Capítulo - 60

20 4 19
                                    


Lorenzo

Corri para a cozinha no instante em que ouvi os gritos assustados de Filipo. E o que vi partiu meu coração em mil pedacinhos.

Mila estava mole quando a segurei nos braços, a cabeça pendendo involuntariamente para trás. Seu corpo tremia um pouco e os lábios estavam pálidos e manchados com o sangue que ela pusera para fora.

Senti um calafrio me percorrer, minha mente tentando processar tamanho desespero que tentava me apossar.

Amore*, não feche os olhos — pedi aninhando-a junto a mim. Minhas mãos tremiam. — Mila, por favor, não feche os olhos...

Ela tentou. Camila abriu os olhos, o suficiente para que pudéssemos nos encarar, e então os fechou. Balancei seu rosto na esperança de fazê-la acordar, chamei por seu nome várias vezes, mas não obtive resposta alguma.

Um soluço escapou de mim.

Isso não podia estar acontecendo. Era cedo, era errado. Era injusto. Mas, afinal, quando a minha vida foi justa alguma vez?

Acompanhei Mila na ambulância enquanto Tommaso avisava os pais dela e minha avó. Não saí de seu lado sequer um segundo.

Olhei para a garota imobilizada na maca a minha frente. Pálida como a lua, os olhos fechados como se dormisse um sono tranquilo, as mãos... Ah, as mãos dela estavam tão gélidas quando as segurei.

O peso do desespero caiu sobre meus ombros naquele momento, me fazendo chorar de tanta aflição.

Eu não podia perdê-la, não podia viver sem ela. Não suportava a ideia de simplesmente não ver mais seus olhos, ouvir sua risada, sentir seu abraço.

Dios santo*, não a tire de mim! Eu não estou preparado!

Corri quando sua maca foi carregada pelo hospital, porém me detiveram antes que eu pudesse passar pelas portas duplas. Lutei, juro que lutei para acompanhá-la. Contudo, dali em diante não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser esperar.

Esperar, principalmente, que ela voltasse para mim.

 Alguma coisa espetava meu braço e cheiro de remédio parecia estar ao meu redor

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Alguma coisa espetava meu braço e cheiro de remédio parecia estar ao meu redor. Forcei meus olhos a se abrirem, eles doeram quando a claridade os atingiu, coisa que piorou o latejar constante na minha cabeça.

Eu estava no hospital, ligada a aparelhos barulhentos por meio de fios incômodos.

As lembranças vieram com força na minha mente quando analisei o quarto branco em que eu me encontrava.

— Lorenzo... — minha voz saiu fraca, a garganta seca implorando por um pouco de água.

No mesmo segundo a face dele apareceu diante de mim, os olhos vermelhos e arregalados fecharam-se em alívio.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora