Capítulo 9

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Melissa Fortunato
O resto da nossa terça-feira foi bem longa, pois Guto ficou até tarde da noite treinando com seu cavalo. Fazia um tempo que ele não competia, e ele estava se julgando enferrujado. Acabou que só fomos pra casa às 23h. Eu que já estava de TPM, fiquei ainda mais irritada por ter que ficar até essas horas na escola.

-Amanhã eu venho com meu carro - digo enquanto passo o cinto de segurança sobre mim, quando entramos no carro para ir embora.
-Porque amor? - pergunta colocando o carro em movimento.
-Porque não quero ficar até essas horas da noite aqui atoa. - falo irritada.
-Foi só dessa vez amor, eu me empolguei - diz sorrindo - você sabe o quanto eu gosto de andar à cavalo.
-Eu sei, mas eu poderia estar em casa, vendo a novela, ou então lendo meus livros. Mas não, estava esperando o bonito!
-Você tá querendo brigar né Melissa?!
-Euuu? Que absurdo! - digo em um tom cínico.
-Não vou brigar com você - diz se concentrando na estrada.
-Já até prevejo o restante dos dias até essa maldita competição. Eu vou ficar em segundo plano pra você ficar treinando até altas horas da noite! - esbravejo.

Guto permanece olhando para estrada, com a expressão tranquila, como se não estivesse me escutando.

-Não é Gustavo? - pergunto irritada por estar me ignorando.

Ele continua sem me dar atenção.

-Que droga Gustavo! Fala comigo! - digo dando alguns socos no seu braço.

Guto continua intacto olhando para estrada. Aumento a força dos meus socos, até ele afastar um pouco o braço de minha mão.

-Você não vai parar enquanto não brigarmos né? - pergunta finalmente.
-Ah! Resolveu falar agora? Também não quero mais conversar!

Me viro para a janela, mas antes consigo ver um sorriso brotar em seus lábios.

Gustavo Sousa
Mel realmente estava impossível. Sempre é assim. Vai chegando sua TPM, e ela quer brigar por qualquer coisa. Cada mês tento achar uma estratégia para não acabarmos brigando por bobeira, mas todas fracassaram. Porém, essa funcionou. Ignorar é a melhor, deixa Mel ainda mais furiosa, mas logo ela se cansa e para de querer brigar.
Chegamos em casa, e ela nem esperou eu descer, entrou na frente, e se trancou no banheiro. Contei, e ela demorou 45 minutos lá dentro. Eu estava todo suado do treino com meu cavalo, mas não me irritei, qualquer coisa que eu falasse ela veria como motivo para brigarmos, e como eu queria dormir em paz, fiquei tranquilamente na varanda de nosso quarto, olhando a lua. Logo ela saiu do banheiro, e foi direto para cama. Eu entrei no banheiro e tomei meu banho calmamente. Quando saí, Mel estava deitada no celualar.

-Não vai comer nada? - pergunto vestindo uma cueca box.
-Não - responde sem olhar pra mim.

Vou pra cozinha, e como uma maçã, não estava afim de cozinhar nada. Volto pra cama, e Mel continuava no celular. Deito-me ao seu lado, e passo um de meus braços na sua cintura, ela não diz nada, e continua no celular. Acabo pegando no sono rápidamente, pois voltar a treinar, após tanto tempo parado, acabou comigo.

(...)

Nossa quarta-feira começou na correria pois acordamos atrasados. Chegamos correndo no trabalho e logo nos separamos, eu fui dar minhas aulas, e Mel foi pra sua sala. Na hora do almoço a secretária informou que eu tinha um almoço com um patrocinador da escola, então encomendei uma marmitex pra Mel, e passei na sua sala.

-Oi pequena - digo entrando.

Ela que estava concentrada no notebook, ergueu o olhar em minha direção. Logo um sorriso brotou em seus lábios, e ela tirou seus óculos de grau.

-Oi amor! - diz se levantando.
-Estava com saudades do seu bom humor - falo indo em sua direção.

