele.

Coloco a mão na moldura e continuo a analisar.

— O que você está fazendo aqui?
Me assusto ao escutar uma voz, onde até então tinha silêncio.
— Bill está te procurando.
Me viro para o homem nas sombras, e me encosto na parede.

— Ele é seu pai, Jean?
Pergunto para o Lorenzo que sai da escuridão, e anda a passos lentos em minha direção.
— Sim ele é.

— Então o famoso empresário não comanda a máfia sozinho?
Suponho e volto a olhar para o quadro.
— Ele morreu, Julie.

Julie?

— Não posso dizer que sinto muito, mas entendo.
Ele chega mais perto e para ao meu lado.
— Não te contaram?
Questiona, e me viro para ele.

Não me contaram o que?

Ao perceber minha cara, descobre minha resposta.
— Não é só a ScorKing que mataram pessoas, vocês também fizeram isso...

Matar, eu sei que matavamos... Mas O Lorenzo?

Como que eu nunca soube que matamos um chefe?