Capítulo - 57

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Lorenzo

Eu sabia. Sabia que o nosso tempo era pouco e que não havia nada que pudéssemos fazer para mudar essa parte da vida.

Sabia que o que Camila e eu tínhamos era como uma daquelas infinitas estrelas das quais admirávamos agora, um pontinho no imenso e vasto universo, mas ainda assim brilhante.

Observei-a murmurar baixinho com os olhos fechados, fazendo um pedido antes de lançar sua lanterna de papel ao céu. A luz amarelada delineando sua bela face, tão preciosa que fazia meu pobre coração doer. As chamas que eram as mechas de seus cabelos competindo com a pequena chama dentro da lanterna.

Ah, Dios Santo*, como eu a amava!

Olhei para a minha própria lanterna. O que poderia desejar quando eu já tinha tudo o que mais queria bem ali ao meu lado? Sequer ousaria desejar mais pelo receio de ter algo tomado de mim. Era grato por tudo o que me foi dado, até pelo tempo, porque pelo menos nós ainda o tínhamos. Mas, se fosse desejar algo...

Então eu pedi vida. Não por mim, mas por ela, pela garota ao meu lado. Pedi que ela vivesse por mais tempo, para que, por alguma misericórdia ou acaso, ela ficasse aqui comigo por mais anos.

Antes que começasse a chorar, lancei minha lanterna no ar, vendo-a partir e levar consigo o desejo mais profundo do meu coração.

Abracei Mila, envolvendo-a com meus braços na vã esperança de protege-la de tudo. Entretanto, nós sabíamos que o perigo estava dentro dela, ameaçando-nos dia após dia.

Estávamos voltando para casa. Não era tão tarde, mas acho que Mila estava bastante cansada porque dormiu o caminho inteiro.

Estacionei o veículo e soltei meu cinto de segurança, depois virei-me de lado no banco e apoiei a cabeça no encosto do mesmo. Fiquei alguns minutos olhando para Mila, guardando seu sono tranquilo.

Toquei um cacho cobre de seu cabelo, enrolando-o no dedo enquanto admirava seu rosto sereno.

Como que automático, cantei baixinho uma canção de ninar que minha mãe cantou para mim uma vez. Era uma música antiga, mas que ficou gravada na minha memória cantada pela voz dela.

Senti minhas pálpebras pesarem também, e antes que dormisse no carro e acordasse com o pai de Mila batendo furiosamente no vidro da janela, pus-me a sair do carro. Optei por pegar as coisas do bagageiro amanhã. Tirei Mila, que ainda dormia, do carro com toda cautela.

Todos estavam na sala de jantar, de modo que não me viram levá-la para seu quarto. Desci após acomodar Mila em sua cama e dar-lhe um beijo de boa noite.

Não pude evitar o sorriso que insistia em ficar no meu rosto, ou o modo como meu peito se aqueceu por dentro.

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Nos dias seguintes Lorenzo e eu quase não nos separávamos. Passeamos por vários lugares e jogávamos quando não saíamos de casa, isso quando eu não pedia para que ele fizesse skincare comigo.

Mila Onde histórias criam vida. Descubra agora