Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&Guto

Capítulo 43

Gustavo Sousa
Nosso domingo foi tranquilo, passamos mais um dia em casa, ultimamente as coisas andam tão corridas para nós que nos finais de semana nem estamos com disposição para sair. Henry estava irritado e grosso com Enzo, que por sua vez estava meio distante. Como de uma dia para o outro tudo muda completamente para pior? Mel ficava no meio de tudo, imparcial, querendo fazer com que nossa família voltasse a ficar como estava, mas todo o sacrifício era em vão. Segunda-feira acordei com um péssimo humor matinal, pois levantei uma hora antes do meu horário habitual. Essa madrugada Ali estava impossível! Se dormiu meia hora foi muito, então acordei mais cedo no lugar da Mel para colocar os meninos na van que os leva para escola. Levantei da cama preguiçoso e antes de me trocar passei no quarto dos meninos.

-Enzo, Henry, hora de levantar - digo com a voz grossa pelo sono e vou para o banheiro.

Faço minha higiene e volto para o quarto. Henry já está quase pronto, mas Enzo ainda está sentado na cama de pijama.

-Porque não começou se arrumar ainda? - pergunto entrando no quarto e abrindo as janelas.
-Porque não alcanço o meu uniforme no guarda-roupa papai, e o Henry não está falando comigo - explica e logo após boceja.
-Muito feio da sua parte mocinho - repreendo o Henry indo pegar o uniforme para o Enzo.
-Não converso com traíras - Henry se defende penteando o cabelo em frente ao espelho.
-Não sou traira - diz Enzo com os olhos cheios de lágrimas - eu só quero saber onde está o nosso pai.
-SEU PAI! O MEU PAI SE CHAMA GUSTAVO. GUS. TA. VO! - grita Henry e fala meu nome pausadamente como se implorasse para que o Enzo entendesse.

Sinto meu peito inflar de orgulho paterno ao ver o amor do meu filho. Mas ao mesmo tempo sinto o chato nó na garganta sempre que me lembro desse assunto chamado: "pai de sangue dos meninos".

Enzo seca algumas lágrimas que caíram involuntariamente e veste seu uniforme em silêncio, o ajudo a terminar de se arrumar sem dizer uma única palavra. Sinto-me desconfortável, e sinto-me pior ainda por sentir-me assim perto dos meus filhos. Isso nunca deveria acontecer.

Faço o café dos meninos e subo para me trocar e despedir-me da minha esposa e da minha princesinha. Primeiramente coloco minha roupa e depois passo na beirada da cama para dar um beijo na minhas meninas. Mel se mexe um pouco e abre os olhos preguiçosa.

-Estou indo pequena, até mais tarde - dou um selinho em sua boca e um beijo na testa da Ali.
-Vai com Deus, eu te amo - diz virando para o outro lado da cama e fechando os olhos.
-Amém, fica com Deus também. Amo vocês! - digo saindo do quarto.

Quando chego na sala os meninos já tinham terminado o café e estavam esperando a van.

-Só vou tomar um copo de leite - aviso caminhando até a cozinha.

Bebo meu leite e quando estou colocando o copo na pia ouço a buzina da van. Vou abrir a porta e aperto o botão do controle do portão e ele se abre.

-Tchau papai - diz Enzo indo para a van.
-Tchau pai, amo você - despede-se Henry dando-me um beijo no rosto.
-Tchau garotos, amo vocês.

Tranco a porta de casa e vou até meu carro.

(...)

O dia na escola começa a mil, logo que entro a secretária me informa que dois empresários estavam me esperando para uma reunião. Bastou isso para que minha agenda virasse uma bagunça. Atrasei todos os meus compromissos e tudo virou uma loucura. Alguns minutos antes do meu advogado chegar eu liguei para o Thales para saber como andava a filial lá em BH, depois de saber que tudo estava bem, inclusive com a Bea e o Biel eu atendi o meu advogado.

-Bom dia Sr. Sousa - cumprimenta-me meu advogado entrando em minha sala.
-Bom dia Dr. Johnson - estico minhas costas no encosto da cadeira.
-O Sr. me chamou para uma reunião, qual é o assunto a tratar?
-O meu filho mais novo quer saber onde está o pai de sangue - digo sentindo o nó na minha garganta.
-Aquele mesmo que batia neles quando menores? - pergunta em tom incrédulo olhando-me por cima dos óculos de grau.
-Exatamente - falo desviando o olhar - o Enzo, o meu menino menor está querendo saber dele, por isso que te chamei aqui.
-Sr. Sousa é um tanto complicado ir atrás desse homem. Primeiro que se ele requerir a guarda, e se ele estiver em uma boa condição financeira ele tem chances de conseguir. Segundo que, se ele se encontrar em uma situação complicada, como por exemplo precisando de dinheiro, é capaz que queira se aproveitar da situação.
-Eu estava pensando em achar esse homem primeiro, e se ele se encontar em uma situação precária informar ao Enzo que não o encontramos. Aí só se ele estiver vivendo em uma situação normal levar o Enzo para vê-lo - exponho minhas vontades respirando fundo.
-Sim Sr. Vai ser fácil encontrá-lo, até o fim de semana te envio notícias.
-Obrigado Dr. Johnson, era só isso mesmo.