Capítulo - 42

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Era de manhã cedo quando vi Martina ir de um lado para o outro na pensão, ela carregava objetos e caixas pelo caminho. Descobri que ela estava aproveitando o dia de sol para limpar o sótão, então ofereci ajuda.

O local estava abarrotado de itens antigos e poeira. Bastante poeira.

A arrumação seria mais rápida se eu não ficasse parando de minuto em minuto para admirar uma foto esquecida, ou um vaso de cerâmica antigo, ou até mesmo uma máquina de costura do tempo da minha avó. Era incrível como um lugar podia conter tantas histórias.

— Quantos segredos esse sótão abriga? — disse para ninguém em especial.

Arrastei uma caixa pesada para onde estávamos separando os objetos, ao abri-la me deparei com coisas de natal. Arfei de empolgação, afinal era a melhor época do ano e já estava perto.

Os enfeites natalinos eram dos mais variados tipos, cada um mais lindo que o outro, isso sem contar na árvore desmontada que implorava para sair dali.

— Martina, o que essas coisas ainda estão fazendo aqui? — perguntei. A esta altura eu já estava sentada no chão com bolinhas coloridas e pisca-piscas ao meu redor.

Ela parou e se alongou.

— Pensei em não as usar este ano, não estou muito animada — ela respondeu com um sorriso amarelo.

— Ah não. Isso é um crime! — Levantei-me num pulo. — O natal precisa ser comemorado, é uma das ocasiões que mais geram memórias em nossas vidas.

A senhora sorriu e balançou a cabeça.

— Muitas dessas coisas me fazem lembrar do meu falecido marido e dos pais de Lorenzo. — Seus olhos divagaram pelas caixas.

— Então permita que elas sejam vistas, permitam que a lembrança deles faça parte de um dia tão lindo — respondi segurando sua mão.

Ela embalou minha mão com as suas e me deu o mais doce dos sorrisos, depois assentiu em concordância.

— Vamos levar lá para baixo — instruiu. — Pode decorar como desejar, mia cara*.

Dei pulinhos de alegria.

Confesso que deu trabalho descer todas as caixas que continham enfeites de natal, estávamos na metade quando decidimos fazer uma pausa.

Eu estava descendo as escadas quando Lorenzo entrou na pensão. Não sei o que me levou a fazer o que fiz, mas fiquei contente por fazer. Pulei os últimos degraus e corri ao seu encontro, jogando os braços ao redor dele em um abraço efusivo. Lorenzo não pensou duas vezes em devolver o abraço, me embalando com seus braços.

— Adivinhe só o que estamos fazendo? — falei me afastando.

Ele sorriu ao ver minha alegria.

— Eu não...

— Vamos enfeitar a casa para o natal! — disparei. — Ainda faltam uns dias, eu sei, mas é tão empolgante preparar tudo antes.

Os olhos dele miraram Martina atrás de mim e depois focaram meu rosto.

— Eu acho maravilhoso — respondeu suavemente. — Posso ajudar, se quiser.

Assenti, com o coração disparado.

Tommaso chegou uma hora depois de começarmos a arrumação. E é claro que também o coloquei para trabalhar conosco.

Enfeitamos a lareira da sala de visitas, as janelas da sala principal, o corrimão da escada, a sala de jantar e qualquer canto que merecesse um enfeite.

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