Melissa Fortunato
A Carmen abre a porta da frente da casa, e entrando em uma grande sala. O lugar tem alguns sofás gastos com o tempo, e várias caixas de brinquedos. O teto é alto, e as paredes são em um tom de azul bonito, quase a mesma cor do céu. No chão, ao canto, tem três meninas. Aparentam ter por voltas dos 7, 8 anos,e brincam de boneca.
-Aqui é a sala - diz apoiando no sofá - aquelas são Sabrina, Ana, e Lúcia - diz apontando respectivamente para as meninas.
Elas nos olham e dão um oi rápido, e voltam a brincar entre si, sem se importarem com nossa presença.
-Me desculpe. Elas já não tem mais esperanças de serem adotadas. São tantos casais que passam por aqui, e no final, acabam não adotando ninguém - diz Carmen.
-Que isso! Entendemos - digo compreensiva.Mal consigo imaginar a bagunça que deve haver na cabecinha dessas crianças. Tão novinhas, e já têm que encarar uma realidade como essa.
-Vamos seguindo - diz Carmen indo por um corredor - aqui é o refeitório.
O local era bem grande, e tinha vários conjuntos de mesas e cadeiras de plástico branco, daquelas que alugamos para aniversários infantis. As paredes eram de azulejo branco, assim como o chão. Na parede esquerda, tinha uma porta, e ao lado uma janela. Tipo aquelas que geralmente tem em escolas, onde as merendeiras dão comida aos alunos.
-Aqui realizamos as refeições - Carmen caminha para a porta ao lado da janela e a abre - aqui é preparado os alimentos.
Na cozinha tinha 3 senhoras, onde uma lavava a louça, outra secava, e uma outra mexia nas panelas. O espaço era todo branco, e aparentava ser limpo. Tinham dois fogões de seis bocas, duas geladeiras brancas, muitas prateleiras, e algumas bancadas de mármore sintético.
-Nossas cozinheiras já estão preparando para o almoço - diz Carmen.
As três senhoras pareciam não se importar com nossa presença, e continuam a agir naturalmente. Saímos da cozinha, e Carmen nos direcionou para os alojamentos. Primeiro o quarto dos meninos de 4 à 8 anos, depois o quarto dos meninos de 9 à 12 anos, e por último, o quarto dos meninos de 13 à 16 anos. Todos os quarto tinham beliches, e um enorme e velho guarda roupa de madeira. As roupas de camas eram variadas, cada cama com uma cor diferente, mas todas muito bem arrumadas. Depois fomos para os alojamento das meninas, que tinham apenas dois quartos, pois eram em menor número. O quarto delas era uma cópia do dos meninos, a diferença é que tinha um espelho, e alguns posteres de cantores famosos grudados na parede.
-Onde está as crianças? - pergunto, pois fora as três meninas que vi na sala, não vi mais ninguém.
-Provavelmente estão no quintal, com o dia de sol como esse, gostam de tomar banho de mangueira - diz Carmen sorridente.Caminhamos para o fundo da casa, e o local é bem bonito. Tem um enorme gramado bem verdinho, e vários brinquedos, como balança, gangorra, escorregador, e claro, duas mangueiras. As crianças estão espalhadas pelo quintal, algumas meninas balançam na gangorra, alguns meninos, em um canto do quintal, brincam com alguns bonecos. Mas a atenção está voltada para o centro do quintal, onde um montinho de criança se refrescam com o uso das duas mangueiras. Elas sorriem felizes, e na hora meu coração aperta. A simplicidade é tão grande, e você pode observar pelas roupas simples que cada uma delas vestem.
-Essa são as crianças - diz Carmen sorrindo com afeto - vocês podem caminhar entre elas, conversar... E se surgir interesse em alguma delas, podem vir conversar comigo, certo?
-Tudo bem - diz Guto ao meu lado.Nos afastamos de Carmen, e caminhamos lentamente em direção as crianças. Elas pareciam não se importar com nossa presença, e continuavam se divertindo sem nos olhar. Fomos primeiros até os meninos que brincavam de bonecos.
-Oi garotos - digo me agachando na altura deles.
-Oi tia - diz um dos meninos sorrindo.Dou um beijinho em seu rosto. Os outros meninos também me comprimentam rapidamente.
-Do que estão brincando? - pergunta Guto agachando ao meu lado.
-De super herói - diz um outro menino.
-E eu estou ganhando. O meu é o mais forte! - diz um pequeno ruivinho exibindo um velho boneco de pano.Sorrio emocionada de ver a inocência daquelas crianças.
Conversamos mais um pouco com elas, perguntando seus nomes, o que gostam de fazer, mas nenhum deles chamou nossa atenção.-Gostou de alguém? - pergunta meu marido quando voltamos a andar entre as crianças.
-Na verdade todos são uma gracinha, mas não me interessei por nenhum - digo sincera.Continuamos caminhando de mãos dadas, e avisto dois meninos em um banco de madeira, bem distante das outras crianças. Resolvo ir até eles, e Guto concorda, interessado também. Chegando perto, vemos que o menino mais novo chora nos braços do mais velho, que tenta consola-lo, dizendo: "Calma Enzo, eu estou aqui".
Fico emocionada com aquela situação, e tento me aproximar deles.-Oi - digo baixinho.
-Não queremos compania - diz o mais velho.
-Só queremos conversar - diz Guto calmamente.
-Também não queremos conversar - diz o mesmo menino.O pequeno que estava chorando em seus braços, levanta os olhos, e encontra os meus, causando um aperto em meu coração. Seu rosto gordinho está vermelho de choro, e seu nariz escorre um pouco.
-Vem cá querido - chamo o pequeno.
Ele me olha desconfiado, e depois olha pro menino mais velho, como se pedisse permissão para vir até a mim.
-Não chame meu irmão de querido - brada o mais velho - vem Enzo, vamos sair daqui - diz puxando o irmão mais novo para longe de nós.
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Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&Guto
RomancePLÁGIO É CRIME ! No Código Penal Brasileiro, em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, nós nos deparamos com a previsão de crime de violação de direito autoral - artigo 184 - que traz o seguinte teor: Violar direito...