A troca

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O que? Do que Bill está falando?...

Obviamente ele tem algo haver com a toca ser da ScorKing agora, mas...

Keven, a arma, o retrato, o que tem haver com isso?

— Julie, a muito tempo eu estava fugindo, tentei administrar a toca as escondidas, e ficamos mudando de casa em casa, mas sempre por perto.

Eu lembro, sempre acontecia alguma coisa com a casa e a gente ia embora.

Infestação de ratos, a casa era muito pequena, água suja, qualquer desculpa boba.

Antes eu só achava que Bill gostava de se mudar. Mas como sempre, eu estava enganada.

— Naquele dia... Que eles atiraram em mim, e eu só lembro de ver eles entrando em casa e você no quarto.
Ele a baixa a cabeça com a lembrança.

E fala sem olhar para mim.
— Você só está bem hoje porque eu falei com Keven, que se algo acontecesse, era para ele te mandar para o orfanato, pois o dono dele é um dos nossos.

Então não foi polícias que me tiraram de lá, foi Keven e mais uns deles...

Ele me salvou, mas teve o mesmo destino de todos que tentaram me salvar.

— Fui levado ao hospital e quando acordei a ScorKing estava lá, me esperando acordar.
Essa máfia tem mais contatos do que eu imaginava.

— Me disseram que eu podia ser útil... Que eu iria comandar a máfia, e quando estiverem prontos, eu iria dar de livre e espontânea vontade.

Que irônico.

Ele finalmente olha para mim, e tenho medo do que vai dizer.
— Em troca, eles deixariam eu e você vivos.

E depois o que? Tentar nós matar como agora?

— Na hora aceitei, estava desesperado, mas eles usaram isso para me ameaçar várias vezes. E eu tive que fazer coisas que me arrependo, mas nada justifica o que eu fiz.

Me levanto e me encosto na mesa da cozinha, observando Bill e tentando imaginar todas as coisas que ele fez por sua vida, e pela minha.

— O que eles disseram, para te fazer matar Keven?
Bill também se levanta surpreso, e responde sem me perguntar como eu sei.
— Que ele sabia demais, e aqueles que sabiam precisavam ser mortos...

Desencosto da mesa e ando alguns passos até ele.
— E para te fazer mandá-lo pegar a arma?
Aponto o quatro, mantendo a todo momento minha postura ereta.

Seus olhos ficam cada vez mais arregalados, sabia que eu estava procurando, mas não que eu tinha achado alguma coisa.

— E o retrato?
Digo e Bill engole em seco.
— Você viu o retrato?
Concordo com a cabeça e ele respira fundo.

Agora ele já deve está ligando os pontos.

O barulho no guarda-roupa.

Bill fecha os olhos por um breve momento, analisando, e prossegue.
— Segundo eles, Alejandro revidou, mas apenas deixaram a arma no lugar.
Eu sabia que meu pai não seria "atacado" sem lutar.

— Você estava procurando e me mandaram deixar você quieta, mas eu não fiz. Então tive que concertar de outro jeito, pegando a arma.

Ou melhor, mandando Keven pegar.

— As coisas começaram a piorar, e eles disseram para matar Keven... Depois fui conversar com eles e falaram que não precisavam mais de mim, que a toca era deles agora.

E em breve a fortaleza também será.

— Tentaram me matar, mas não conseguiram e eu fugi como um covarde, procurei minha arma e fiquei no quarto.
Ele vai para um pouco mais perto, e hesito de pegar sua mão, ou lhe abraçar.

— Estava pronto para morrer, então na primeira batida abri e vi você lá. Encarei com uma nova chance, a última, e não vou desperdiçar.
Dessa vez não hesito, o abraço.

Sempre achei que tinha passado por tudo isso sozinha, mas realmente ele sempre esteve lá.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora