Capítulo - 11

95 27 186
                                        


Era véspera de feriado, e eu havia acordado com uma ideia brilhante para ajudar Martina com a pensão. Afinal, já faziam três meses que eu era a única hóspede ali.

— Pense bem, o feriado vai durar tempo suficiente para as pessoas procurarem na cidade um lugar para se hospedarem. E duvido que encontrem um lugar melhor que a pensão Bellini! — Eu apresentava o "plano" para a senhora enquanto ela dobrava uma pilha de panos de prato na mesa da sala de jantar.

Me empoleirei em uma das cadeiras esperando por sua resposta.

— E como você faria isso, querida?

Tamborilei com os dedos na mesa de madeira.

— Eu já me adiantei nessa parte. — Tirei do bolso do macacão que eu vestia um panfleto do qual trabalhei dias antes e imprimi. — Se permitir posso fazer várias cópias.

Martina analisou o panfleto com informações e fotos da pensão. Vi um sorriso brotar no canto de seus lábios.

— Muito bem, eu permito — respondeu ela se levantando. — Vamos ver se assim esse lugar enche mais. — Ela passou por mim e tocou meu cabelo antes de sair do cômodo.

Após fazer as cópias do panfleto, peguei uma lancheira térmica e passei a preparar lanches para levar comigo.

— Soube da sua ideia — disse Lorenzo entrando na cozinha. Ele abriu a geladeira ao meu lado e pegou suco.

Embalei mais um sanduíche.

— É uma ótima ideia — respondi de bom humor.

— Eu não disse que não era. — Suas sobrancelhas se arquearam.

— E eu não pediria o que estou prestes a pedir, mas como você resolveu aparecer para me importunar... — Me virei para ele. — Quero sua ajuda para entregar os panfletos.

Lorenzo, que agora estava recostado na bancada da pia bem ao meu lado, estreitou os olhos.

— E o que eu ganho com isso?

— Ah, fala sério. — Suspirei já pensando em mil argumentos.

— Certo, eu vou — cedeu, rápido demais para ser normal. — Antes que você comece a gritar comigo segurando uma faca de novo — lembrou ele da última discussão na cozinha.

Bati o cotovelo em seu braço para afastá-lo dos meus sanduíches.

— Então se apresse, Cinderela, precisamos ir antes da meia-noite — provoquei ganhando uma careta dele como resposta.

Lorenzo nos levou de carro até um local movimentado da cidade, que, aprendi, se chamava Piazza Navona*. Antes de entrar fiquei na dúvida se eu deveria me sentar no banco de trás ou no da frente. Acabei me sentando na frente, caso contrário ele ficaria o caminho todo reclamando que não era taxista nem meu motorista particular.

Como o previsto, o centro estava cheio. Turistas para lá e para cá a cada passo que dávamos. Eu estava tão empolgada com a nossa divulgação que entreguei panfletos até mesmo para os próprios moradores dali.

O sol começou a incomodar meus olhos depois de um tempo. Será que não teria sido melhor esperar o entardecer? Ou ter trazido algo como um...

Eu olhava para o outro lado quando senti algo na minha cabeça.

Lorenzo, que agora disfarçava, havia tirado o boné que usava e colocado na minha cabeça. Seus cabelos brilharam com a luz natural batendo neles.

Senti meu rosto se avermelhar, e não era por conta do sol forte.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora