Passamos horas e horas conversando na sala de estar da pensão. Aquilo parecia mágico, a forma como eu me senti bem melhor apenas de estar onde meu coração queria estar.Jean e Martina estavam animados, falavam como se não pudessem conter toda a energia que havia neles. Já Lorenzo estava calado, parecia pensar bastante em algo e estar analisando todo o momento.
Em algum momento nossos olhares se encontraram e eu não pude desviar sem que parecesse vergonhoso, e ele fez o mesmo. Senti um sorriso querendo aparecer em meu rosto, que foi inevitável quando um sorriso também brincou nos lábios dele.
Não sei bem quanto tempo se passou enquanto colocávamos parte do assunto em dia, mas eu já estava me sentindo exausta. Isso vinha acontecendo ultimamente, meu corpo parecia se cansar com mais facilidade e rapidez, como se fosse um aviso para que eu repousasse mais.
Achei gentileza da parte dos três não mencionarem sobre a minha saúde apesar de terem ciência, apenas me acolheram bem como eu precisava.
Lorenzo pareceu perceber o que eu sentia quando me recostei sobre as almofadas do sofá amarelo de Matina, porque disse o mais educado possível:
— Preciso sair daqui a meia hora... — Ele se levantou e pôs as mãos nos bolsos da calça.
— Ah, claro. Mal vimos o tempo passar. — Martina riu. — Vamos deixar que a Mila volte a se acomodar em seu quarto e conversamos mais depois. Aliás, mia cara*, eu estava pensando em preparar um jantar de boas-vindas para você e para seus pais quando eles chegarem amanhã. — Pelo brilho em seus olhos dava para ver que ela estava empolgada com a ideia, então apenas concordei.
— Me parece perfetto*!
Jean e eu também nos levantamos, ele com a mão em meus ombros em um gesto de carinho. Evitei olhar para Lorenzo, justamente por saber da sombra em seu olhar.
— Eu também preciso ir embora, tenho muito trabalho a fazer — anunciou meu amigo. — Não precisa me acompanhar até o carro, Mila. Você precisa descansar um pouco. — Ele piscou para mim e ergueu minha mão para beijá-la rapidamente.
Martina deu o mesmo sorriso que ela dava quando assistia seus personagens favoritos em suas novelas mexicanas. E também porque Jean Claude era mexicano.
— Obrigada por vir — disse Martina.
Jean levou a mão ao peito.
— Não sabe como senti saudades desse lugar.
Dei-lhe uma cotovelada leve em suas costelas.
— Não mais do que eu!
A senhora gargalhou.
— Obrigado pelo lanche, Lorenzo, é bom ver você também — Jean se dirigiu ao loiro, que estava tão calado quanto costumava ser.
A resposta de Lorenzo foi um sutil inclinar de cabeça. Jean despediu-se mais uma vez de Martina e de mim e foi embora.
— Acho que vou me recolher um pouco — falei abraçando meu próprio corpo.
— Você desce para o jantar? — perguntou a senhora, arrumando algumas das louças que estavam sobre a mesinha de centro da sala assim como seu neto já fazia.
— Desço sim.
— Maravilha. Mas antes de você subir, vou preparar um banho com sais relaxantes para você se recuperar da viagem longa. — Sua voz soou animada.
— Ah, não precisa, Martina...
Ela franziu as sobrancelhas.
— Bambina*, deixe-me cuidar um pouco de você, estive longe demais para fazer isso antes!

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Mila
RomantikaCamila é uma garota alegre, esperançosa e aventureira que possui muitos sonhos, ela viaja para a Itália em busca de realizar um deles, abrir um restaurante e fazê-lo famoso. Ela conhece Lorenzo, que ao contrário dela é realista e busca apenas por co...