Dou um beijo em sua boca, que à princípio começa calmo, mas logo se torna quente como fogo. Me afasto para pegar fôlego, e me sento em sua cadeira, puxando-a para o meu colo.

-Porque parou? - pergunta manhosa passando seus braços em meu pescoço.
-Tenho um compromisso - confiro a hora no relógio - daqui 40 minutos, e se eu continuasse, iria acabar te comendo em cima dessa mesa - sussurro a última parte em seu ouvido.
-Oh Deus! Que marido pevertido eu arrumei - diz fingindo estar espantada.
-Só um pouquinho - digo rindo.
-Mas me diz, que compromisso é esse? - pergunta curiosa.
-Um almoço com um patrocinador - digo sem dar muita importância - e trouxe seu almoço, já que sei que se eu não te trazer comida, você vive de barras de cereais e de água.
-É claro! Tenho que manter o corpinho! - diz colocando uma das mão na cintura, como se estivesse modelando.
-Você é linda de qualquer jeito - falo dando um selinho rápido nela - falando nisso, paramos de ir na academia né?
-É, estamos saindo muito tarde daqui - fala dando os ombros.
-Podemos sair mais cedo se quiser. Falando em sair tarde, você ontem estava terrível! - digo rindo, me lembrando do bom humor da minha esposa ontem.
-Ah Guto! Você sabe, estou naqueles dias - diz descupando-se.
-Eu sei princesa, eu te perdou - falo abraçando-a.
-Eu amo você - sussurra beijando meu cabelo.
-Eu amo bem mais!

(...)

Depois que chego do almoço com o patrocinador, vou direto para a sala da Mel. Ela já tinha terminado todo seu trabalho do dia, então resolvemos ir ao orfanato ver os meninos. Durante o caminho começamos a pensar em que lugar levá-los.

-O que acha de levarmos eles em casa? - pergunta Mel animada.
-Pode ser amor, mas nossa casa não tem nada pra criança, a não ser a piscina - lembro-a.
-Já sei! Vamos comprar tintas e cartolinas, e fazer um desenho com eles.
-Pode ser, a ideia é bem interessante - digo sorrindo.
-E depois, um banho de piscina caí bem.
-Tem razão, com esse calorão!

Melissa Fortunato
Chegamos no orfanato, e logo Carmen veio nos atender.

-Oi casal! - diz sorrindo enquanto abre o portão.
-Oi Carmen - comprimento simpática.
-Pensei que não viriam mais... Tadinho dos meninos, ficaram tão tristes.
-Só não viemos segunda nem terça, por causa da correria no trabalho - explica Guto.
-Eu entendo, mas eles não né?! Mas com um pouco de atenção e carinho, eles já perdoam vocês - diz sorrindo.
-Espero - digo um tanto preocupada.
-Eles devem estar no quintal - informa Carmen.
-Certo, estamos indo procurá-los - digo puxando Guto pela mão.

Fomos em direção ao quintal, e logo avistamos Enzo e Henry no mesmo banco que os vemos na primeira vez. Quando nos vê, Enzo abre o maior sorriso.

-Tia! - grita se levantando do banco e correndo em nossa direção.

Eu me agacho e abro os braços para recebê-lo. Quando recebo seu corpinho quente colado ao meu, abraço-o com força cheirando seu cabelo.

-Achei que vocês nunca mais iam aparecer - diz Henry ao nosso lado.
-É que segunda trabalhamos até tarde, e ontem, a mocinha aqui, estava de mal humor - diz Guto aos meninos que caem na gargalhada - eu não mereço um abraço gostoso desse? - pergunta Guto ao Enzo.

O pequeno corre em direção à Guto, e se joga em seus braços.

-Estamos pensando em levar vocês para conhecer a nossa casa - digo depois de dar um beijo na bochecha de Henry.
-Legal - diz sorrindo.
-Então vamos, pois quero aproveitar bem o resto do dia - diz Guto animado.

Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&GutoOnde histórias criam vida. Descubra agora