Capítulo 35

1K 91 7
                                    

Melissa Fortunato
Depois do desastre do ensaio fotográfico, saí do estúdio sem ao menos olhar para trás e fui em direção ao playground buscar meus meninos. Eles brincavan na caixa de areia, fazendo um castelinho.

-Enzo, Henry, vamos embora - chamo de longe.

Sinto Guto aproximar-se de mim, mas não olho em sua direção. Os meninos despedem-se dos amiguinhos que fizeram, e vêem em minha direção sorrindo.

-Mamãe, eu fiz um castelo enorme. Pra eu, você, papai, e o Henry morar - conta Enzo empolgado.
-A é meu amor? - digo segurando em sua mão, e caminhando em direção ao estacionamento.

Guto segura a mão de Henry e caminhamos até o carro.

-Pega aquela flanela de limpar o vidro, pra eu tirar um pouco de areia dos meninos - peço ao Guto quando ele destrava o carro.

Ele procura mas diz que não achou nada, então tiro a calça jeans dos meninos, e deixo-os de cueca. Henry, como sempre, é o mais vergonhoso.

-Ai mãe, que vergonha! - reclama olhando para os dois lado do estacionamento, procurando alguém.
-Deixa de bobeira - digo prendendo seu cinto.
-Deixa eles com a roupa suja mesmo, depois mando o carro pra lavar - fala Guto.
-Já resolvi - digo seca.

(...)

O caminho até em casa foi feito em silêncio. Quando chegamos, coloquei os meninos para tomarem banho, tomei meu banho, preparei um lanche da tarde, e depois fui deitar. Falei com o Guto só o necessário, não queria discutir com ele na frente das crianças. Teríamos uma conversa muito séria, mas só a noite, quando os meninos estivessem dormindo, e não pudessem nos ouvir.
Entrei no quarto cansada, louca pra relaxar. Minhas costas e minhas pernas já estavam doendo, e eu estava louca por uma massagem do Guto, mas nem morta que eu iria pedir, afinal, estamos meio que brigados.
Quando achei que teria um momento de paz, escuto a porta do quarto se abrir. Recuso-me a abrir meus olhos, e continuo fingindo que estou dormindo.

-Sei que não está dormindo pequena - fala Guto sentando-se na cama.
-Estou sim - tento fazer uma voz de sono, o que só faz Guto rir.
-Vamos ficar de bem? - pergunta deitando-se ao meu lado, e abraçando minha cintura.
-Quem está de mal? - pergunto fingindo inocência.
-Você. Para de complicar as coisas - diz como se estivesse cansado.
-Você sabe que eu não vou esquecer isso, não sabe?
-O pior é que eu sei - diz derrotado.
-Então para de me atazanar. Deixa eu dormir que estou cansada - reclamo voltando a fechar os olhos.
-Não quero ficar assim com você...

Não respondo nada. Alguns minutos se passam.

-Fala comigo?! - implora feito um menino birrento.

Seguro-me para não rir, e não respondo de novo.

-Eu te amo sabia? - tenta mais uma vez.

Continuo com a minha greve do silêncio. Quando acho que venci, Guto fala novamente:

-Você não me ama? - finge uma falsa dor no tom de voz.
-Amo. Mas amo mais quando você está calado - digo sem abrir os olhos.
-Você não vai me perdoar tão fácil né? - pergunta triste.
-Você sabe que não.

Continuo com meus olhos fechados, e logo a canseira me consome e caio em um sono profundo. Durmo feita uma pedra! Quando acordo já está a noite, e escuto barulho de conversas, gritos de crianças, bola batendo... Quando morei aqui, acabei acostumando-me com toda essa barulhera, pois a noite sempre é assim. O pessoal caminha pelo condominio, joga bola, as crianças vão para o playground, e é uma agitação só. Levanto-me preguiçosa, mas já sinto-me descansada. Caminho até a varanda do quarto, e enquanto vejo as pessoas lá em baixo, cada um em seu mundo, em sua vida, permito-me a um momento reflexão, e penso no quando sou sortuda e no quanto amo meus meninos e o meu marido. Mas não vou amolecer. Guto merece um castigo pelo que ele fez. Vai que eu decido voltar a modelar, ele vai passar a me policiar? Nunca! Eu não admito isso! Ele tem que aprender a controlar esse ciumes doentio, senão a tendência é só piorar.
Sinto mãos abraçarem a minha cintura, e só pelo cheiro, sei que é meu filho mais velho. 

Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&GutoOnde histórias criam vida. Descubra agora