A carta

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Uma bala quebra a janela, e por um rápido instante percebo que está vindo em minha direção.

Mas ao envés de desviar, fecho os olhos.

Espero a bala vim, mas apenas sou empurrada longe.

Abro os olhos e vejo Bill se jogando em mim, me fazendo cair no chão para não ser atingida.

Já no chão, meu coração continua acelerado, com medo que meu pai, tenha morrido em meu lugar.

— Bill! Bill!
Digo sem pensar, mas ele se levanta e me puxa para a sala. Ficamos lá agachados, prestando atenção se alguém está por perto.

Ele fica atento, mas eu apenas o observo, analisando se está machucado.

Eu poderia ter morrido!

Bill poderia ter morrido!

Quando ele se levanta percebendo que não tem ninguém, faço o mesmo.

Assim que fico de pé, o abraço.

Não posso perder mais alguém de novo.

Já perdi gente demais, e não vou deixar mais alguém ir.

Ele retribui e sussurro em seu ouvido.
— Na próxima, por favor, me deixe morrer.
Não é como um pedido de suicídio que digo isso, mas como uma súplica.

Não quero ver mais alguém morrer por mim.

Ele se afasta e faz que não com a cabeça, depois olha para o vidro quebrado na janela, focando no assunto anterior.

— Lorenzos.
Sinceramente, não acho que seja os Lorenzo, Jean pareceu ter gostado bastante do acordo, pois segundo ele já estava tentando destruir a ScorKing, mas ela era grande demais, até para eles.

— Uma bala perdida, Bill.
Ele bufa e volta a se sentar, ignorando completamente a bala no chão.
— Quem é o Lorenzo?
Agora é a minha vez de bufar.

Sei que ele é o nosso inimigo há anos, nós roubaram, nós atacaram, e mataram alguns dos nossos. Mas para que esse ódio todo?

— É quem você já sabe, um mafioso que não quer sua identidade revelada, e não sou eu que vai revelar.
Faremos reuniões, e ele não pode participar escondendo o rosto.

Bill se levanta bruscamente e vocifera.
— Eu não aceito o acordo!
O quê? O acordo já foi aceito. E é preciso, não vão ser uma briga antiga que vai quebrar isso!

— Por que não? Não temos outras opções! Então, sim! O acordo continuará!
Ele revira os olhos e para a minha surpresa, concorda com a cabeça.

Vou para o meu antigo quarto, que agora estou dormindo, e me deito na cama ainda um pouco suja.

Será que Bill está certo?

Jean também não deve ter esquecido uma briga tão antiga.

Me ajeito na cama e tento dormir. Quando acordo percebo que ainda estou de sapato, os tiro e vou tomar um banho.

Bill aceitou fácil demais.

Tem algo errado.

Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha, visto outra roupa de minha mãe e saio do quarto.

Pego a caixa de antes e começo a organizar as armas. Deve ter umas 23 aqui.

Ouço duas batidas na porta, e pego uma delas, vou em direção a porta devagar e a abro.

Olho ao redor e percebo que não tem ninguém, decido entrar de novo, mas antes de fechar a porta uma carta quase voa do chão.

A pego e entro, me viro para a cozinha e vejo Bill que está encostado na parede, enquanto enxuga um copo.

Ele me olha intrigado ao perceber o envelope em minhas mãos.

— Uma carta? Quem ainda escreve cartas?
Ele pergunta e eu concordo em silêncio, para que uma carta se veio alguém aqui?

Analiso o papel branco, e percebo que o que o fecha tem vários L's de diferentes tamanhos.

Lorenzo. Ou como agora posso chama-lo, Jean.

Bill bota o copo na mesa e vem até mim.
Decido ler em voz alta para que ele sabia o que tem, pois é melhor eu leia do que ele.

Vai que tem algo que ele não possa saber, então é só eu pular.
— Olá
Mal começo a ler, e já tem coisa que não posso falar, no caso, "Michele".

Dou uma tosse falsa e continuo.
— Julie. Como o combinado, nós encontraremos na fortaleza, as 18:00hrs da noite, quero que saiba que sou pontual, um minuto de atraso e o portão será fechado. Peço que vá sozinha...

Bill arregala os olhos e faz que não com a cabeça, quase tomando o papel da minha mão, mas o puxo para mim.

— Calma, eu vou sozinha, porém te conto o que acontecer.
Ele dá um sorriso amarelo e dá de costas, me deixando sozinha na cozinha.

Bill não gostou nada disso e está tramando alguma coisa.

Preciso urgentemente descobrir o que é, para eu o impeça, ou se não os nosso planos irão por água a baixo.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora