Capítulo - 36

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Durante três dias andei por toda a Roma com meus pais e às vezes meus amigos. Entretanto, o dia da partida deles havia chegado.

Assim como fizemos um jantar de boas-vindas, fizemos um almoço de despedida. A diferença era que Jean não estava presente naquele dia.

Depois da nossa pequena discussão não havíamos telefonado um para o outro e nem trocado mensagem, ele também não tinha aparecido nos últimos dias. O que era um pouco estranho, mas então eu me lembrava de que ele também tinha agido de modo estranho.

Afastei o pensamento para me concentrar nas pessoas presentes ao meu redor.

O almoço correu bem, a parte difícil veio depois. Martina decidiu me acompanhar até o aeroporto já que Lorenzo não estava se sentindo bem e precisou ficar em casa de repouso.

O local estava um tanto vazio devido à época do ano, mas ainda havia toda aquela emoção que precedia um adeus. Ao contrário do que imaginei, minha mãe não chorou e fez todo aquele drama médico, ela se manteve sorridente e emotiva. Meu pai era o mesmo de sempre, o que mudava era que ele estava louco para sair daquele clima frio e ir para casa.

Martina prometeu zilhões de vezes que cuidaria de mim e que estaria sempre mandando notícias, coisa que não duvidei nem por um segundo. Ela abraçava minha mãe fervorosamente, que por sua vez agradecia pela hospitalidade e carinho.

— Prometam que vão ficar bem — pedi aos meus pais enquanto os abraçava.

— É você quem precisa ficar bem, macaquinha — meu pai respondeu passando a mão no meu cabelo. — Sentiremos saudades, todos os dias.

Senti as lágrimas que eu tanto segurava despencarem descontroladas pelo meu rosto.

Uma parte de mim se sentia culpada por termos que nos despedir. Sentia que, se as coisas não tivessem ficado tão sérias, tudo poderia ser diferente de como era agora. Mas o que eu poderia fazer se meu coração não me deixava ficar longe daquele lugar? Como impediria meus sentimentos por pessoas que eu sequer cogitei gostar um dia?

Eu não tinha respostas para isso. Como sempre, a vida tomava seu curso sem avisar para onde nos levaria.

— Eu amo vocês, sempre e para sempre.

— Nós também amamos você. — Minha mãe beijou minha testa, em seguida passou o braço pelo do meu pai e juntos seguiram seu caminho.

Vê-los assim, indo embora, fez-me sentir como uma criancinha que via os pais irem embora no primeiro dia de aula na escola.

Martina foi minha força naquele momento, segurando meus ombros e dizendo que estava tudo bem. E que tudo ficaria bem.

O caminho até a pensão foi um pouco triste, bem como entrar no casarão novamente. Tentei me conformar que as coisas eram assim mesmo.

Peguei um pacote de batatinhas chips no armário da cozinha e me esparramei no sofá, pronta para maratonar algo e torcendo para aquele dia acabar logo.

Não me preocupei com o passar das horas, e nem teria notado o anoitecer se não fosse pela entrada de Martina na sala. Ela estava usando um vestido cor de rosa e rodado de tecido brilhoso, os saltinhos brancos combinando com a flor em sua orelha. O colar de pérolas realçava seus olhos e deixava ela ainda mais elegante.

Martina estava de tirar o fôlego.

— Algum senhor italiano do clube de dança vai ficar muito feliz hoje — brinquei, erguendo as sobrancelhas.

Ela gargalhou.

— Não seja boba, quero dançar com cada um deles e não apenas um! — respondeu, fazendo um floreio de dança.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora