Capítulo - 37

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— Ora, vamos! — insisti mais uma vez. — Deixe-me ajudar em coisas básicas, pelo menos.

Lorenzo balançou a cabeça.

— Sua mãe e minha avó me estrangulariam se eu aceitasse você trabalhando aqui novamente. Você precisa de descanso...

Grunhi revirando os olhos.

— Estou quase me tornando parte da mobília de tanto ficar em casa descansando! — rebati batendo o pé.

Ele abaixou a cabeça para que eu não visse o sorriso que apareceu em seu rosto.

Estávamos na cozinha do Romano's, ele preparava os ingredientes para o início do período de almoço enquanto eu o perturbava para aceitar minha ajuda em algo. Bem como o perturbei para me trazer junto.

Não tínhamos falado sobre o episódio da crise que ele teve, tampouco precisamos. Nos entendíamos e isso bastava. Eu podia sentir seu agradecimento silencioso.

Petisquei um pedaço do queijo que ele cortava em quadradinhos, e depois outro... e outro... Até que ele parou e me olhou.

— Não vou parar até que aceite minha ajuda — avisei, dando de ombros casualmente.

Ele largou a faca e levantou as mãos.

— Certo, certo. Já vi que não terei paz enquanto isso não acontecer — respondeu. Lorenzo apoiou as mãos sobre o balcão e se inclinou para frente. — Mas eu não assumo a culpa caso levemos uma bronca.

— Eu assumo toda a responsabilidade. Palavra de escoteira!

Ele riu.

— Você não é escoteira.

Fiz uma careta para ele.

— Mas poderia ser.

Meus amigos ficaram eufóricos quando me viram na cozinha, até mesmo Valenccio comemorou. Senti-me tão bem estando novamente naquele ambiente, que mal vi as horas passando.

Ajudei em alguns pratos principais, auxiliei Lorenzo em um pedido bem elaborado e fiz algumas pausas merecidas.

Todos ficavam sempre perguntando se eu estava bem e se precisava de algo, o que era um pouco estressante, mas considerando minha situação... era totalmente compreensível que se preocupassem.

Estávamos perto do final do expediente, não havia mais clientes e a cozinha estava parcialmente arrumada. Fiquei até surpresa com o quanto o dia passou rápido. Eu sentia aquela satisfação após um trabalho bem feito.

— Vou guardar essas coisas no armário enquanto você termina isso — falei para Lorenzo, que assentiu.

Como era meu primeiro dia de volta no trabalho, permiti-me pegar o celular e os fones de ouvido. Coloquei "Love Grows", de Edison Lighthouse, para tocar e logo me rendi a energia que a música transmitia.

Entrei em um ritmo de trabalho, e não notei quando a cozinha ficou totalmente vazia. Faltava apenas arrumar algumas latas de molho nas prateleiras e...

Um barulho alto, seguido de vozes, veio do salão me assustando e fazendo-me derrubar uma das latas na minha bochecha. Levei a mão ao rosto murmurando por conta da dor.

Ainda com a mão na bochecha, fui para o salão ver o que havia acontecido. No caminho, acabei derrubando um dos potes que continha as colheres.

Ah, legal. Eu não podia ser mais atrapalhada?!

Lorenzo apareceu alarmado na porta da cozinha, mas duvido que ficou tão surpreso quanto eu fiquei ao ver a loira do parque atrás dele.

Fiquei alguns segundos estática, sem saber o que falar e fazer, apenas encarando ambos.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora