Por detrás da máscara

43.

Duas semanas haviam se passado desde então. Harry não parava em casa e isso era estranho, era como se ele estivesse evitando Severus.

Snape passou a maior parte do seu dia e as vezes um pouco da noite na tentativa para uma nova poção, essa poção tinha sido um pedido vindo de um casal estrangeiro. Eles queriam algo impossível até o momento. Uma poção que permitisse duas pessoas do mesmo sexo terem um bebê, se ele pudesse fazer isso... Seria incrível.

Ambos haviam retornado para a Grã-Bretanha e no atual momento, Snape estava nas masmorras preparando uma poção para insônia em quanto Harry estava sabe Merlin onde. O mago sentiu as proteções da casa tremerem, com uma expressão fria no rosto e sua varinha dentro da longa manga de sua camisa cinza escuro, ele caminhou para a sala, onde uma batida foi ouvida na porta. Já com a varinha apontada para a porta e um feitiço na ponta da língua o mestre de poções se aproximou da porta.

- Harry, sou eu.

A voz era claramente da Srta. Lovegood, ainda não relaxado ele se aproximou da porta e a abriu com cautela.

- Olá Professor Snape, eu vim ver o Harry.

- Lamento informar-lhe, mas ele não está no momento. Deseja que eu passe algum recado para ele?

Ela provavelmente já estava sabendo sobre ele e Harry de qualquer modo...

O relacionamento deles não era algo público e apenas os amigos de Harry sabiam. As vezes isso era irritante, principalmente quando alguém se jogava para cima de seu namorado. Pessoas sem senso e extremamente desnecessárias essas. Tolos, todos eles.

- Oh não precisa, é que tínhamos combinado que eu viria hoje para a gente conversar, acho que ele esqueceu já que tem estado tão preocupado esses dias.

Deixando seu desconforto momentaneamente por Harry não ter falado com ele sobre isso, uma dúvida maçante veio em sua mente. A menina Lovegood sabia o que estava preocupando Harry?

Como se tivesse lido as linhas da face do seu ex professor, Luna prosseguiu ‘’ Provavelmente é o medo da guerra, ele é o coração disso tudo ‘’  Ela nunca disse que Harry estava com medo de morrer, pois ela sabia que ele estava preparado se necessário, talvez fosse mais o medo de perder.

Quando se é humilhado, estuprado, espancado [ ... ] Chega um momento em que seu coração morre, seus sentimentos se tornam cinzas e seu único consolo é a certeza de que um dia sua morte chegara e então você apenas reza que esse dia chegue logo. Mas então aparece alguém e te estende a mão, que te ame e queira o seu bem, essa pessoa passa a ser estimada em proporções alarmantes, ela toma seu coração e te faz querer viver um pouco mais para estar ao seu lado. E perder essa pessoa seria como perder o fogo que aquece sua alma e coração.

Luna foi embora deixando um mestre de poções com uma expressão complicada para trás. O aniversário de maioridade de Harry seria em uma semana e ele queria que esse dia fosse especial para Harry, para isso ele precisaria saber o que se passava na mente do seu parceiro, mas primeiro ele precisava pegá-lo em casa. Naquele dia Snape ficou acordado até mais tarde, Pomfrey tinha pedido para ele fazer as poções para escola, pois ela não confiava em mais ninguém, então ele estava exausto. Mas ficou acordado esperando Harry. 23h ele sentiu alguém passar pelas proteções da casa e sabia que Harry tinha voltado, como previsto, depois de alguns minutos o jovem de olhos verdes entrou no quarto.

- Severus, tudo bem? Por que está acordado até essa hora? – Harry perguntou enquanto tirava seu casaco e fitava Snape sentado na cama. O mais velho parecia um pouco magoado com alguma coisa e também um pouco bravo.

- Bem, eu precisei ficar acordado até essa hora já que parece que estou sendo evitado ultimamente.

É claro que Snape perceberia, ele é o homem mais inteligente que Harry conheceu em toda a sua vida. Mas ele não queria ter que se explicar quando nem mesmo sabia o motivo de estar fazendo isso. Sim, ele estava com medo, apavorado, mas não era por ele. Mas além disso, desde o dia em que ele leu os manuscritos de Voldemort, uma sensação avassaladora de auto repulsa tomou conta de si. Ele sentia nojo pelo que teria que fazer, e isso era inevitável. O Voldemort era instável e como o próprio escreveu, era raro seus momentos de lucidez.