Quando ninguém mais quiser • Vinnie Hacker

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Vinnie se forçou pra cima de mim, me protegendo, eu estava assustada, eu nunca se quer já tinha ouvido de longe o barulho de disparo de arma e escutar dois assim tão perto no mesmo cômodo me deixou apavorada, ali abaixada Vinnie me protegeu como se fosse um casulo, me tampando quase por inteira, ouvimos além do zumbido pelo barulho dos tipos algo bater forte no chão, eu estava congelada, aterrorizada.
Vinnie acima de mim virou minimamente pra trás, eu escutava o coração dele bater forte, era a adrenalina, o pavor, mesmo a aparência dele ser forte e eu ver nele alguém que eu podia confiar eu sabia que ele também tinha medo de algo acontecer conosco.

Vinnie soltou um suspiro, não sei se de alívio ou algo assim, mais agora ali existia um silêncio absoluto, desenterrei meu rosto do peito dele pra olhar também mais Vinnie segurou meu rosto assim que ameacei olhar.
_"Acabou", Vinnie disse e eu soltei um ar que eu prendia, me senti aliviada, eu deduzi o que Gardner tinha feito a si, eu estava chocada e chorava porém involuntariamente soltei um sorriso do alívio que tomava conta do meu corpo novamente.
Abracei Vinnie feliz por estarmos ali bem, e tudo ter acabado, mesmo sendo uma tragédia afinal Gardner era um homem jovem que teria a vida toda pela frente se não tivesse tomado todas as decisões erradas.
Abracei Vinnie e ele me abraçou, senti minha mão ficar úmida quando abracei seu corpo, tirei a mão das costas dele confusa, ele seguiu o olhar pra saber por que eu o soltava tão rápido do abraço e vimos meus dedos sujos, era sangue, Vinnie me olhou confuso.
Dois tiros, escutei dois tiros, o segundo eu deduzi mesmo sem Vinnie ter me deixado ver aonde tinha ido, de repente eu caí em si e descobri aonde tinha sido o primeiro tiro.

_"Vinnie", chamei e eu Vinnie fez uma careta de dor sentindo o incômodo, o alívio que eu voltei a sentir segundos atrás sumiu completamente e de repente eu percebi que estava com mais medo do que antes de Gardner disparar, agora meu medo de perdê-lo superou qualquer medo que j tinha sentido antes na vida.
Vinnie olhou pra cama mais ao tentar alcançá-la suas pernas cederam e eu segurei ele, tentando ser o mais forte possível, não deixei seu corpo bater forte no chão, o abaixei devagar, olhei de relance e vi o corpo de Gardner mais pra frente caído e uma possa de sangue que se formava próximo, foquei em Vinnie.

_"Vinnie... amor, hey... Vinnie, olha pra mim, amor...", pedi, mais Vinnie já começava a perder a consciência, eu tremia, não sabia o que fazer, o disparo teve a entrada e não tinha a saída.
_"Sarah...", ele me chamou.
_"Eu tô aqui, eu tô aqui... olha", pedi me colocando acima dele, em frente seu olhar mais ele já não respondia normalmente, seus olhos rodaram, segurei sua mão forte, e ele me encontrou ali, ele chegou a sorrir, "Amor vai ficar tudo bem tá... eu vou chamar ajuda", disse mais ao pensar em correr até a janela dizendo que podem vim nos socorrer, eu percebi que Vinnie usava toda a força que tinha pra segurar minha mão com força, então eu nem tentei soltar, apenas gritei com a força que tinha, o mais alto que conseguia.

_"Ajuda, ajuda aqui...", gritei e olhei pra Vinnie começando a fechar os olhos, "Vinnie acorda, fica comigo amor", pedi chorando e ele tentou, dava pra ver o quanto tentava, minhas lágrimas descem, doía em mim o ver daquele jeito, de um jeito que nunca tinha imaginado, vulnerável, machucado e eu nem se quer pensei no pior, eu não aceitaria, afastei qualquer pensamento e voltei a falar com ele, passei a mão em seus cabelos loiros bagunçados, "Vai ficar tudo bem ok, você vai ficar bem", disse a ele.
_"Eu te amo", ele sussurrou, eu não acreditava que mesmo com pouca consciência, ele teve forças pra dizer que me amava, era mais que nítido isso quando ele me tirou e se colocou na linha de tiro.

_"Eu também Vinnie, eu também...", disse fazendo carinho nele, ele sorria revirando os olhos, levantei o tronco rápido pra gritar novamente, "Ajuda, ele levou um tiro", voltei a atenção ali caído, "Vinnie fica comigo, por favor", pediu olhando em seus olhos, eu implorei, mais sem sucesso, eu não estava acostumava a pedir algo a ele e ele não atender, Vinnie sempre fazia minhas vontades, mais infelizmente aquilo naquele momento era pedir demais a ele, dessa vez ele não atenderia meu pedido.
_"Sempre, linda", ele disse sobre ficar comigo e senti sua mão afrouxar na minha e seus olhos fecharem de vez, eu tremi, me senti sem chão.
_"Ajuda pelo amor de Deus...", gritei, eu não tinha forças pra levantar, sabe quando você tá tão travada que um passo faria suas pernas cederem novamente, eu estava dura ali, olhei ao redor e vi Gardner caído, vi o sangue na parede, restos de massa encefálica, senti vontade de vomitar, deitei no peito de Vinnie.
_"Vinibe não me deixa, por favor...", sussurrei a ele que já não estava mais acordado e ouvi um estrondo, a porta abriu com tudo, me assustei mais não sai de cima de vinnie que eu abraçava.

