Quase lá

181 25 17
                                    

Eu estava certa, nesse tempo, que não sei quantos se passaram, Bill fez aliados.

E o motorista era um deles, quando cheguei na fortaleza não vi Jean, e muito menos Robin.

Outro homem me levou para um quarto qualquer, e mandou um enfermeiro da máfia me examinar, ele me recomendou repouso.

Mas estou fazendo exatamente o contrário, andando pela fortaleza procurando Bill ou Jean, para me atualizarem o plano.

Algumas pessoas passam por mim e me olham rapidamente, me deixando um pouco incomodada, mas finjo não ver.

Porém, uma delas me chama e vem até mim.
— Dama de vermelho!
Com um sorriso largo no rosto, de orelha á orelha, Cardan vem até mim.

Um sorriso gentil aparece em meu rosto, feliz por ver um rosto amigo.
— Onde Bill está?
Ao envés de responder, ele apenas franze a testa e me dá um braço.

Ele nunca me abraçou, por que agora?

Eu retribuo?

— Eu pensei que você nem iria acordar, e essa é a primeira coisa que você me diz? Nem para ser um: "Qual é o plano?", achava que você era do tipo independente.
Diz o mesmo, saindo do abraço que ele mesmo deu.

As vezes esqueço que estive em coma, e o tempo que não passou para mim, passou para eles.

Reviro os olhos e pergunto novamente.
— Onde está Bill?
Ele bufa, mas não de jeito irritado, e sim feliz de me ver.
— Eles querem que você repouse.
Antes que eu o contradiga, ele completa.

— Mas como eu sei que você não vai parar de me perguntar, ou procurar sozinha, vou facilitar o seu trabalho. No escritório do Lorenzo.
Dou um sorriso rápido, e ando em direção ao nada.

Na última vez que fui lá era acompanhada dos capangas dele, não lembro muito bem do caminho, mas tento chegar na intuição.

Nós corredores do grande esconderijo não tão secreto, procuro detalhes na parede, cada rachadura ou buraco de bala, mas não encontro nada, apenas uma parede branca, linda e perfeita.

— Michele.
O enfermeiro diz ao me encontrar no caminho que eu mesma criei, pois ainda não sei por onde andar.

Até para ele Jean me chama assim?

— Você deveria está no quarto.
O ignoro e continuo andando.
— Preciso avisar ao Lorenzo.
O mesmo sussurra baixo, mas o bastante para eu ouvir. Finjo entrar em um corredor, e o homem entra em outro.

Você será meu guia.

O sigo a cada curva, cômodo, e corredores que ele passa, algumas vezes ele olha para trás desconfiado, mas consigo me esconder a tempo.

Ele bate na porta de madeira que reconheço, e Bill a abre.

Finalmente meu trabalho de espiã que deu certo.

— O que você está fazendo aqui? Deveria estar cuidando da minha filha.
Ele saí de dentro do escritório e fecha a porta, para quem que estiver lá dentro não o ouça. E eu me mantenho escondida.

— Ela está...
Antes que o enfermeiro complete, saio do corredor de onde estava, e termino por ele.
— Aqui.

Bill vem até mim a passos apressados, com medo que eu possa cair a qualquer momento, ou algo assim.
— Ju... Michele...

Michele? Bill está bem?

Antes que ele fale o que quer que seja, passo por ele e abro a porta. Eles não podem me deixar de fora das reuniões.

Quando entro dou de cara com Jean em sua cadeira giratória, e o Robin ao seu lado estudando as plantas.
— Não vão me dar um oi?
Digo e ao escutarem minha voz levantam a cabeça, e olham para a garota que acabou de sair do coma.

— Julie.
— Michele.
Os dois dizem na mesma hora e dão sorrisos que reconheço. O de Robin é mais delicado, com leveza e simpatia, é como se esse gesto tão solene, podesse me acalmar em todos os momentos difíceis.

Já o de Jean é com mais atrevimento, malícia, que me puxa para o perigo, como se dissesse sim para tudo aquilo que eu desejasse.

— Posso saber o por que de vocês não irem ao hospital? E não me chamarem para essa pequena reunião?
Bill entra na sala, fechando rapidamente a porta.

— Você ainda não está bem, Michele.
Jean diz se levantando da cadeira.
— Por que vocês estão me chamando de Michele?

Antes que Lorenzo responda, o corto.
— Você eu já sei, mas por que até Bill está?
Jean sorri da minha cara.

Bill vem para perto com tanto cuidado, que nem escuto seu calcanhar bater no piso de madeira.

— Decidimos que é melhor manter sua identidade preservada.
Respiro fundo, e dou um passo em direção a cadeira em minha frente.

Mas ao envés de minha perna ficar firme ao pisar no chão, ela desestabiliza, ficando bamba e desorientada.

Quase caio no chão, e Bill corre até mim, Jean se levanta da sua cadeira com tudo, e Robin tenta me segurar. Mas eu me ergo sozinha.
— Eu cuido da minha identidade, e de mim mesma.

Digo firme, já totalmente de pé, minha voz sai confiante e com autoridade, fazendo eles não me questionarem, apenas me observar sentar na cadeira, em frente de Jean.

O Lorenzo sorri por eu ter falado o que penso, Hood faz o mesmo com orgulho e compreendimento, mas já Bill seus olhos esborra preocupação.

— Onde estávamos?
Pergunto, com um sorriso de lado.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora