Um dia difícil

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Me levanto da mesa rápido e os inimigos da mesa ao lado fazem o mesmo. Quando Jean tenta fazer sair da cadeira a mulher aponta sua pistola para ele.

Tiro a minha do vestido colado e coloco na nuca da garota.
- Não se mexa.
A ameaço e os outros se aproximam. Sem tirar a arma dali pego com a outra mão uma faca sobre a mesa, e aponto para os ScorKing.

- Abaixa a arma!
Digo em alto e bom som, os clientes do restaurante olham assustados. Provavelmente acham que é um assalto meio confuso.

- Melhor você abaixar.
Ouço uma voz atrás de mim, colocando algo na minha cabeça, um revólver. A voz grave me faz estremecer.

- Bom, acho que não.
Digo me abaixando rápido, tirando o objeto de minha cabeça, e consequentemente da garota.

Assim que saio da mira do homem alto atiro em seu ombro, fazendo as pessoas gritarem e começarem a correr. A mulher se vira para ver se companheiro caído, e Jean consegue sacar sua arma e atirar em sua barriga.

Depois da mulher também cair ouço um tiro de bala, mas não vem de nossas armas. Os outros quatros ainda estão aqui, em maioria. Por enquanto.

Jogo a faca que seguro em um dos homens, que tenta fugir mais acerto de raspão em seu braço, gerando um pequeno arranhão.

A faca continua sem rumo, e esfaqueia a costela de uma mulher loira, também ScorKing.

Assim que Jean cuida do que foge, o penúltimo se joga no mar. Tento procurar o último homem, mas sinto uma lâmina em meu pescoço, acabo me assustando e minha arma cai ao lado de meus pés.

- Você deveria ter ouvido o Ralph.
Engulo em seco, porém só faz que a peixeira chegue mais perto da minha garganta. Jackles observa a cena, mirando em quem me segura.

- Abaixa a arma ou ela morre.
Ele hesita, entre o coração ou a razão. Sei que ele ficou próximo de mim esses dias, mas uma parte de mim quer que ele escolha a razão. Que vingue meus pais por mim, o escorpião vai nós matar de todo jeito.

Escuto algo sendo colocado no chão, percebendo Jean ajoelhado com as mãos para cima. Ele não devia ter feito isso.

Sinto o bafo do homem, que provavelmente sorri agora. Conseguiu um prêmio valioso para eles. Lorenzo foi um tolo.

- O chefe vai adorar isso.
Ele ri, deixando seu braço se mover diversas vezes, para mais perto do meu pescoço, e outras vezes para longe.

Aproveito quando tem uma distância razoável e dou uma cotovelada na parte direta de sua costela, que é a mesma que me ameaça. Ele puxa o braço, então saio da emboscada.

Pego minha arma do chão, ainda agachada atiro em seu peito, que sangra por baixo da camisa. Arregalo os olhos com o a situação.

Eu matei uma pessoa.

Ele cai duro ao chão e um garçom corre até nós, tentando ajudar o ScorKing.

Minha visão fica turva, tentando assimilar o que eu fiz.

Eu o matei...

Ando passos para trás e sinto uma mão em meu ombro. Saio de perto de Jean, pulando na água gélida.

Alguém também se joga e eu volto a superfície, batendo as pernas lentamente para flutuar sobre a água fria.
- Você está bem?
Lorenzo pergunta e ignoro a pergunta óbvia, nadando em direção ao cais.

Quando chego a ponte de embarque e desembarque, subo nela com certa dificuldade. Me sento em sua ponta, enxugando o cabelo.

O homem que me segue faz o mesmo, tirando seu paletó e o colete encharcado. Acho que isso é o que eu cheguei mais perto de vê-lo sem o terno, sua camisa molhada marca seu abdômen definido, mas mudo o olhar, sem conseguir esquecer o que acabou de acontecer.

- Julie...
O interrompo, tirando o colar e colocando em seu colo.
- Tome, agora vá embora. Preciso ficar sozinha.
Ele suspira e se levanta, indo em direção do carro.

Eu fiz o que menos queria, tirar a vida de alguém. A única pessoa que eu abriria essa excessão era o responsável da morte dos meus pais, eu estava disposta a viver com a culpa disso.

Mas de tirar de alguém que não tem nada haver com isso? Que só trabalha para a eles pelo dinheiro? Eu sou tão ruim quanto eles por isso.

Um vento forte invade a minha pele, me fazendo tremer e abraçar meu próprio corpo, tentando achar algum tipo de calor.

Escuto passos se aproximarem e um tecido quente me cobrir, levanto o meu olhar para um dos poucos mafiosos que confio, que estende a mão e finalmente aceito.

- Ele não era um santo, Julie. Matou tantas pessoas quanto a ScorKing matou, você apenas se defendeu.
Jean sabe o quanto odeio mortes e tenta me acalmar para que eu não me culpe, mas não faz tanto efeito.

- Fui um idiota por não ataca-lo, mas eu tive medo. Tive medo de te perder, Julie.
Abaixo a cabeça tentando raciocinar, e esconder uma lágrima que desce por minha face. Eu traí a mim mesma, e não sei se vou me perdoar.

Jean coloca a mão em meu rosto, o levantando lentamente e acariciando minha bochecha, que me alivia um pouco.

- Poderia ter sido pior.
Sorrio do seu jeito estranho de me consolar, normalmente as pessoas tentam colocar a culpa nelas mesmas para aliviar a do outro.

Coloco a minha mão sobre a dele, sentindo os seus dedos ainda úmidos e os alisando devagar, tentando sentir algo que desperte meu coração.

Jackles se aproxima e fecho os olhos, com a esperança que meu peito estremeça, que meu coração salte do meu peito, que eu sinta o que espero sentir.

Seus lábios encostam devagar nós meus, dançando na minha boca fria. Ele desliza sua mão para o meu cabelo, e coloco a minha em suas costas, o puxando para mim. Bata mais rápido, faça alguma coisa...

O distâncio devagar, saindo do seu beijo e me adrentando no seu peito, me acolhendo em um abraço.

- Vamos voltar.
Sussurro com a cabeça em baixo de seu queixo, devido a sua altura alta.
- Vamos...
Ele concorda abalado e pega suas coisas do chão, abrindo a porta do carro para que eu entre.

Sento no banco molhada, tentando fazer que o paletó aqueça o que o beijo não aqueceu.

Lorenzo nós leva de volta para toca, e caminho todo passamos em silêncio. Saio do carro apressadamente e vou em direção as escadas.

- Ju-Michele!
Ele me chama alto, mas se corrige a tempo para que ninguém escute. Paro de andar e dou a volta, indo até ele e entregando sua roupa.
- Obrigada, Jean.
Dou um beijo lento em sua bochecha, tentando compensar o que não aconteceu.

Subo as escadas e chego no corredor do quarto, que fica com uns pingos no chão por causa do vestido.

Eu preciso conversar com alguém...

Abro a porta do quarto de Bill e escuto uma risada feminina, entro um pouco mais e vejo Nancy e ele deitados na cama conversando algo.

Quando ele me vê arrega os olhos, mas fecho a porta rápido, deixando-o em paz.

Pelo menos a noite de alguém está melhor que a minha.

Tomo um banho demorado e visto uma roupa leve, me jogando na cama.

Eu não deveria ter retribuído, não devia nem ter ido.

Olho para o teto, tentando achar algum tipo de resposta, mas não encontro nenhuma. Então me viro de lado, me agarrando ao travesseiro e desligando o abajur.

Fecho os olhos, tentando esquecer o inesquecível.

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⏰ Última atualização: Jun 05, 2022 ⏰

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ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora