Mila

Capítulo - 46

Dei graças por ser o dia da minha folga. Eu finalmente teria um descanso merecido.
Bem, teria sido ótimo se não fosse pelas cólicas menstruais que eu sentia.

Não me preocupei em trocar meu pijama, ou dar um jeito no meu cabelo, ou sequer calçar as pantufas, estava irritada com as dores e desesperada por chocolate.

Lorenzo e Tommaso estavam na mesa da sala de jantar tomando café da manhã, um deles engasgou quando entrei. Sem dúvidas por eu estar horrível.

— Mila, você está tão... — Lorenzo procurou pelas palavras certas, encarando o primo em busca de ajuda.

— Espirituosa! — Tommaso disse, as sobrancelhas levantadas. — O que passou no rosto?

De onde eu estava, encarei ambos com o meu mal humor. E além disso, eu ainda não havia esquecido o que eles tinham feito com Jean.

— Raiva — rebati. — Eu passei raiva. — Dei uma mordida grande e barulhenta em uma torrada.

Lorenzo não sabia se sorria ou se continuava a fazer perguntas, a dúvida do que fazer estampada em seu rosto. Por fim, eles decidiram não cutucar a onça com vara curta e me deixaram em paz.

Depois do café da manhã voltei para o meu quarto, me embrulhei nos cobertores e procurei me concentrar em não sentir dor. Mas meus pensamentos se voltaram para Jean.

Eu tinha mandado flores para ele no dia posterior à declaração dele, não como um pedido de desculpas, mas para mostrar que estava tudo bem entre nós. Ele me ligou gargalhando e dizendo que aquele havia sido o melhor presente que ele poderia ganhar. Isso me deixou parcialmente aliviada, pelo menos uma parte da confusão estava resolvida.

Agora, eu precisava saber o que fazer com Lorenzo e suas demonstrações afetivas que demonstravam claramente seus sentimentos. Talvez, quem sabe, eu não precisasse fazer nada, afinal ele não deixou isso tão claro assim. Tinha dito apenas que gostava de mim, e isso podia ser interpretado de diversas maneiras.

De todo modo, uma hora eu teria que decifrar meus próprios sentimentos.

— Toc, toc — Lorenzo disse do corredor.

— Entre.

Descobri minha cabeça para ver o que ele queria. Seus olhos percorreram meu rosto, buscando saber como eu reagiria a qualquer palavra sua.

— Eu vim saber como você está — começou. — Parece que não se sente bem.

— Só por que não estou toda arrumada? Ou por que não estou com o melhor dos humores? Ou por que deveria acordar como uma princesa e dar bom dia até para as formigas lá no jardim? — disparei, me arrependendo logo em seguida, ele não tinha culpa pela minha TPM. Lorenzo pareceu mais perdido do que antes.

Quando ele engoliu em seco resolvi falar:

— Desculpe, estou com cólicas e nada disposta.

Vi seu rosto mudar de pálido para vermelho vivo. Lorenzo estava envergonhado, e isso foi engraçado de ver. Não consegui segurar uma risada.

— Hãn... E-eu posso fazer alguma coisa? Sei lá, você precisa de algo? — ele disse, enfim encontrando sua voz.

Balancei a cabeça, um pouco mais calma.