Capítulo - 38

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Ouvi a campainha tocar, o que significava... hóspede novo!

Dei um salto da cama e corri para as escadas, empolgada para receber quem quer que estivesse chegando. Martina ficaria super animada em ter mais alguém na casa para ela cuidar e eu faria questão de ajudar como eu pudesse, afinal ela esperava por hóspedes há tempos e...

Grunhi ao ver que Lorenzo tinha sido mais rápido e já havia aberto a porta.

Um rapaz moreno abriu um grande sorriso e soltou as malas perto da porta aberta. Cheguei no hall de entrada também com um sorriso e a mão estendida.

— Seja bem vindo a pensão Belini! Estamos prontos para acomodá-lo da melhor forma — o cumprimentei.

Dio mio*, não sabia que a recepção por aqui estava assim — ele assentiu maravilhado.

— Tratamos os hóspedes muito bem aqui — respondi.

Lorenzo deixou escapar uma risada, olhei com cara feia para ele. Até aquele momento tudo o que ele havia feito para recepcionar o rapaz tinha sido abrir a porta.

Il mio nome è, Tommaso*. — O rapaz, que notei ser um pouco mais velho que Lorenzo e eu, pegou uma de minhas mãos e beijou o dorso da mesma. Seu italiano era tão forte quanto o de Giordana e carregava certo charme ao falar. — Mas pode me chamar de todo seu.

Fiquei surpresa e ao mesmo tempo com vontade de gargalhar na cara dele, porque aquela tinha sido a pior cantada de todos os tempos.

Foi a vez de Lorenzo fazer cara feia e bater com força no braço do rapaz.

Sei pazzo*?! — exclamou. — Esta é a garota.

Como assim "esta é a garota"? Mas antes que eu pudesse perguntar, o rapaz pareceu se dar conta de algo e sorriu para Lorenzo.

— A garota brasileira, hein?

Lorenzo balançou a cabeça.

Não gostei do modo como ambos pareceram cúmplices de algo que me incluía, mas que eu não sabia do que se tratava. Cruzei os braços para demonstrar minha indignação.

— Este é o meu primo, Tommaso — Lorenzo me explicou, apontando o moreno sorridente que pensei ser um novo hóspede.

Tommaso estendeu-me a mão para um cumprimento e disse:

E tu sei*...

— A garota brasileira — respondi com ironia para os dois e apertei sua mão com força.

Virei-me para ir para a cozinha antes que eu expressasse ainda mais meu humor ácido daquele dia.

— Ela é a Mila. — Pude ouvir Lorenzo dizer ao primo.

Fratello*, ela é um lindo furacão — respondeu Tommaso em tom de consolo ao outro rapaz.

Não fiz questão de entender a conversa de ambos, tampouco queria. Fiz um lanche rápido e logo saí para andar de bicicleta pela praça mais próxima.

Visitei algumas barraquinhas e comi um pouco em uma delas. Ultimamente eu sentia mais fraquezas e enjoos, então tinha sempre que maneirar no que comia ou no que eu fazia.

Minha mãe estava sempre me mandando algumas dietas ricas em nutrientes que fariam meu corpo mais forte e que poderiam reduzir os sintomas de estar morrendo. Eu achava fofo e seguia algumas delas às vezes, fazendo questão de mostrar para ela. Meu pai também me ligava para perguntar como eu estava e para falar sobre suas pescas recentes.

Parte de estar morrendo era conviver com quem ficaria e transmitir consolo por algo que era culpa sua. Era como preparar corações até o momento em que fossem machucados.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora