Capítulo - 51

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Os dias passaram tranquilos. Isso até o papai decidir que deveríamos ir pescar.

Ele entrou em uma conversa um tanto engraçada com Lorenzo sobre locais bons para a atividade, tive que ficar traduzindo o que um ou outro não entendia. Coisa que me cansou um pouco até eles combinarem tudo.

Faríamos um piquenique no lago onde era permitido pescar, era longe o bastante para aproveitarmos a natureza e perto o suficiente de lojas caso faltasse algo.

Coloquei minha jardineira amarela e um chapéu grande para me proteger do sol, Lorenzo gargalhou das manchas de protetor solar no meu rosto. Dedurei-o para Martina e ele logo teve que se submeter ao protetor solar também. Foi a minha vez de rir.

Levamos jogos de tabuleiro e haviam assuntos intermináveis para conversa, de modo que tudo foi bom.

Horas depois, já cansada de ficar sentada na toalha sobre a grama, levantei-me sacudindo minhas roupas.

— Muito bem, hora de alguém pegar um peixe de verdade — falei, caçoando dos dois peixinhos minúsculos que meu pai pegara em toda a manhã.

Papai gargalhou e estendeu-me a vara de pesca, um desafio claro.

— Vejamos o que sai daí — ele brincou de volta.

— Pobres peixes. — Foi a vez de Lorenzo provocar. Ele tinha levantado também e me seguido até a borda do lago.

Observei-o, as mãos nos bolsos da bermuda e um sorriso fácil nos lábios.

Apontei o dedo para ele ao dizer:

— Sou uma exímia pescadora, se quer saber!

Alonguei-me como se fosse apostar uma corrida, o que provocou gargalhadas nos dois. Preparei a vara de pesca e com um movimento que julguei fluido, joguei o anzol para a água. Estranhei a falta das costumeiras ondinhas causadas por este movimento nos milésimos de segundos posteriores. Ao mover a vara ouço um grito.

Peixes não gritam. Não é?

Mas ao me virar para ver o que era deparei-me com o anzol preso em Lorenzo. O artefato atravessando sua sobrancelha loira como um piercing radical. Gritei e soltei a vara de pesca ao ver o sangue escorrer rapidamente por sua pele.

— Santo Deus, que é que eu fiz?!

Meu pai correu para ajudá-lo, o que foi um pouco difícil comigo tentando fazer o mesmo mas nervosamente atrapalhada.

Nosso passeio acabou ali, levamos Lorenzo para o hospital e os outros voltaram para a pensão.

O ferimento não foi tão sério afinal. Pegou apenas um pouco de pele que foi fechada com alguns pontos.

Fomos para casa depois de saber que tudo ficaria bem e que o machucado logo sararia com limpeza adequada e um remédio para aplicar.

Fiquei chateada por acabar com nosso passeio, entretanto, parecia que os outros não ficaram tão abalados assim. Porque, à noite, meus pais e Martina foram para o clube de dança. Eles me chamaram, mas eu já estava cansada e brava comigo mesma.

Tommaso apareceu minutos depois, vestindo uma roupa chique e com o cabelo arrumado. Ele deu uma voltinha com os braços abertos na minha frente, em busca de aprovação.

— Essa deve ser especial, hein? — brinquei.

Tommaso retirou uma rosa presa ao bolso da calça.

— Pensei em cada detalhe. — Piscou, jogou-me um beijo no ar e foi para seu encontro. Quem sabe o décimo só naquela semana. Ri e balancei a cabeça.

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