Melissa Fortunato
Só eu sei o quanto o pedido do Enzo afetou as nossas vidas, nada mais foi como antes e isso me causava um certo desespero ao imaginar que as coisas poderiam nunca mais entrar nos eixos. Guto cumpriu a promessa e achou o pai de sangue dos meninos, pelo que parece o tal do Eliel vive uma vida tranquila e normal. Enquanto Enzo está querendo rever o pai, Henry não quer vê-lo nem pintado de ouro, então hoje ele ficará com os meus pais para irmos conhecer o Eliel. Guto marcou um almoço informal, deixaremos Henry e Ali na casa dos meus pais e levaremos apenas o Enzo para o tal encontro. Guto disse que Eliel não transmitiu emoção alguma pela conversa ao telefone, e isso o deixou intrigado. Eu, francamente, não sabia e não tinha tempo para pensar nisso. Com tantas coisas rondando a minha cabeça eu não podia me importar com um achismo bobo. Hoje era o dia do almoço e Guto nem foi trabalhar, eu o conhecendo tão bem sabia o quanto estava nervoso. Já eu, estava louca como sempre. Totalmente preocupada por deixar Ali pela primeira vez, e por outro lado paranóica com a situação que está por vir. Meu Deus, ser mãe é padecer no paraíso! Saio de casa levando algumas bolsas e mais algumas sacolas de roupas que eu daria para minha mãe doar, enquanto Gustavo carregava a Ali e seu carrinho. Ultimamente tem sido assim, para sair de casa é quase uma missão impossível.
Henry vai o caminho inteiro com a cara fechada, Ali fica fazendo barulhinhos com a boca, e Enzo ficou quietinho olhando a janela. Guto dirige inquieto, secando a palma da mão na calça jeans o tempo todo, e eu sinto que posso pirar à qualquer momento. Será que toda mãe tem essa fase de loucura? Alguém pode me dar uma dica do que fazer? Não sei quando tempo mais eu aguento.(...)
Agora sou eu quem estou começando a ficar nervosa. Estacionamos o carro na rua do restaurante e estamos caminhando de mãos dadas em direção a entrada. Estamos dez minutos atrasados e por um lado acho melhor assim, pois ficaria louca de vez tendo que esperar Eliel aparecer.
-Fica calma - sussurra Guto no meu ouvido quando adentramos no restaurante.
Respiro fundo e aperto a mãozinha gorda do Enzo enquanto o garçom nos dirige à mesa reservada. Um homem por volta dos quarenta anos, careca, alto e magro nos esperava na mesa.
-Prazer, eu sou o Gustavo - Guto estende a mão para o homem que se levanta para nos cumprimentar.
-Prazer, eu sou o Eliel - diz dando um sorriso.Seus olhos procuram o Enzo e se abaixa para o cumprimentar.
-Oi filho, que saudades - diz abraçando o meu menino. Sinto o Guto tenso ao meu lado então faço um carinho na sua mão para o confortar - cadê o seu irmão? - pergunta Eliel para o Enzo.
-Ele não quis vim ver você - responde Enzo quando sai do seu abraço.
-Mas que bom que você veio, eu sinto falta de vocês - Eliel diz em um tom triste - aquela ali é a sua nova mãe? - ele pergunta apontando para mim.
-É sim! - responde Enzo empolgado.
-Prazer, eu sou a Melissa - digo estendendo a mão para o cumprimentar.Ele pega a minha mão sorrindo e quando nos afastamos ele se senta no seu lugar e convida Enzo para se sentar ao seu lado. Fizemos os pedidos sem nenhuma conversa paralela, todos estávamos sem jeito e sem saber o que dizer.
-Você gosta de estrogofone? - pergunta Eliel ao Enzo logo após de fazermos os pedidos.
-É a minha comida favorita! - fala Enzo passando a língua nos lábios.
-É uma pena que a gente nunca pode ser uma família feliz - diz Eliel com um certo pesar.
-E por que não? - indaga Guto apoiando os cotovelos na mesa.
-O dinheiro nunca foi suficiente - diz meio perdido.
-Entendo. Mas e agora? Como anda a vida, se me permite perguntar - continua Guto.Eliel respira fundo e olha o restaurante ao redor enquanto responde.
-Agora está tranquilo, só tenho eu para sustentar. Eu amo meus filhos, mas não tenho condição para criá-los.
-Se amasse não bateria neles - diz Guto e pelo seu tom de voz eu percebo que disse sem sentir.
-Você não sabe nada da minha vida, então não se ache no direito de julgar - Eliel responde enquanto brinca com o paliteiro que tem no meio da mesa.
-Você mora aqui perto? - pergunta Enzo entrando no meio da conversa.
-Sim, porquê? - Eliel enruga as sobrancelhas.
-Queria conhecer sua casa - fala Enzo na maior inocência.
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Recém Casados - Livro 2 - Duologia Mel&Guto
RomancePLÁGIO É CRIME ! No Código Penal Brasileiro, em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, nós nos deparamos com a previsão de crime de violação de direito autoral - artigo 184 - que traz o seguinte teor: Violar direito...