Pronta

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Me aproximo dele e tento tirar essa história a limpo.
- Por que ele morreu?
Jean inspira lentamente e tenta evitar a pergunta.
- É melhor você descansar.

Ele fala um negócio desse e quer me deixar curiosa?

Cruzo os braços, mas tento ser mais delicada possível.
- Eu sei que é difícil, mas vai deixar o gato morrer de curiosidade?
Dou um pequeno sorriso, tentando amenizar a situação.

- Acho que o gato precisa descansar.
Ele retribui o sorriso, visivelmente abalado.

Vou descobrir de todo jeito, e sei que ele não está bem. É melhor eu ir.

Faço que sim com a cabeça e começo a sair do corredor, mas no caminho Jean me chama.
- Michele!
Me viro em sua direção, porém me mantenho no lugar.

- Boa noite.
Diz e segue seu caminho.
- Boa noite.
Sussurro e vou até quarto.

Chegando onde vou dormir tiro as roupas que me deram, já que eu vim com a roupa do hospital, e as que eu estava ficaram lá.

Também não poderia ficar usando as coisas da minha mãe para sempre, de certo modo fico feliz com isso, mas por outro lado dói mais ainda.

Entro no banheiro e tomo um banho demorado, visto uma roupa confortável e me sento na cama estranha.

Enquanto algumas coisas se resolvem, outros mistérios aparecem.

Ouço batidas na morta e me levanto da cama, procuro uma arma mas não acho.

Vou devagar até a porta, e coloco a mão para trás, para quem estiver do lado de fora achar que estou armada.

A abro lentamente, e depois a escancaro, porém não encontro ninguém.

Olho para um lado e só vejo um corredor escuro e vazio, mas quando olho para o outro tomo um susto com o ser ao meu lado.

- Que susto! Por que não disse que era você?
O mesmo se desencosta da parede, e fica em minha frente.
- Você demorou então fui me apoiar né, filha.

Respiro fundo, tentando me recuperar do susto, quando consigo entro no quarto, praticamente o convidando.

- Vocês mataram o Lorenzo?
Digo direta, já ia pergunta-lo de todo jeito, só veio facilitar o trabalho.

- Que? Por que matariamos o Jackles?
Ele entra e fecha a porta, se fazendo de desentendido.
- Você sabe do que estou falando, o outro Jackles.

Bill vem até mim, mas passa direto, se sentando na cama. Folgado.
- Ah, o outro Lorenzo, é estranho não saber o nome do seu inimigo.

Me sento ao seu lado e insisto mais um pouco.
- Sim é estranho, mas porquê?
Ele suspira e responde.
- Em um confronto.

Todos morrem em um confronto, com a máfia, com doenças, com o coração, sempre é alguma luta perdida.

- Você já estava no orfanato quando aconteceu. Tentamos rouba-los, mas não sabíamos que era uma emboscada, eles haviam deixando tudo em evidência, muito fácil, tudo isso para destruir a nossa máfia de uma vez.

Tenho que confessar que os Jackles são bons em planos.

- Eu e ele lutamos, um deles tentou atirar em mim, mas joguei o Lorenzo na frente, o matando.
Ele para e me olha, finilazando a história.

Se é verdade eu não sei, mas darei esse voto de confiança a Bill.

Nós éramos inimigos pelo simples fato de estarmos de lados opostos, agora sei que também temos outras disavenças.

Ao envés de olho-lo nós olhos desvio para sua mão, finalmente percebendo o que ele carrega.

- As coisas do hospital.
Ele diz enquanto coloca tudo no meio de nós. Pego a fita vermelha e dou um sorriso.
- Cardan foi fazer uma visita e deixou isso lá, não faço a mínima ideia do porquê.
Mas eu sei. Dama de vermelho.

Vou pegar o colar e Bill puxa para si.
- Por que isso estava lá? E porque Jean deixou se nem estava com ele? Ou estava?
Reviro os olhos e pego a jóia de sua mão, colocando na mesa ao lado da cama.

Pego o próximo, ignorando as perguntas de Bill. Um pedaço de madeira? Por que colocariam um pedaço de...

Viro o objeto e percebo que é um cabo, uma cabo de uma faca. Robin. Provavelmente a outra parte não é permitido no hospital.

Surge outro sorriso em meu rosto, que só se alargar a ver o último.
- Teddy.
Digo me deitando na cama abraçada a ele.
- Sabia que o nome dele era esse.
Bill diz se levantando para me dá espaço.

- Você se lembra da música que minha mãe cantava?
Pergunto enquanto me arrumo na cama.
- Um pouco.

Respiro profundamente, sei que vou me arrepender disso, mas acho que ele merece depois de tudo. Eu também mereço.

- Canta para mim?
Ele engole em seco e esconde um sorriso. Me viro de costas para ele, já me arrependendo de ter perguntado.

Escuto a porta do quarto sendo fechada e me sinto sozinha novamente. Não importa quanto eu tente, continuo sendo uma tola.

Sinto algo se mexendo na cama e olho por cima do ombro. Bill.

Ele se senta ao meu lado e abre um sorriso, que eu retribuo.

Coloco a cabeça um pouco acima de seu colo e em baixo de seu peito, uma mão repousa em minha cabeça, e ele cantorola enquanto a acaricia.

Me aconchego em si e descanso meus olhos, fazendo que lembranças invadam minha mente, me deixando reviver todos os momentos felizes em família.

ᴀ ғɪʟʜᴀ ᴅᴀ ᴍᴀғɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora