Por detrás da máscara

41.

Ainda na madrugada Harry voltou para a mansão. Ele teria que ler o livro.

O livro flutuou para uma mesinha enquanto o de olhos verdes o encarava. Depois de lançar feitiços de detecção de magia negra e remover algumas maldições, ele lentamente tocou seus dedos na capa de couro gasto. Com um movimento de sua varinha o livro não foi aberto então ele tentou com as mãos, mas também não deu certo. Virando o verso do livro apenas uma frase estava escrita no couro: " Apenas aquele que me é semelhante poderá se beneficiar com esse conteúdo" Harry viu que estava em língua de cobra e silibou um " abra " para o livro,... isso o lembrou da câmara secreta.

" Minha alma e mente estão quebrados, esse é um dos meus raros momentos de lucidez, então te peço, meu semelhante. Acabe com tudo. Acabe comigo. No começo minhas motivações eram nobres, hoje são apenas cruéis. Eu faço coisas horríveis, mato, estupro, torturo e acabo com a liberdade e vontade de viver de muitos. Mas em meus momentos de lucidez eu choro, não estou falando isso para que me veja como um humano que possui sentimentos, eu não sou. Eu quero que acabe comigo, e se você não conseguir irei te matar e a todos que você ama. Vou mandar minha serva leal deixar esse livro onde possa encontrá-lo. Irei te falar enquanto posso um pouco sobre mim e minha trajetória até hoje.

Caso tenha ficado confuso com a escrita no verso desse livro, vou te falar algo. De todas as pessoas você é a que é mais semelhante a mim. Sua astúcia, arrogância, garra, e sua ganância. Mas também seus sentimentos mais profundos, a raiva em seu peito, a mágoa, eu sei que você pensa ou pensou em matar aqueles trouxas da forma mais terrível possível e o fato de não ter feito isso é o que nos difere.

Então Harry Potter, aproveite a história da minha vida..."

...

Harry passou até às 07:00 lendo, sua mente estava confusa com tudo isso. Algo amargo veio em sua boca e Harry vomitou. Depois de vomitar por alguns minutos ele rabiscou um pedido de desculpas para seus amigos dizendo que não estava se sentindo muito bem e que não podia ir se encontrar com eles naquele dia.

Voldemort tinha sentimentos quando estava lúcido, ele não era totalmente um mostro. E o fato de ter que matar uma pessoa com sentimentos era aterrorizante.

Um elfo bateu suavemente na porta de seu quarto " Entre " disse Harry. O Elfo era jovem e tímido.

- " O M-mestre vai q-q-quer o café d-da manhã?..."

Harry se tocou que era pra ele ter descido para tomar seu café da manhã. Mas no momento ele duvidava que conseguiria comer algo.

- "Eu sinto muito por não ter falado antes. Não estou muito disposto para comer no momento".

Harry se desculpou com o jovem elfo, afinal desperdiçar comida nunca era bom. Ele sabia o quão preciosa a comida é e também sabia a falta que ela faz para os famintos.

Um brilho de preocupação cintilou nos grandes olhos violeta escuro do jovem elfo, mas talvez devido a seu nervosismo ele apenas se retirou.

Harry foi para a cama e adormeceu.

Não sabia quanto tempo havia passado, outra batida foi ouvida em sua porta.

- "Mestrinho está bem? Dobby pode ajudar o mestrinho com algo?"

Dessa vez era Dobby. O Elfo amigo de Harry Potter estava preocupado com seu amado mestre.

- "Estou bem Dobby, só preciso dormir um pouco. Obrigado pela sua preocupação".

- " Se precisar de algo basta me chamar que venho imediatamente".

Dobby o deixou sozinho novamente e Harry mais uma vez dormiu. Ele se sentia tão cansado, mas seus sonhos não eram bons.

Em meio a seu sono uma névoa vermelha tomou conta de sua visão, a névoa se dissipou dando lugar a algo líquido com aparência grotesca. Harry olhou para frente, sem olhar nem uma vez sequer para suas próprias mãos.
Havia uma pessoa caída no chão a aproximadamente três metros a sua frente, Harry correu e seu sangue congelou. A pessoa mutilada, com uma parte de seu rosto com dezenas de pequenos furinhos e um olho faltando era Luna. Seu cabelo antes loiro estava banhado com sangue fresco, ambos seus braços estavam quebrando e suas pernas cortadas. Um único olho claro olhou em sua direção.

- " Viu o que seu egoísmo me custou?" - seu olho estava frio igualmente como sua voz. Não parecia a Luna amável que ele conhecia.

- " Lu-Luna... O'que...?"- seus olhos foram inundados com as lágrimas, sua garganta ardia e o seu questionamento nunca foi completo, mas não precisava de todo modo.

- " Você quer saber o que aconteceu? O porque fiquei assim? Não é óbvio Harry Potter?! Você causou isso! Seu egoísmo e sentimentalismo causou isso! Por que não o matou? por quê? POR QUÊ!?"

Harry correu caindo em cima de vários corpos. Ron, Fred, Pansy...

Alguém segurou seu tornozelo.

- " Sabe Harry... Se não fosse por você minha família estaria viva. Eu não teria sido torturada e nem perdido minha magia por ser sangue ruim. Eu nunca deveria ter sido sua amiga! EU TE ODEIO HARRY POTTER!"- Hermione gritou para ele, seu rosto coberto de dor e agonia.

Harry correu, os corpos caídos no chão tentando o segurar, ele não conseguia respirar suas mãos tremiam, sua visão estava ficando turva.

- "Traidor!"

- "Porque não foi você a morrer?"

-" Ninguém te ama! "

- "Você é um menininho tolo que só serve para condenar todos a morte!"

- "Viu só? Você deveria ter ficado quieto e aceitado ser fodido por mim garoto. Pra que mais você serve além de disso?"

- "Hahahahah"

- "Fracassado! Vadia!"

Harry correu e correu, seus pulmões ardiam com a falta de ar. " Não não não! Por favor! Me perdoem!" Harry gritava enquanto corria. Até ele caiu e olhou para suas mãos manchas de sangue. Ele ergueu os olhos e viu apenas uma cabeça decapitada, suas mãos estavam trêmulas, erguendo os dedos ensanguentados, Harry tocou na face pálida o vermelho e branco em um contraste melancólico.

- " Severus... Por favor, por favor! Você não.... Por favor Severus, eu te amo tanto, tanto..."

- HARRY!

Harry abriu seus olhos. Snape estava em sua cama, uma mão quente em seu rosto enquanto seu rosto traçado com linhas de preocupação estavam em sua frente.

- Graças a Merlin! Você acordou...

Harry não respondeu, puxando Severus para seus braços ele apenas enterrou seu rosto no corpo do outro. Foi então que Harry percebeu as lágrimas caindo de seu rosto.

Snape não disse nada, apenas o abraçou forte e se permitiu ser puxado e apertado por um Harry Potter trêmulo e choroso.

- "Eu te amo tanto, Severus, tanto. Por favor, nunca me deixe."

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Ai gente... Não vou mentir. Derramei algumas lágrimas escrevendo esse cap.
Mas como compensação, o próximo capítulo vai ter algo bastante agradável...