Capítulo 20

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Melissa Fortunato
Demora alguns minutos para que a polícia chegue, e antes de eu ser bombardeada com inúmeras perguntas, meu marido chega. Guto entra correndo pela porta, e quando nos vê, respira aliviado. Eu caminho até ele, e jogo-me em seus braços, que recebem-me com amor. As lágrimas voltam a rolar sobre meu rosto, eu ainda estava em choque. Guto passa as mãos espalmadas alisando meu cabelo, enquanto beija a minha testa sussura:

-Calma meu amor... O que houve?

Eu respiro fundo algumas vezes, e afasto-me de seus braços para olhar em seus olhos.

-A casa foi assaltada - digo finalmente.
-Com vocês aqui? - questiona começando a alterar-se.

Eu faço um balanço com a cabeça, em sinal de positivo, e Guto começa a olhar para mim, e para os meninos de forma desesperada.

-Machucaram vocês? - pergunta baixinho, como se estivesse com medo da resposta.
-Não - respondo e forço um sorriso em vão.
-Mas como conseguiram entrar aqui? Como o condomínio liberou a entrada? - questiona indignado.
-Senhor Gustavo, você sabe que o nosso sistema de segurança é eficiente, mas infelizmente deve ter ocorrido alguma falha - diz Thiago.

Os policias passeavam pela casa, sem prestar atenção em nossa discussão.

-Falha? NÃO PODE HAVER FALHAS! - explode Guto.
-Acalme-se senhor Gustavo, vamos reembolsar tudo que foi levado - diz Thiago passivo.

Guto caminha lentamente em direção ao Thiago, e por um momento eu tenho medo do que possa fazer, mas ele só diz calmo, mas sério:

-Não estou nem um pouco preocupado com o que levaram. O que me preocupa, é a vida da minha esposa e dos meus filhos que foram colocadas em risco.

Thiago não responde nada, e só afasta-se. Por um lado eu sei que ele, exclusivamente não tem culpa. Mas mew?! Como a segurança do condomínio teve uma falha dessas? É quase inacreditável!
Guto caminha até o sofá em que os meninos estavam, e senta-se, chamando-me para aproximar-me.

-Vem cá, preciso sentir vocês bem perto de mim - diz puxando-me para sentar em seu colo.

Os meninos encostaram-se em nós, e ficamos por um tempo assim, em silêncio, só curtindo a presença um do outro.

-Por favor dona Melissa, você pode acompanhar-nos até a delegacia para prestar depoimento? - pede um dos policiais.

Eu confirmo com a cabeça, levantando-me do colo de Guto. Não queria que os meninos viessem com a gente, mas o policial garantiu que seria coisa rápida. E eu até já imagino o porquê, com o serviço de justiça maravilhoso que temos nesse país, duvido muito que algum culpado seja preso.
Fomos para a delegacia escoltados pelas duas viaturas de policia, e enquanto eu prestava depoimento, Guto e os meninos que esperaram na entrada da delegacia. Quando eu finalmente vi-me livre daquele pesadelo, retornei ao carro, e parecia que o clima pesado foi substituído por uma aura mas tranquila.

-Pronto - digo entrando no carro.
-Foi tudo bem? - pergunta Guto colocando uma de suas mãos sobre a minha coxa.
-Foi. Só estou cansada, com fome, com medo... - digo baixinho a última parte.
-Fica calma amor - diz Guto abraçando-me - foi só um susto.
-Dessa vez. E dá próxima?
-Vamos dar um jeito - diz dando um beijo na minha testa - vocês não estão com fome? - ele pergunta-nos.
-Uhum, muita! - diz Enzo.
-Acabou que a comida queimou tudo - digo triste.
-Querem ir ao restaurante? - sugere Guto.
-Eu quero comer estrogonofe! - diz Henry.
-Eu também! - fala Enzo.
-Vocês só sabem comer isso - diz Guto rindo - vamos então.

Fomos para um restaurante perto de casa, e depois de alimentarmo-nos, ficamos conversando um pouco, enquanto os meninos comiam uma taça de sorvete. Eu não queria voltar para casa, tinha medo de que toda aquela situação acontecesse novamente. Guto conhecendo-me tão bem, notou que eu estava tensa.

-O que você tem pequena? - pergunta no meu ouvido.
-Nada amor - respondo sorrindo fraco.
-Eu sei que tem alguma coisa te encomodando, diz pra mim - sussurra com a voz doce.
-Tenho medo... De que aconteça de novo - desabafo.
-Hey - fala passando um dos braços sobre meu ombro - nada vai acontecer meu amor, vamos viver um dia de cada vez tá? - ele dá um beijo na minha testa.
-Mamãe, podemos ir embora? To cansado - diz Enzo deitando sua cabecinha na mesa.
-Podemos ir embora amor? - pergunta Guta a mim.
-Uma hora temos que ir né - digo soltando um forte suspiro.

Guto pagou a conta, e fomos embora. Quando passamos na portaria do condomínio, Thiago veio até a janela de Guto.

-Senhor Guto, gostaríamos de averiguar tudo que foi roubado de sua casa, para que possamos reembolsá-los - diz Thiago tirando os óculos escuro.
-No momento não temos interesse no reembolso, apenas quero melhoras no serviço de segurança para que não haja mais nenhuma falha. Eu e minha esposa não estamos querendo receber mais nenhuma visita inesperada - diz Guto calmamente.
-Sim senhor. Gostaria de informar também, que os móveis que os senhores estavam esperando, foi remarcado a entrega para amanhã.
-Foi por isso que você me achou? - questiono curiosa.
-Sim senhora. Os entregadores chegaram, e quando o porteiro ligou para sua residência e ninguém atendeu, ele pediu para que eu fosse verificar o porquê, pois sabíamos que estava em casa. Foi aí que encontrei a senhora trancada no banheiro - explica calmamente.
-Ah sim - digo.
-Obrigado - diz Guto.

Despedimo-nos formalmente, e fomos para casa.
Deu um aperto no coração ver toda a minha casa revirada, mas eu precisava ser forte. Guto carregou Enzo para nosso quarto, que também estava revirado. Eu estiquei a cama, e deitamos Enzo, e pedi para que Henry ficasse com o irmão enquanto arrumávamos a casa. Guto foi muito prestativo, e sem frescura ajudou-me a arrumar tudo que foi desorganizado. Sentimos falta das TVs, videogame, e até minhas jóias, mas como disse o Guto, isso é um preço muito baixo a se pagar, comparando com a possibilidade de ter acontecido algo grave com qualquer um de nós.
Quando terminamos, e nossa casa estava quase igual a antes do assalto, fomos tomar banho. Aproveitamos a soneca de Enzo e Henry, que acabou dormindo também, e amamo-nos no chuveiro, para acabar com toda a tensão do dia.

(...)

Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&GutoOnde histórias criam vida. Descubra agora