Primeira rodada

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Dou de costas e passo pela porta, Jean faz o mesmo.

Mas quando dou um passo longe do mercadinho ele para.
— Achei que você quisesse saber como descobri.

Me viro para o Lorenzo e ando em sua direção, porém ele da passos para trás, recuando.
— Eu quero, então se você puder se apressar. Me siga.

Jean dá um sorriso meio de lado, e me responde de um jeito formal.
— Como posso saber se isso não é uma armadilha?
Bufo e me viro de novo.

Não deu nem tempo de arrumar uma armadilha.

Como que eu ia saber que ele era um Lorenzo?

— Você não sabe. Mas vou lhe dar um dica
Dou uma pausa e o olho por cima do ombro.
— Eu tive tempo para montar uma armadilha?
Ele inspira rápido e vai em direção de um carro.

Ele vai embora?

Quer saber? Vou voltar para casa.

Começo a sair dali, mas ouço o barulho de motor ligado, e um carro preto que para ao meu lado.
— Você não vem?
Jean abaixa o vidro e gesticula com a cabeça para que eu entre.

O que ele poderia fazer? Me matar? Me usar de moeda de troca?

Não.

Ele quer me ouvir do mesmo jeito que quero escuta-lo.

Então por que não?

Entro e me sento no banco da frente. Ele da um breve sorriso e vai em direção a rua movimentada.

Olho para ele e abro o porta-luvas.
— O que vocês está fazendo? Não sabia que a curiosidade matou o gato?
Diz enquanto estaciona, mas continuo vasculhando.

Sabia.

Nem um mafioso anda desarmado.

— O gato também pode matar.
Pego a arma que estava escondida entre alguns papéis, e ele sorri novamente.

O que garotos tem com sorrisos?

Eu em, parecem que só sabem fazer isso.

Não deveria ter dito para ele sorrir mais.

Agora sorri exeradamente.

Tiro as balas da arma e percebo que só tem duas, depois guardo a arma no lugar.

Desço do carro e percebo que estamos em uma cafeteria.
— Esse lugar não é seu não é? Porque eu não vou entrar em um lugar controlado por Lorenzo's.
Ele balança a cabeça em não.

Você estava em um carro de um, sua tonta.

Entro no lugar simples e chique, que está repletos de pessoas comendo e bebendo.

Me sento em uma cadeira perto da janela, e ele senta em minha frente.

Jean pede dois capuccinos expressos a garçonete, e antes que eu mal possa a respirar, ele começa várias perguntas com sua voz formal e autoritária.

— Por que vocês roubaram o meu colar?
Ah, nada não, nem foi vocês que roubaram algo nosso primeiro.

Antes que eu possa responder, ele responde.
— Ah, foi para repor o dinheiro que "desapareceu".
O mesmos faz sinal de aspas e já começa a próxima pergunta.

— Por que você apareceu derrepente?
O que é isso? Estou em um interrogatório por acaso?

E novamente, quando vou responder ele responde de novo. Já está começando a me irritar.
—  Talvez porque o tempo no orfanato acabou.

Como que ele sabe de tudo isso?

Quando ele vai começar a próxima o interrompo.
— Se você continuar fazendo perguntas retóricas eu vou embora. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Digo me levantando e ele agarra meu braço, me fazendo sentar novamente.

— Desculpe.
O chefe de uma das maiores mafias do país me pedindo desculpas?
— Mas essa pergunta eu não tenho resposta. E acho que você tem.

Ele perde a postura de burguês, mesmo com o seu chique terno. Se inclina para frente, prestando atenção na minha reação e na minha resposta.
— Que diabos é ScorKing?

Ele me ouviu?...

Bill vai me matar, antes que a ScorKing tenha a oportunidade de fazer isso.

Fico em choque e não digo nada.
— Vamos Julie, diga! Sei que eles estão por toda a parte! Na minha máfia, e até que roubaram o seu esconderijo. Qual o nome mesmo? Toca?

A garçonete chega e ele se ajeita na cadeira, pego o meu capuccino e bebo um gole tão grande, que chega a queimar minha garganta.

Assim que ela sai embora, me aproximo, o encarando.
— Eu vou contar tudo o que você quiser. Mas quero uma coisa em troca, um acordo, e não vou aceitar não como resposta.

Antes que eu diga o que é, ele responde.
— Eu aceito.

Ótimo! Que os jogos comecem.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora