Capítulo 45 - Último

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Gustavo Sousa
Eu não suportava mais aquela situação, nossa vida virou uma loucura que não me agrada nem um pouco, e chegou a hora de resolver esse problema. Passo pelo quarto dos meninos e chamo o Enzo.

-Preciso conversar com você, vem comigo.

Ele deixa os brinquedos que estava usando no chão do quarto e me acompanha em silêncio, passo pela sala e chamo o Henry.

-Nos siga mocinho, precisamos ter uma conversa bem séria.

Meus meninos me seguem em direção a quadra lá de casa, e nos sentamos na pequena arquibancada de concreto. Ali era um lindo lugar para conversar e pensar na vida, a paisagem ao fundo da quadra era um morro com grama verdinha e algumas árvores espalhadas solitariamente ao seu redor. Lembrava-me muito minha terra natal, Minas Gerais.

-O que foi pai? - pergunta Henry.

Respiro fundo procurando as melhores palavras para tentar concertar essa situação tão idiota mas ao mesmo tempo tão complicada em que nos encontramos.

-Preciso que façam as pazes - digo a melhor coisa que eu consegui formular. Henry faz uma cara de incredulidade e então eu continuo - eu sinto saudade do que vivíamos a alguns dias atrás, não gosto de ver meus filhos brigados.
-Me desculpa Henry, me desculpa papai, é tudo culpa minha - diz Enzo com os olhinhos cheios de lágrimas. Ultimamente ele anda tão emotivo!
-Finalmente disse uma coisa que valesse a pena! - exclama Henry erguendo as duas mãos para o alto - você tem razão quando diz que a culpa é toda sua - é a deixa para Enzo começar a chorar e repetir a palavra desculpa inúmeras vezes.
-Henry! - o repreendo de forma dura - você já passou dos limites.

Henry abaixa os ombros e a cabeça como se estivesse arrependido do que fez.

-Você sabe o que deve fazer, não sabe? - questionou erguendo seu rosto com o meu polegar.
-Sei - diz olhando nos meus olhos. Ele volta a sua atenção para Enzo que chorava na nossa frente - me desculpa Enzo, eu peguei pesado com você.
-Podem fazer as pazes? - pergunto.
-Podemos Henry? - questiona Enzo.
-Podemos Enzo, eu já não aguentava mais ficar brigado com você - diz Henry abraçando o irmão pelo pescoço - você sabe que é o meu melhor amigo.
-E você é o meu - Enzo diz orgulhoso - te amo!
-Também te amo brother - diz Henry de uma maneira engraçada.
-E eu aqui? Não recebo amor, nem abraços nem nada? - digo fazendo uma carinha triste.
-Você me perdoa papai? - pergunta Enzo sério.
-Pelo o quê exatamente?
-Por querer ver um homem que não se importa com a gente, sendo que você sempre foi o melhor pai do mundo.

Meu ego paterno se infla, primeiramente por ele se referir ao Eliel como 'homem', e seguidamente por ele dizer que eu sou o melhor pai do mundo. Meu coração falta transbordar de tanto amor e felicidade.

-Então você me perdoa papai? - pergunta Enzo mais uma vez.
-Você não tem sobre o quê se desculpar filhão - digo fazendo uma baguncinha em seu cabelo - e obrigado pelo elogio - exibo o meu melhor sorriso de felicidade.
-Ual, posso saber o motivo para tanta alegria? - pergunta minha esposa caminhando em nossa direção com a Ali nos braços.

Sabe aquele momento nostalgia? Em que você se lembra de tudo que viveu e um orgulho do tamanho do universo se apodera do seu coração? Então, é exatamente isso que estou sentindo. Não consigo acreditar que Deus tenha sido tão generoso comigo! Minha família é a melhor do mundo, digo isso com toda a certeza do meu coração.

-Estamos de bem - diz Henry brincando com as bochechas gordinhas da Ali.

Abro um espaço para Mel sentar-se perto de mim e bato a mão em cada uma das minhas pernas chamando os meninos para se sentarem no meu colo.

-Vem no colo do papai - chamo sorrindo.
-Eu sou grande demais pai, você não vai me aguentar - diz Henry um tanto chateado.
-Quem disse isso? - pergunto rindo - pode vir que o seu pai é como o Incrível Hulk.

Mel solta um gargalhada gostosa acompanhada pela gargalhada de Enzo que já está sentado em uma das minhas pernas. Chamo Henry novamente que se senta no meu colo timidamente, e não coloca todo o peso do corpo em minha perna, então pego as suas pernas e passo pela minha cintura.

-Vocês são a família mais linda do mundo - digo orgulhoso envolvendo meus braços ao redor dos meninos e da Mel que estava com a Ali no colo.
-Obrigado por não terem desistidos de nós - diz Henry emocionado.
-Eu que agradeço por vocês terem nos dado a chance de sermos pais - falo com os olhos ardendo por um possível choro que está por vir.
-A Ali gostou do que você disse papai, ela está rindo - diz Enzo.

Todos nós olhamos para nossa princesinha que exibia um sorriso banguela, ela está cada dia maior e mais agitada. Nem parece que tem apenas alguns meses de idade.

-Eu amo vocês - sussurra Mel encostando a cabeça em meu peito - só espero não pirar com quatro filhos para criar.
-Comigo você não precisa de preocupar - digo rindo da piada - é mais provável que eu que tenha que cuidar de você.
-Não é piada não, está vindo mais um baby - diz tranquilamente passando uma de suas mãos, que não estava segurando a Ali, na sua barriga.

E então eu vejo tudo escuro e meu corpo caí para trás.

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"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
(1 Coríntios 13:4-7).

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ATENÇÃO:
Ainda terá a postagem do epílogo e um bônus com o ponto de vista de cada um dos filhos.


Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&GutoOnde histórias criam vida. Descubra agora