Quando ninguém mais quiser • Vinnie Hacker

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VINNIE

_"Vinnie fica comigo, por favor", Sarah pediu olhando meus olhos, ela chorava, incrível como ela conseguia ser linda até em meio ao choro, eu não queria deixá-la, queria ficar com ela, acordado, mais meu corpo me forçasse a pegar no sono, se eu pudesse não a deixaria nunca, por nada nesse mundo, mais era inevitável, eu estava sendo forçado.
_"Sempre, linda", foi apenas o que consegui dizer e apaguei.
Eu sentia meu corpo formigar antes de apagar, e sentia as minhas costas queimar num ponto específico, aquilo doía demais.
Foi a última vez que eu tinha visto Sarah, naquele quarto, lembro de torcer pra que ela não olhasse pra Gardner, não era uma coisa bonita de se olhar.

Nem de se descrever, ele tinha dado um tiro no céu de sua boca, quando olhei pra ele vi sua boca ainda aberta, seus olhos apesar de apertos dava pra ver que não tinha mais vida ali, não vi o buraco que abriu do outro lado, mais a julgar pela mancha de sangue que tinha na parede atrás dele posso dizer que deve ter sido horrível.
Era horrível de pensar e triste também, ele apesar de ser a pessoa que eu mais odiava no mundo naquele momento, eu ainda sim, sabia que ele era filho de alguém, irmão, alguém o amava, um dia foi um cara que eu gostei de ser amigo, e acabar do jeito que acabou era triste, não seria fácil pra família dele, e eu sentia muito por eles.

Eu em algum momento senti meu corpo balançar, talvez eu estivesse sendo carregado, num certo momento pude reconhecer pelo barulho e movimento que deveria estar numa ambulância, era ensurdecedor, devo ter cochilado nesse tempo, por que logo apaguei completamente.
Nesse meio tempo senti que não iria aguentar, eu estava tão fora, parecia tão longe de mim, senti que estava no escuro, triste, sentia uma angústia, sabe quando você sente algo pressionando o seu pescoço, apertando, te estrangulando, sentia que eu conseguia respirar cada vez menos.

Mais eu sabia que mais alguns segundos aquilo passaria, ouvi meu coração diminuir as batidas, eu estava perto demais de um estado de tranquilidade, talvez fosse a zona 'quase morte', dizem que quando se morre você não sente mais nada, toda a dor que eu sentia, toda a angústia iam passar em breve, eu estava indo, eu iria morrer.
Senti um gelado no meu peito, o que estava acontecendo?
_"Afasta", ouvi mais eu não via nada.
Senti um choque percorrer meu corpo, 'cacete', aquilo doeu, eu estava mesmo morrendo, em segundos outro choque, por que estavam fazendo isso, aquilo era horrível.
Senti um carinho nos meus cabelos, pela primeira vez consegui abrir os olhos, Sarah mexia neles, eu estava deitado em seu colo recebendo carinho dela, me questionei se estava só imaginando, se fosse eu não queria que acabasse, sorri pra ela.

_"Por que você fez isso?", ela perguntou, acredito que ela falava sobre levar o tiro no lugar dela, parecia óbvio a resposta, mais ela parecia confusa de verdade com aquilo.
_"Eu nunca deixaria vocês se machucarem", que marido eu seria se deixasse que a mulher que eu amo, mãe da minha filha, que gerava outro bebê meu se machucasse, eu levaria quantos tiros fossem por ela, dei um beijinho na barriga dela, eu não sabia se teria outra chance.
_"Não vai nos deixar né?", ela perguntou, mais parecia que eu iria, infelizmente.
_"Querer, eu não quero", respondi um pouco chateado, eu não queria deixá-la, eu pensei em tanto coisa pra viver ao lado dela, queria ver nossos filhos crescerem, ver o nascer do sol ao lado dela várias e várias vezes, ver o mar, viajar, Sarah queria tanto ir à Indonésia.
_"Você não pode", ela disse e eu sorri.
_"Eu tô lutando pra ficar", disse a ela, mesmo sentindo dor eu sentia que queria continuar ali.
_"A gente num saberia viver sem você", ela disse.
_"Foi por isso que eu fiz aquilo", falava sobre levar o tiro, "Eu também não saberia viver sem você", falei sorrindo, mais Sarah não via nenhuma graça ou motivo pra sorrir, eu me levantei ficando a sua frente olhando nos olhos dela, fiz um carinho no rosto dela, podia ser meu último carinho.