_"Entramos, entramos... aqui", ouvi, fechei os olhos assustada, "Senhora... a senhora está ferida?", me perguntaram e eu abri os olhos pra um policial abaixado, neguei com a cabeça.
_"Um óbito confirmado", outro policial notificou a alguém em um rádio, "Confere o outro", ele deu ordem a outro policial.
_"Vem, vou tirar você daqui", ele disse me pegando nos ombros pra me conduzir a levantar.
_"Não, meu marido... ele está vivo, ajudem ele por favor, ele esta vivo", pedi levantando e o médico tomou meu lugar aferindo pra ver os batimentos de Vinnie.
Olhei pra trás sendo levava dali sem querer ir por que eu queria ficar ao lado de Vinnie, olhei pra o médico conferindo pra ver alguma conclusão positiva mais o policial acelerou pra me tirar daquele quarto, ele me conduziu pelo corredor e assim que cheguei no hall principal da casa aonde tinha a escada vi muita gente ali em baixo, policiais, paramédicos subindo as escadas, o pessoal que morava ali na hype, alguns amigos e convidados que se recusaram a ir embora, vi Kouvr chorando ao me ver saindo, um policial colocou um cobertor em minhas costas pois estava mesmo frio e eu ainda estava com aquele vestido de festa.

_"Sarah, Sarah..." ouvi Kouvr que me recebeu ao pé da escada me abraçando forte, choramos juntas ali, ela aliviada por eu sair viva daquele quarto, todos se aproximaram, vi Luke e assim que Kouvr me soltou eu o abracei forte.
_"Sarah cadê Vinnie?", ele perguntou olhando pra cima esperando a hora que Vinnie viria.
_"Ele se colocou na linha de tiro pra me salvar, o Vinnie...", contei ali chorando no abraço de Luke, alguns se afastaram chorando, quando se sabe que alguém levou um tiro é inevitável pensar e já deduzir o pior, "Ele vai ficar bem, ele tá vivo...", falei, tranquilizando, se é que era possível.  
_"Acabou amiga, acabou tá, você tá segura agora, Vinnie vai ficar bem", Luke disse e eu não conseguia nem assentir, ainda estava em choque.

_"Daisy?", perguntei apenas.
_"Ela tá bem, sua mãe e sua sogra estão com ela, foram pra sua casa, assim que descobrimos que aquele cara estava aqui", Kourv disse.
Um paramédico desceu correndo as escadas e subiu em seguida levando algum equipamento, 'vamos... vamos...', rezava internamente olhando pro topo da escada, pedia a Deus pra tirarem logo Vinnie de lá, e o levassem pra um hospital.
Me trouxeram água, me ofereceram pra sair dali, pra sentar mais eu continuarei ali parada com aquele cobertor nas minhas costas com meus amigos ao meu redor junto comigo, esperando a mesma coisa que eu.
Pouco mais de 5 minutos que pareciam mais horas, 4 paramédicos apareceram segurando uma maca de socorrista, eu respirei aliviada, chorava, se estavam tirando ele ali é por que ele estava vivo, ele seria conduzido pro hospital em fim.

Eles desceram as escadas com cuidado o carregando, me aproximei e vi que Vinnie ainda estava inconsciente, uma enfermeira apertava uma bomba de respirador no rosto dele, um colar cervical estava em seu pescoço e havia uma manta térmica o cobrindo, me coloquei ao lado da maca e acompanhei pra fora da casa.
Policiais subiam e desciam, estava uma zona aquele lugar, falatório, choro, sirene, mais eu só foquei em olhar pra Vinnie ali sendo carregado.
_"Ele será conduzido pro Helther Adventist", ouvi um paramédico dizer a Thomas.
_"A senhora precisa nos acompanhar", um policial disse e Vinnie foi colocado numa ambulância que já estava ali a postos esperando alguma vítima.
_"Eu não posso ir com ele?", perguntei.
_"Não da, os paramédicos precisam de espaço pra conduzir, você vai conosco", ele disse e eu assenti vendo a porta da ambulância fechar e em segundos sair em disparada.

'Deus nos ajuda por favor', pedi, mais nada de internamente ou em pensamento eu falei em alto e bom tom que precisava da ajuda de Deus naquele momento, como nunca precisei na vida, eu não saberia viver se algo acontecesse com ele, ele não merecia, ainda tínhamos uma vida inteira pela frente, muita coisa pra se viver, muito lugar pra ir, um nosso filho pra conhecer, uma filha pra cuidar, um amor intenso e bonito pra se viver, eu precisava dele.
_"Senhora, por favor por aqui", ele disse e eu assenti entrando na viatura.
Luke sem perguntar se podia ou não se enfiou ao meu lado no carro pra ir comigo, ele abriu os braços pra que eu me aconchegasse em seus braços, ele não disse nada até o hospital,

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