Capítulo - 12

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Jean Claude havia me levado a um lugar onde era metade restaurante e metade fliperama. Eu não fazia ideia de que existia um lugar como aquele tão perto de casa, e com certeza tinha se tornado um dos meus favoritos.

O estabelecimento era dividido em dois. À esquerda estava a área de jogos, dos quais iam de jogos de tabuleiro à tiro ao alvo com dardos de borracha. À direita ficavam as mesas iluminadas por luzes coloridas e com cadeiras feitas de peças de montar gigantes.

Me senti como uma criancinha enquanto jogava animada pela vitória. Ganhei várias partidas contra Jean, que aceitou compassivo, o que às vezes era um pouco irritante levando em conta que eu era competitiva e queria um jogo acirrado. Até cogitei apostar algo com ele, mas não seria muito legal se eu ficasse sempre ganhando. Decidi deixar essa parte de lado, era besteira dar atenção a isso.

Estávamos falando sobre o trabalho dele quando senti algo me incomodar dentro do peito. Primeiro achei que pudesse ser o ambiente cheio, mas parando para ver não tinha muitas pessoas naquela hora. Depois fiquei com medo de ser algo relacionado ao aneurisma, o que parecia pouco provável já que passei dias me sentindo bem.

Bebi todo o refrigerante do meu copo na esperança de aliviar a agonia estranha.

— Você está bem? — Jean se inclinou sobre a mesa avaliando meu rosto com as sobrancelhas franzidas. — Está tão pálida.

Forcei um sorriso e balancei a cabeça.

— Acho que é apenas o cansaço do dia.

— Podemos ir embora se você quiser — ofereceu parecendo preocupado.

Assenti diante da oferta. Ir para casa e descansar me faria bem, eu esperava.

Tentei quebrar a estranheza da situação durante a volta. Mas claro que ele não deixou de ficar um tanto intrigado. Quase dei um suspiro de alívio quando vi as janelas antigas da pensão.

Não me demorei muito em agradecer e me despedir, esperei que ele partisse com o carro para eu poder entrar no casarão.

— Martina? — Minha pergunta ecoou pelo primeiro andar, sem que obtivesse resposta.
Tinha algo errado, minha intuição me dizia isso.

Chequei todos os cômodos do andar debaixo e parti para o de cima. A porta do quarto de Lorenzo estava aberta e a luz acesa, coisa que não era muito comum. Me aproximei devagar até seu quarto.

— Lorenzo? Estou entrando, então se estiver de toalha é melhor você... — Parei de falar quando vi que ele estava deitado sobre a cama.

Não pude deixar de reparar no cômodo. O quarto de Lorenzo era azul escuro, tinha móveis de madeira também escura e tudo estava organizado. Haviam alguns porta-retratos na cômoda, tal como alguns troféus dourados na prateleira acima dela. Uma risada escapou de mim sem eu saber bem o porquê.

Estava saindo dali antes que ele acordasse e me mandasse embora com a sua versão furiosa de italiano. Entretanto, um receio me fez dar meia volta e pressionar seu pulso com os dedos.

Não que eu entendesse muito sobre aquilo, mas nenhum coração aceitavelmente saudável deveria bater tão fraco assim.

Conferi sua respiração enquanto a minha própria começava a se acelerar. Estava fraca também.

Santo Deus, ele não estava dormindo.

— Lorenzo. — Balancei-o sentindo o desespero surgir em mim. — Lorenzo acorda, por favor.

Por mais que eu balançasse ele ou que desse tapinhas em seu rosto ele não abria os olhos. Meu primeiro instinto foi pegar o celular e discar o número da emergência, mas... E se eles demorassem demais? E se estivessem longe? Onde era mesmo o hospital?

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